Thread by @apyus

Nós somos uma geração doutrinada a endeusar a inovação, que é uma forma de mudança. Há algumas campanha eleitorais, por exemplo, todos os principais candidatos, mesmo o de governo, conjugavam o verbo "mudar" em seus slogans.

Mas esse norte moral ignora o risco de o novo e o diferente resultarem numa experiência pior que a anterior.

Eu era entusiasta da criatividade ao ponto de tomar nota de algumas ideias que julgava originais. Até me alertarem, há alguns anos, que essa leitura vinha sendo superada. E logo no centro de inovação do mundo, o Vale do Silício.

Para o Mercado, ali por 2015 já valia mais a pena uma boa execução de uma ideia velha do que o risco de uma ideia inovadora fracassar.

Mas essa lógica já funcionava há mais tempo do que desconfia nossa vã filosofia.

O Google não foi o primeiro sistema de busca. O Facebook não foi a primeira rede social. O Whatsapp não foi o primeiro chat. O Instagram não foi o primeiro "flog". O iTunes não foi o primeiro player de música. O YouTube não foi o primeiro "vlog".

Mas todos eles foram os que melhor executaram as tarefas que se dispuseram a executar.

Em conversa com amigos que lidam com recrutamento, todos parecem concordar: hoje interessa mais o que a pessoa já fez (um um portfólio) do que a formação da pessoa (um bom currículo).

E de alguma forma esse papo todo parece ter no atual governo uma espécie de "prova dos nove". Mudou-se por mudar. Inovou-se por inovar. E a coisa está parada, completamente travada, com risco alto de retrocesso, e já com algum retrocesso a depender do setor.

Se a tal "nova era" de fato quisesse revolucionar, ela não precisaria fazer nada diferente, mas fazer melhor aquilo que não faziam bem – o que não era exatamente um grande desafio, mas preferiram recriar a roda.