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Cuca saiu do São Paulo admitindo que o estilo não deu liga. O time, de fato, não apresentava padrão de jogo.

Um clube que investiu tanto pode sonhar, sim, em jogar um futebol melhor - independente dos resultados.

Gostaria de propor um exercício de imaginação...
Acredito que parte dos problemas vêm da formação em si.

Além de questões sobre intensidade e formas de marcação, a organização dos jogadores campo não potencializava as qualidades de cada indivíduo, então o coletivo nunca foi maior que a soma das partes.
O São Paulo jogou quase sempre na formação que dominou o futebol brasileiro na última década: o 4-2-3-1, com Daniel Alves centralizado e muitas vezes Pato aberto pela esquerda.

Na minha humilde opinião, é possível repensar a formação a partir de alguns jogadores.
1. Daniel Alves é um dos melhores laterais do mundo. Dizem que ele quer jogar no meio-campo para ser mais participativo e ter menos obrigações defensivas.

Ou seja, é difícil cogitá-lo na lateral. Como o SP conta com Juanfran, isso não é problema.
"Eu sou um jogador que posso ajudar meus companheiros a serem muito melhores do que são. Eu jogando como lateral passo muito tempo sem pegar na bola, é difícil você fazer seus companheiros jogarem melhor, criarem situações." - disse depois do empate com o CSA no Morumbi.
Esse papo é bem relativo. Depende muito do modelo de jogo. No Fla, por exemplo, Rafinha e Filipe Luís são os jogadores que mais pegam na bola. No Flu de Diniz era Caio Henrique.

Mas entendo que a questão de Daniel é participar mais das jogadas agudas e não tanto da saída de bola
Até aí, tudo bem. Não é problema tê-lo mais avançado, mas jogar centralizado atrapalha seu jogo e o andamento do time.

Uma das maiores mudanças que se pode impor a um jogador é a bola receber de frente ou de costas para o jogo.

Jogando como "10", Daniel fica de costas e some.
2. Hernanes é um cara diferente. Um jogador de talento inegável mas, a meu ver, pouco compreendido no Brasil. Não é um meia, mas também não é um volante. É um bom organizador de jogadas que brilha rondando a área, mas não necessariamente entrando nela.
Hernanes, sim, deve jogar centralizado, mas também é melhor quando enxerga o jogo de frente.

Minha aposta é que Fernando Diniz deve usá-lo bem mais recuado que o normal, mas isso é assunto para outro dia.

Nesse exercício, o profeta poderia ser o equilíbrio do meio-campo.
3. Everton vive um dilema na carreira. Joga em tantas posições, que acaba não jogando em nenhuma.

Já foi lateral, volante, meia, ponta e atacante. Já jogou pelos dois lados, mas claramente vai melhor quando atua pelo lado esquerdo.
Ele não é - e nem deve ser - titular absoluto. O time não deve ser montado ao redor dele, mas é um cara muito útil.

Todos sabemos que a chegada da primavera traz uma sequência de lesões para Everton, mas neste exercício não levarei em conta esse tipo de coisa.
4. Alexandre Pato também é um híbrido. Não é um "9 puro", mas também não é um ponta. Sofreu durante a carreira, pois faz parte de uma geração que passou pela base como segundo atacante e quando subiu para o profissional, as duplas de ataque estavam extintas. Pato nunca se adaptou
Jogando isolado na frente, Pato não oferece força física para prender os zagueiros, nem desmarques e infiltrações contundentes. Jogando aberto pela esquerda, não aproveita o mano-a-mano e tem dificuldades na recomposição.
5. Pablo foi contratado no pior momento para se contratar alguém: logo depois do jogo mais importante de sua carreira.

Chegou com alta expectativa pelo que fez nas fases finais da Sul-Americana, mas assim como Pato, não é um centro-avante para entregar 30 ou 40 gols por ano.
Ele oferece uma construção consciente, jogadas trabalhadas, aproximação, tabela, jogadas rápidas de pivô... Quando colocado em boa situação, também finaliza bem. Mas não é aquele cara que vai trombar com os zagueiros e meter um de cabeça ou tirar um coelho da cartola.
6. Liziero e Tchê Tchê são jogadores diferentes entre si, mas ambos dão muita dinâmica no meio-campo. Podem cobrir uma grande faixa de campo, sendo úteis tanto para coberturas na defesa quanto para infiltrações no ataque.
Ter um time de jogadores versáteis é uma dádiva e uma maldição.

O São Paulo ganha a possibilidade jogar com mil formações diferentes, mas não é óbvio encontrar a melhor - até porque todo jogador tem suas preferências individuais.
Para manter o 4-2-3-1, poderíamos imaginar um time assim.

Mas há alguns problemas importantes nessa escalação.
Dani Alves participaria mais das jogadas agudas, mas praticamente só participaria delas.

Pela direita, o SPFC poderia ter ultrapassagens por fora com Juanfran ou por dentro com Tchê Tchê, mas o poder de construção de Daniel seria subutilizado.
Além disso, como os pontas jogariam com o "pé de fora" (destro na direita e canhoto na esq.) e Hernanes não infiltra muito, haveria pouca gente atacando a área.

Pablo continuaria muito isolado, sem oferecer suas principais características.
Portanto, minha humilde opinião é de que o São Paulo poderia reverter para um 4-4-2.

São cinco excelentes duplas: Juanfran-Daniel, Bruno-Arboleda; Reinaldo-Everton, Hernanes-Tchê Tchê, Pato-Pablo.
As defesas brasileiras não estão mais acostumadas a marcar duplas de ataque. Há três anos defendo que quem voltasse a jogar assim faria um caminhão de gols.

Hoje, o Flamengo prova que é verdade. E o São Paulo tem uma baita dupla nas mãos, que se complementa e potencializa.
Raniel também tem características que se encaixariam nesse esquema em dupla.

Liziero ou Luan poderiam entrar no lugar de Tchê Tchê ou Hernanes se necessário.

Igor Vinicius é opção na lateral direita.
Na ponta (ainda mais com as lesões de Everton), acredito que tanto Toró quanto Antony poderiam jogar ali, inclusive participando mais do jogo e fugindo da "maldição do pontinha": no Brasil, todo jovem habilidoso vira um pontinha preocupado APENAS em desequilibrar no um-contra-um.
Essa é apenas uma das diversas alternativas que o elenco do SPFC oferece. Nem acredito que será a formação de Diniz, mas vale o exercício.

O modelo de jogo tb não se encerra na formação. Esse foi apenas um dos problemas de Cuca, a meu ver.

Olho neles! Há muitas possibilidades!
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