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Sobre o acordo Mercosul e UE, a discussão é antiga. O Nemea, grupo de pesquisa do qual faço parte no Cedeplar/UFMG, coordenado pelo @edsonpaulodomin , já tinha feito projeções dos impactos econômicos do acordo para o Brasil há um bom tempo. Abaixo algumas considerações
O comércio entre Brasil e UE continua baseado nas vantagens comparativas de cada país, com o primeiro exportando prioritariamente produtos primários e semi-manufaturados e importando bens da indústria de capital e intermediária.
Onze dos dezoito setores manuf. do BRA, tem saldo deficitário com a UE. Os maiores déficits ficam por conta das ativ. em que BRA possui maior dependência de importações e a produção envolve maior intensidade tecnológica: Máq e equip., químicos, peças e veíc. Auto e equip Eletrôn.
Entre os setores que BRA apresenta superávit com UE, se destacam: alimentos processados, produtos de madeira e Artefatos de couro e calçado. Assim, BRA permanece em desvantagem em relação aos termos de troca no comércio com UE.
A UE subsidia mais sua produção industrial do que o BRA e o restante do Mercosul. Por outro lado, em relação às tarifas de importação dos setores industriais, a UE é mais aberta do que BRA e restante do Mercosul, uma vez que pratica tarifas menores.
A eliminação tarifária no comércio bilateral entre Mercosul e UE causaria pequeno desvio positivo na trajetória de crescimento do PIB brasileiro. Com superávit marginal de LP na balança comercial. Alimentos processados seria a atividade mais estimulada no BRA pelo acordo.
Alimentos processados seria atividade com maior ganho de participação na pauta de exportações do BRA. Por outro lado, haveria ampliação da % da UE na pauta de importações industriais do BRA, principalmente de Maq. E equip. E peças e outros veículos auto.
Em resumo, o acordo incentiva a exportação do BRA de alimentos processados e a importação do BRA de bens com maior intensidade tecnológica, induzindo queda na % de setores-chave na produção de BRA, como peças e veículos auto, maq. e equip, prod. metal, quím., borracha plástico.
Impactos pouco discutidos desse tipo de acordo: efeitos no bem-estar. A maior eficiência alocativa certamente amplia bem-estar. Por outro lado, a piora na relação dos termos de troca reduz. O aumento ou redução do bem-estar vai depender de qual efeito se sobrepõe.
