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A confirmação por um tribunal da absoluta genuinidade de todos os emails do Benfica revelados no Porto Canal tem uma consequência brutal que só pode estar a ser iludida pelo facto de o FC Porto ter sido condenado, mas que nem por isso é menos importante. Essa decisão confirma:
1. Que o Benfica, os dirigentes do Benfica, os avençados do Benfica e os comentadores ligados ao Benfica que diziam que os emails eram falsos estavam a mentir.
2. Que é verdade que um dirigente da arbitragem ligado ao Benfica confirmava que o Benfica controlava o setor através da definição do quadro dos árbitros da primeira categoria e da escolha dos árbitros que apitavam jogos do Benfica.
3. Que é verdade que essa figura dizia preto no branco que o Benfica é que mandava.
4. Que é verdade que quem tinha problemas para resolver com o Conselho de Arbitragem no tempo de Vítor Pereira e Ferreira Nunes recorria ao Benfica e aos seus dirigentes.
5. Que é verdade que o Benfica mandava dar cabo da nota de árbitros e que com isso obtinha efetivamente as maiores descidas de nota da história da arbitragem portuguesa.
6. Que é verdade que o Benfica apoiava ilegalmente claques que não estão registadas.
7. Que é verdade que o presidente da Assembleia-Geral da Liga em exercício à data passou ao Benfica centenas de mensagens sms do presidente da Federação Portuguesa de Futebol.
8. Que é verdade que o presidente da Assembleia-Geral da Liga em exercício à data passava ao Benfica, em primeira mão, decisões que só tornaria públicas nos dias seguintes.
9. Que é verdade que o então presidente da Liga dava ao Benfica a possibilidade de escolher os delegados dos seus jogos.
10. Que é verdade que havia um delegado da Liga que era simultaneamente colaborador do Benfica no domínio da arbitragem.
11. Que é verdade que o Benfica, no momento em que eram nomeados os árbitros para a jornada seguinte, recebia informações detalhadas, incluindo sobre as vidas privada e íntima, dos árbitros que iam apitar os seus jogos.
12. Que é verdade que o Benfica recebia informações sobre as vidas privada e íntima, até de índole sexual, de árbitros e de dirigentes da arbitragem.
13. Que é verdade que havia um delegado da Liga que passava ao Benfica informações confidenciais muito detalhadas sobre o que se passava nas reuniões de delegados.
14. Que é verdade um membro do Conselho Fiscal da Federação Portuguesa de Futebol passava ao Benfica documentos confidenciais.
15. Que é verdade que o Benfica interferia nas eleições para associações distritais financiando candidaturas através do pagamento de pareceres jurídicos elaborados pelo inefável Ricardo Costa.
16. Que é verdade que o Benfica assumia internamente os objetivos de desenvolver uma rede de influências que abrangesse a política, a justiça, as federações, a liga, a disciplina e a arbitragem.
17. Que é verdade que os árbitros Bruno Paixão e João Pinheiro contactavam o Benfica por intermédio da sua rede periférica de colaboradores.
18. Que é verdade que o Benfica espiou o computador de Jorge Jesus.
19. Que é verdade que o Benfica ofereceu dezenas de convites ao presidente da APAF com o objetivo assumido de contar com a sua colaboração.
20. Que é verdade que o Benfica negociou com a Federação Portuguesa de Futebol a realização de jogos da seleção no Estádio da Luz com uma parte dos pagamentos a serem feitos por baixo da mesa.
Não há dúvidas de que estão aqui indiciados potenciais crimes de tráfico de influências, corrupção e fraude fiscal. João Correia, advogado do Benfica, tinha razão quando dizia que os emails indiciam tráfico de influências, uma infração que dá cadeia e descida de divisão.
Falar em descidas de divisão após a decisão de ontem, por isso, faz sentido. A integral genuinidade dos emails lidos no Porto Canal vem confirmar que há motivos de sobra para que o Benfica desça de divisão e para que os títulos do tetracampeonato sejam reconhecidos como fraude.
