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Hoje iniciarei uma série de Aulas-fio sobre o movimento monarquista no Brasil. A primeira será uma panorâmica sobre o movimento, indo desde a proclamação da República em 1889 até hoje. A intenção não é esgotar o tema,mas iniciar um debate de forma didática.

Segue a Aula-fio...
Logo após a queda da monarquia em 1889, vários pequenos movimentos monárquicos surgiram pelo Brasil em forma de jornais e mesmo grupos de apoio à família real exilada.
No ano de 1890 foi criado o Diretório Monárquico do Brasil, no Rio de Janeiro, pelo Visconde de Ouro Preto (último presidente do conselho de ministros de D. Pedro II) com o intuito de organizar os monarquistas e se reportar diretamente a família imperial exilada.
Um dos nomes que defendiam a restauração foi o Coronel José Gentil de Castro, que editava dois jornais monarquistas e foi assassinado em 1896. Monarquistas acusavam o governo republicano e o governo não escondia a preocupação com um grupo que questionava a sua legitimidade.
No contexto da Guerra de Canudos, que foi classificado como uma insurreição monarquista, devido ao apego de Antônio Conselheiro à monarquia. Na verdade, a maioria dos revoltosos estava simplesmente descontente com o abandono da região pelo governo e pelos altos impostos.
Ali a monarquia era mais um componente estético do que ideológico, mas com a derrota de Canudos, o governo federal, vinculou a imagem dos revoltosos com os monarquistas da capital, estimulando a destruição dos jornais monarquistas. Era um inimigo fácil de identificar e demonizar.
Em 1902, na cidade de Riberãozinho (atual Taquaritinga/SP), aconteceu a Revolta de Riberãozinho, um movimento de monarquistas paulistas que tinha o objetivo de derrubar a República e coroar Dom Luís de Orleans e Bragança.
Chegaram a tomar a delegacia e a estação ferroviária, enviaram telegramas declarando-se vitoriosos, mas com pouco apoio das cidades vizinhas, o levante fracassou e o império de Ribeirãozinho durou apenas um dia.
O presidente Epitácio Pessoa, por decreto presidencial de 3 de setembro de 1920, revogou a Lei do Banimento, que proibia o retorno de qualquer membro da família real ao Brasil, assim se estabelece a ideia que a República está solidificada.
A ocasião foi aproveitada para repatriar os restos mortais do último imperador e de sua esposa, transladados em 1921, em meio às comemorações do centenário da Independência, verdadeira razão da anistia aos Orleans e Bragança. Este acontecimento dará novo fôlego aos monarquistas.
Fundada em 1928, a “Acção Imperial Patrianovista Brasileira”, ou simplesmente patrianovismo, era uma organização monarquista que estava presente em vários estados brasileiros e que expressava as ideias nacionalistas e autoritárias do início do século XX.
Concebido por Arlindo Veiga dos Santos, o patrianovismo tinha a intenção de estabelecer uma nova monarquia no Brasil, baseada em uma filosofia política conservadora.
O movimento estava ligado a Pedro Henrique de Orléans e Bragança, então chefe da Casa Imperial do Brasil e pretenso herdeiro do trono, além de Plínio Salgado, líder e fundador da Ação Integralista Brasileira.
A partir de então, o movimento monárquico sempre estará ligado ao campo reacionário. Porém os patrianovistas se afastaram dos integralistas por estes se declararem republicanos (o resto não parecia ser problema). Este movimento, com poucos , mas fiéis, membros, durou até 1964.
Durante a Ditadura militar, a Casa Imperial Brasileira, foi um dos grupos de apoio aos governos militares. Antes do golpe de 1964, aliou-se ao grupo conservador Tradição, Família e Propriedade, com quem são ligados até o momento.
Em 1993, quando houve o plebiscito que decidiu que sistema político o Brasil deveria seguir, entre presidencialismo, parlamentarismo ou monarquia, 13,4% do eleitorado brasileiro optou pela monarquia.
Existem no Brasil quatro partidos políticos monarquistas em busca de registro no TSE: Partido da Real Democracia Parlamentar (RDP), Partido Monárquico Parlamentarista Brasileiro (PMPB), Partido do Movimento Monarquista do Brasil (PMMB) e o Partido da Construção Imperial (PCI).
Todos se alinham com a Casa Imperial do Brasil, entidade dirigida por Luís Gastão de Orleans e Bragança, com o objetivo de "coordenar as atividades relacionadas à causa da restauração do regime imperial do Brasil, a preservação de nossa história, valores e tradições".
Hoje, o PSL é o único partido político do Brasil que possuí uma ala monarquista expressiva, liderada pelo deputado Luiz Philippe de Orléans e Bragança e pela deputada Carla Zambelli, ambos representando São Paulo, que defendem a restauração da monarquia por meio de um plebiscito.
Na próxima Aula-fio, vamos ver como funcionava a monarquia no Brasil entre 1808 e 1889... usarei a hashtag #AulaFioMonarquiaBr para marcar esta sequência de Aulas-fio...
At dendi um conselho do professor @ThiagoKrause2 , segue uma pequena bibliografia do fio...
CULVER, John W.; de Oliveira Torres, Joao Camillo (1964). A democracia coroada. Teoria politica de Imperio do Brasil. The Hispanic American Historical Review.
GONÇALVES, Leandro Pereira. Plínio Salgado. Um católico integralista entre Portugal e o Brasil (1895-1975). Lisboa: Imprensa de Ciências Sociais, 2017
JANOTTI, Aldo. Monarquia, restauração monárquica e o problema da unidade nacional na época da regência. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros.
LESSA, Clado Ribeiro de (1951). O Segundo Ramo da Casa Imperial e a nossa Marinha de Guerra. Revista do Instituto Historico e Geografico Brasileiro.
MALATIAN, Teresa. O Cavaleiro Negro: Arlindo Veiga dos Santos e a Frente Negra Brasileira. São Paulo: Alameda, 2015
SANTOS, Armando Alexandre dos (1988). A legitimidade monárquica no Brasil. Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.
VIANNA, Helio (1994). História do Brasil 15 ed. São Paulo, SP: Melhoramentos.
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