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Sobre o texto do zap texto só digo o seguinte: o problema de Bolsonaro não foi a ausência de negociação com o Congresso mas a ideia de que ele poderia usar suas redes e seus ministros pra pesar a mão ou, no limite, fazer chantagem.
Tem um impasse com o Moro? Chama as redes pra fazê-lo mudar de ideia. Quer demitir o Bebianno? Algum militar no MEC é um problema? Rodrigo Maia não abaixou a cabeça? Quer atacar um jornalista incômodo? STF é um problema? Mobiliza pelas redes.
Políticos têm o costume de plantar notas na imprensa pra mandar recados. Muitos articulistas brasileiros vivem desse leva e traz: suas colunas são publicações de recados com finalidades políticas. Até aí mais do mesmo.
O problema é usar as redes de campanha, que foram parte de uma estratégia de longo prazo e absolutamente vitoriosa, para mandar recados. Fica claro de onde os recados saíram. Vai gerando um aumento da má vontade entre aliados, cria desconfianças de todos os tipos.
Eu achava que o ápice dessa crise se daria com a demissão do Bebianno, que tudo indica ter sido uma peça central na campanha. Além dos ataques aos militares também imagino que ficou um gosto amargo na boca do Sérgio Moro depois das declarações sobre "compromisso" da vaga no STF.
Moro, aliás, deveria ser uma peça chave dentro desse estilo de governo. Um juiz famoso internacionalmente, popular e querido como uma espécie de "czar anticorrupção". Aí talvez o problema venha justamente do seu tamanho e do risco que ele apresenta pra um projeto de sucessão.
Muitas trapalhadas, acusações, e decretos inconstitucionais depois se o governo chegou até um ponto de compartilhar um texto acusando todo mundo de ser culpado, é sinal de que a situação talvez seja mesmo essa aqui: terceirizaram o governo.
O negócio é que se Bolsonaro renunciar, porque acho que ele só sofreria um processo de impeachment se o provocasse de forma bem direta, ele vai ficar para sempre como um Tancredo Neves, um presidente em possibilidade. E, detalhe, com uma base que não deve deixá-lo tão cedo.
Talvez diante de uma situação tão complicada e muitas feridas autoinfligidas essa seja a saída planejada. Retirar taticamente, reagrupar. Imagino que o perigo nesse caso, é que ele não terá sossego de nenhum de seus antigos aliados.
Nesse caso, haja Coaf.
