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Qual é a lógica das notas no processo de ensino-aprendizado? As notas foram colocadas no local correto dentro deste processo? E o mais importante... Como os alunos lidam com estes números?
Segue a Aula-fio...
Segue a Aula-fio...
Até o fim da Idade Média, não existia o uso de números que representariam o nível de conhecimento de um aluno frente aonconteudo que lhe foi passado. Desde Aristóteles havia a preocupação de classificar os alunos de acordo com suas aptidões, mas nunca em um método numérico.
Nas primeiras universidades, a aprovação de um aluno era dada pelo professor, que tinha critérios mais práticos de avaliação, pois interessava mais o processo de aprendizado do que qualquer resultado ao final de um curso.
Mas quando as notas surgiram? Na verdade, elas começaram a ser usadas pelos jesuítas. Como necessitavam de métodos em que ensinavam para vários alunos, começou-se a usar números que tornariam o processo de avaliação mais eficiente.
Existia até um plano de gestão pedagógica que tornaria o método jesuíta homogêneo. O “Ratio Studiorum”, lançado em 1599. Falava de provas, postura do professor em classe e até mesmo conteúdos programáticos divididos por semestres.
No contexto da Revolução Industrial, e do surgimento da necessidade de uma educação instrumental para operários, e mais eficiente para a elite, houve a disseminação do uso das notas. Os resultados do curso passariam a ser mais objetivos e quantificados.
Daí em diante, as notas passaram a ganhar cada vez mais espaço e importância... até invertermos o seu papel. Lembra da primeira imagem da Aula-fio? Vai lá dar uma olhada...
Para quê serve um termômetro? Para medirmos a temperatura do paciente e saber,os se está em condição febril e o quão grave é esta condição... uma nota, seja de prova, trabalho ou lição não é mais do que isto... o número do termômetro didático...
E o que é mais importante em um tratamento de febre? Diminuir a temperatura do paciente ou tratar a doença que causa este sintoma? Esta é a questão... notas baixas não são a “doença”, são o “sintoma”. Tratar a nota baixa como prioridade é colocar o paciente no freezer...
E muitos gestores, pais e administradores da educação pública, veem o problema da Educação pela ótica das notas. A verdade é que a nota deveria ser ferramenta, e acabou tornando-se uma armadilha.
Queria falar que os alunos que colam, deveriam parar com isto, pois seriam como pacientes que esfriam o termômetro para fingir que não têm febre, para manter-me na alegoria da febre. Mas a verdade é outra.
Hoje o sistema em si está equivocado, pois perdemos a objetividade que a nota poderia conferir ao processo. Ela se tornou instrumento de repressão(o ponto negativo)e finalidade tanto do aluno quanto da escola...melhorar resultados para não entrar de castigo ou não perder o bônus.
Quando na verdade o resultado não é uma nota, mas o que se aprende! E o problema agora é resgatar este conceito, a do professor que ensina, a da escola que ensina... e não de delegadores de notas...
Como fazer isto? Com uma cultura menos competitiva e mais colaborativa de aprendizagem e ensino. Com maior preocupação com o processo e não com o resultado, usando-se as notas como o termômetro, e não como uma régua de parâmetros para entrarmos ou não na montanha russa...
Não é fácil, não vai acontecer amanhã, mas precisamos começar esta discussão ontem. E não apenas professores, mas país e alunos também precisam se engajar neste debate, e assim construirmos um modelo de Educação que valorize mais o conhecimento útil do que meros números!
