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Na economia, na política politiqueira, na política policial, há acordos tácitos e arranjos que colocam alguma ordem no país sob o tumulto bolsonarista. Vai uma tentativa de resumo na coluna da Folha e na sequência abaixo. www1.folha.uol.com.br/colunas/vinici…
1/Na semana passada, o Congresso aprovou uma imensa mudança na Lei Geral de Telecomunicações, velha de 1997, anacrônica. E daí? Foi uma grande desregulamentação, em parte muito necessária, de um setor crucial da economia, se não um dos mais. Pouca gente notou.
2/O Congresso continua a tocar o “Ponte para o Futuro”, que assumiu o poder em 2016. Não é bem o programa econômico Guedes-Bolsonaro, que cai pelas tabelas (vide capitalização, CPMF, desoneração de empresas etc). Mesmo o desmonte final da lei trabalhista via Guedes não anda.
3/Maia, toca o parlamentarismo branco acertado em março, interesse de parte do governo Bolsonaro, que ele mesmo se desinteressa pelo governo econômico e social do país. O “parlamentarismo branco” é o centro de alguma ordem no país, acerto de elite econômica, política, dos Poderes
4/A maior parte da elite, acomodatícia ou colaboracionista, paga o preço Bolsonaro pelo programa reformista, com aval de Maia e assim vai continuar, embora parte mais civilizada dos ricos tenham percebido que Bolsonaro é uma ameaça também para a economia.
5/Assim, a direita/centro-direita Huck reaparece, coloca de novo o bico pra fora. É uma tentativa de reorganizar/reeditar o espírito e as forças políticas e socioeconômicas do tucanismo dos anos 1990.
6/O neotucanato tentativo colocou o bico de fora de novo depois da nova radicalização ultrajante de Bolsonaro (que começou com a vitória na Previdência, faz dois meses), de seus avanços contra instituições de controle e a explicitação de que está em campanha para 2022.
7/Parlamento e governo fazem outros acordos tácitos: cargos de segundo escalão aos montes e barganhas para aprovar Dudu da Pistola em Washington, por exemplo. Nem de longe é só isso.
8/Mais importante, o acordão do enfraquecimento das instituições de controle é de interesse de lideranças do Congresso (e de metade do Supremo) e de Bolsonaro, que ataca PF, Receita, PGR a fim de salvar Flavio 01 da polícia (mas não só).
9/ Não é uma conspiração, mas um casamento meio aleatório de conveniências. Na economia e na política politiqueira e policial, Congresso e Bolsonaro fazem um arranjo improvisado, que vai substituindo de modo precário o colapso da ordem partidária "de coalizão".
10/E daí? É para lembrar que, no terremoto constante e sob o tumulto do Brasil sob Bolsonaro, os blocos de pedra do poder se encaixam. Há sinais de ordem no “andar de cima”, por mais que Bolsonaro seja e queira o caos, mesmo que o “presidencialismo de coalizão” tenha ido à breca
