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“Globalismo é diferente de globalização”, dizem bolsonaristas após o acordo UE-Mercosul. “Isso não é globalismo!”.

Frases prontas pra defender o governo de quem denuncia suas contradições.

Explico abaixo por que o acordo UE-Mercosul é 100% globalista. Segue o fio:
O argumento “globalização não é globalismo” costuma defender o seguinte: globalização é integração comercial, globalismo perda de soberania do estado-nação em benefício de organismos transnacionais. Vejam, por ex, esse texto publicado no @Mises_Brasil sobre o assunto.
A perda de soberania denunciada pelos antiglobalistas tem seu ápice justamente em acordos como o UE-Mercosul. Políticos eleitos serão limitados por organismos multilaterais. Há diversas regras às quais o Brasil será obrigado cumprir.
Quando um acordo como o UE-Mercosul é assinado, ambos os lados se comprometem a seguir padrões comuns na política pública e regulação de suas economias nacionais.

Isso afeta, por ex, a política ambiental e trabalhista de cada país, dentre outras.
Alguns padrões comuns são banais: há casos de convergências em pesos e medidas, detalhes de fiscalização, etc. Essa uniformização é importante por vários motivos. Facilita o produto brasileiro a passar pela regulação europeia. Diminui custos de transação, etc. Não é anti-mercado.
Mas tem uniformizações que são polêmicas. Uma área que tende a dar treta é a ambiental. Isso entra no acordo pq, sem padrões mínimos nessa área, o agricultor de um país x dirá que o concorrente vence no mercado pq destrói o meio ambiente, amparado pela legislação. Soa familiar?
Ainda não li detalhes do modo como isso ocorre no acordo UE-Mercosul, mas esse é o padrão. Sem esse tipo de globalismo, nenhum acordo do tipo sai. O poder daqueles que elegemos será restrito por um ente externo, no qual nenhum brasileiro votou.
Pessoalmente, gosto do que chamam de globalismo. Ele não é oposto à globalização, mas um instrumento para reduzir seus custos de transação. Os exageros globalistas são pontuais. Maioria das regras é banal. Não vejo problemas na adesão do Brasil a padrões mínimos de civilidade.
Além disso, não vejo o menor sentido em denunciar acordos comerciais como limites à soberania dos políticos eleitos. Quem é que assina o acordo, afinal? Não é um limite arbitrário, mas o cumprimento de acordos assinados por eleitos.
De todo modo, o que rolou hoje foi globalismo puro e simples. Globalismo raiz, globalismo moleque. Vai ter gente negando pq admitir a verdade não interessa ao governo. Mas o Brasil será obrigado a aderir às regras do acordo assinado entre entes transnacional. Ainda bem!
Exemplo: o Brasil deve ser obrigado a seguir no Acordo de Paris e cumprir requisitos mínimos de direitos trabalhistas.

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