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Nos últimos dias, não foram poucos os que condenaram as doações de bilionários para Notre Dame, sugerindo que os ricos não se importam com os problemas humanitários - especialmente do continente africano. Mas será verdade?
Apenas os dez bilionários que mais realizam ações humanitárias no mundo já concederam em vida 109.7 bilhões de dólares em doações - dinheiro suficiente para pagar 15 anos de Bolsa Família (mais de cem vezes o total gasto com Notre Dame).
Nenhum país doa mais dinheiro para as questões humanitárias na África do que os Estados Unidos. Os americanos gastam mais com ajuda humanitária para o continente do que a soma do 2º e 3º colocados da lista.
No total, os americanos gastam US$ 410 bilhões por ano com filantropia. Só para ter dimensão, isso é mais do que o dobro do valor de mercado de todas as empresas estatais federais brasileiras somadas. E esse gasto vem aumentando (1,7% do PIB em 1977 para 2,1% em 2017).
O total de dinheiro privado doado pelos americanos para causas ligadas à saúde é maior do que o dinheiro público gasto pelo governo federal brasileiro com o SUS.
O que os americanos gastam com filantropia com educação é maior do que o total gasto pelo governo brasileiro com o MEC.
O que os americanos gastam com filantropia com arte é quatro vezes maior do que o orçamento do governo federal brasileiro com cultura.
O que os americanos gastam com programas sociais privados é maior do a soma de todos os programas sociais do governo brasileiro (na verdade, apenas o gasto com filantropia para a causa ambiental nos Estados Unidos é maior do que o Bolsa Família).
Na prática, há mais dinheiro privado americano com programas de ajuda internacional - como os que ajudam a matar a fome na África - do que dinheiro público brasileiro com programas sociais.
A má notícia é que toda essa ajuda internacional não solucionará a pobreza extrema no mundo. O maior instrumento de combate a esse problema é a abertura dos países pobres ao comércio internacional e ao estado de direito.
A boa notícia é que isso vem se acentuando. A cada segundo, cerca de uma pessoa foge da pobreza extrema e cinco pessoas entram na classe média. O que significa dizer que o mundo é mais rico agora do que quando você começou a ler esses tweets.
Pela 1ª vez em 150 mil anos de espécie, a população pobre ou vulnerável já não é mais a maioria no mundo. Segundo um estudo do World Data Lab, a classe média hoje representa 50% da população mundial.
Há muita gente ainda vivendo na pobreza extrema - mas a perspectiva do Banco Mundial é que ela seja completamente eliminada do mapa até 2030, quando nós teremos 5,3 bilhões de pessoas vivendo na classe média. worldpoverty.io
A humanidade ainda não inventou nenhuma máquina mais produtiva no combate à pobreza do que mercados livres e democracia liberal.
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