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Dia das mães é uma data importantíssima pro comércio, chamam de "natal do primeiro semestre". Só perde em volume de vendas para o natal, é a segunda data mais importante. Se toda mulher é mãe, todo mundo ganha presente né?
Mas aí a escolha pela maternidade não é mais óbvia hoje em dia. E há muitas mulheres que não são mães, como fazer pra manter o volume de vendas? Mãe de pet, mãe de planta. A mãe de planta mesmo apareceu numa propaganda de loja, né? Ora ora.
Aí todo mundo fica feliz: as mães de gente que ganham presente, as mães de pet/planta que ganham presente, o lojista que vende. Só vantagem. "nada de mais eu chamar meu gato e minha suculenta de filhos aqui na minha casa, não ofendo ninguém, credo". Então, não é bem assim não.
Uma das grandes estratégias do capitalismo é a invisibilidade do trabalho materno. A função reprodutiva e de cuidados é fundamental pra manter a mão de obra necessária pro dinheiro circular, né? Fabricar gente. Tem que ter gente - saudável e preparada - pra girar a máquina do $$.
Esse trabalho fica invisível e, principalmente, não remunerado. É um trabalho essencial e fundamental pro sistema seguir funcionando, mas mantém-se não remunerado e não reconhecido.
E aí quando a gente cria as mães de pet e mães de planta, estamos usando o nome "mãe" pra classificar alguns atributos: afeto, dedicação, amor - a qualquer objeto, seja planta, bicho ou gente.
Mas mãe vai além de amor, é trabalho e tem um produto muito importante: gente.
Deixar isso em segundo plano é extremamente prejudicial às mães de gente, porque enquanto isso não for reconhecido como um trabalho - e digo mais, remunerado como um trabalho - nenhuma das nossas e lutas será levada a sério.
"Mas você tá dizendo que tem que receber salário pra ser mãe agora?"

Tô. Não sei se diretamente, mas a função materna tem que ser reconhecida como ela é: fundamental ao sistema econômico. É trabalho.
Se é trabalho, se é algo inerente ao sistema, tem que ser remunerado sim. Com licença maternidade, por exemplo. Com manutenção de bolsa de pesquisa caso a estudante fique grávida. Com pontuação no relatório anual de produtividade, por exemplo.
generonumero.media/sem-considerar…
E se a gente só associa mãe a um poço sem fundo de amor e carinho, a gente invisibiliza ainda mais a função econômica da maternidade. E fode todas as mães de gente.
Então, apesar da galera achar que é uma questão individual, não é. É político-econômico, como tudo nessa vida.
Essa foi minha si gela contribuição no debate mãe de planta/ mãe de pet/ mãe de gente. Furor pedagógico felpudíssimo hoje, dsclp.
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