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Diante das manifestações de ontem alguns "intelectuais conservadores", os mais próximos ao guru, disseram que tudo não passa de uma reação esperada porque as universidades seriam aparelhadas. E dobraram a declaração de que os cortes de Weintraub têm motivação ideológica.
Para eles o fato de que estudantes de todas as áreas foram às ruas seria uma confirmação da suposta doutrinação esquerdista de que tanto falam. A virtude se encontraria na passividade bovina diante do desmonte da educação de pública com base nas teses loucas que eles sustentam.
No bolsolavismo a única possibilidade política é a obediência ao presidente. A única possibilidade intelectual é aceitar passivamente os mantras e bravatas do guru. Ambos podem se comportar como bem querem e não podem ser repreendidos porque seriam "autênticos" ou "sinceros".
Outra coisa muito marcante é a crença de que o guru teria sido o maior responsável pela eleição de Bolsonaro. Não os evangélicos, não os militares, não o lavajatismo, nem os empresários. Também acreditam que o guru foi a única oposição durante os 3½ governos do PT.
Vão cavando também uma dimensão atemporal e ahistórica: nunca teoria existido uma direita no Brasil. A direita que apoiou o Estado Novo e a Ditadura Militar é apagada. A única direita "de verdade" é aquela que existe no bolsolavismo. Os militares são reduzidos a criptocomunistas.
Há uma obsessão com a ideia de cultura, de que o Brasil não produz "alta cultura", e que isso seria consequência de uma hegemonia cultural da esquerda. Ao mesmo tempo há um abraço a uma estética da tosqueira autêntica. Alta cultura como avatar de templário...
Uma das coisas facilmente reconhecíveis no olavismo é a narrativa dos escolhidos ou eleitos: seguidores do guru se sentem parte de uma elite intelectual e moral. Talvez isso explique tantas nomeações amalucadas e sem qualquer critério para altos cargos ministeriais.
Como eles seriam escolhidos e membros de uma elite moral e intelectual não há qualquer valor na expertise. Especialistas (cientistas, artistas, jornalistas) devem ser desprezados pelo que são, não pelo que dizem. Vejam bem, o guru já refutou Newton e Einstein.
Em Dark Money, um excelente livro sobre think tanks de direita radical e seus grandes financiadores, a jornalista Jane Mayer mostra que o objetivo desses é poder definir política social sem a ciência social (pense no IBGE). O desprezo aos especialistas é parte dessa agenda.
Colocar os escolhidos nos cargos é a consequência natural do processo de destruir o ensino e a pesquisa, sufocar a coleta de dados do censo e atacar qualquer ciência que se disponha contra os objetivos do governo.
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