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Uma dinâmica que percebi a evolução aqui nas redes, e creio que vocês também viram, talvez explique bem a mecânica destes linchamentos virtuais.

Mas vamos por partes.
Há uns dez anos, alguns influenciadores brincavam que usar a multidão de seguidores para deturpar enquetes publicadas na grande imprensa. A coisa era feita por diversão ou, por vezes, uma boa causa, como na eleição do gol mais bonito do ano da FIFA.
Com o tempo, os militantes passaram a explorar isso com fins políticos. E, de repente, por mais que Jair Bolsonaro ainda engatinhasse nas pesquisas eleitorais, ganhava qualquer enquete nas redes sociais.
Não tinha segredo. Eu testemunhei e tenho certeza que vocês também viram vários casos em que bolsonaristas convocavam os seguidores a votar em Jair Bolsonaro numa enquete qualquer. Que findava vencida por ele com ares de unanimidade.

Pois bem...
Com o tempo, não era mais preciso dar direcionamentos. Bastava um influenciador desses compartilhar a enquete que os seguidores já entendiam o recado. Mas essa cumplicidade entre influenciador e seguidores se estendeu a campos mais obscuros.
Tornou-se comum que o passado dos usuários fosse revirado. No que um influenciador descobria uma mensagem antiga e comprometedora, compartilhava sem qualquer contexto ou comentário, os seguidores já entravam "chutando" o autor daquelas palavras.
Na campanha, notei uma dinâmica em três etapas:

1. Um perfil qualquer fazia uma agressão qualquer a um usuário que vinha fazendo críticas a Bolsonaro.

2. Um ou mais influenciadores compartilhavam a agressão aos seguidores.

3. Os seguidores encampavam o linchamento virtual.
Vi MUITA gente viver este inferno. E eu mesmo experimentei este inferno em VÁRIAS oportunidades.

Numa variação dessa dinâmica, espalharam um boato sem citar nomes, os influenciadores compartilharam quase que imediatamente, os seguidores entraram incluindo o meu nome no boato.
Essa dinâmica de vôlei (manchete, levanta, corta) se encaixa também neste levantamento da Pública sobre um boato espalhado contra Jean Wyllys.

1. Desconhecido publica
2. Influenciador compartilha
3. Seguidores fazem o serviço sujo
apublica.org/2019/02/rastre…
É possível debater se lidamos com um fenômeno espontâneo ou uma prática deliberada.

Como este fenômeno quase sempre beneficia o mesmo grupo, prejudicando todo o resto, eu não acredito na espontaneidade dele.
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