Esse foi o dilema de Raí aos 47 do segundo tempo naquela semi-final do Brasileiro de 99. Corinthians 3x2 São Paulo.
Diego disse depois do jogo que bateu com segurança, se defendeu afirmando que não fez uma cavadinha e lembrou de outros pênaltis que converteu. Tudo verdade, mas muitos rubro-negros acharam que faltou humildade.
No segundo, Raí decidiu mudar o canto, deu uma porrada, mas Dida voou de novo para segurar em dois tempos.
O juiz mandou voltar.
Ele fez o segundo com uma linda cavadinha.
O jogo foi 5x4, teve gol-Puskas do Neymar, falta por baixo da barreira do Ronaldinho, gol perdido do Deivid, mas esse lance é demais!
Elano então virou o cobrador oficial.
Dez dias depois, o Santos enfrentava o Flamengo na Vila. Abriu 3x0, deixou o Fla encostar num 3x2 e... pênalti.
Esse lance mudou o ritmo do segundo tempo e deu o gás que o Flamengo precisava para a virada.
Perder daquele jeito foi mil vezes mais ridículo do que se fosse uma cobrança "normal" no canto e defesa do goleiro. Por outro lado, ele calculou que aquela era a cobrança com a maior chance de acerto.
Você sabe quem foi Rick Barry?
Um jogador de basquete americano, foi um dos maiores arremessadores de lances livres do seu tempo. Até hoje, tem a sétima melhor marca da NBA, com 89,3% de acerto na carreira.
Seu aproveitamento na carreira foi de 51.1%, abaixo de Shaquille O'Neal!!!
Arremessando assim, ele fez 100 PONTOS EM UM JOGO, que até hoje é o recorde, acertando 28 de 32 lances livres nesse jogo.
Rick Barry passou o resto da vida tentando convencer outros a usarem a técnica. Ninguém foi. O próprio Shaq disse que prefere errar do que parecer uma vovó.
O primeiro jogo oficial do catalão pelo Bayern foi a Supercopa da Alemanha, que foi para os pênaltis. Ele reúne os jogadores e diz "eu não sei bater pênaltis, mas aqui está o melhor batedor do mundo" e aponta para seu auxiliar.
Agora, finalmente, voltamos a Diego.
Acho que deveria ter cobrado, mas não o primeiro e não daquele jeito.
Como já disse um grande filósofo rubro-negro: foda-se o pênalti.