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O Flamengo fecha o primeiro turno naquele que promete ser o melhor jogo do Campeonato Brasileiro até aqui. Qualidade técnica, variação tática e muita inteligência. A batalha entre Jesus e Sampaoli tem tudo para ser inesquecível.
O Santos merece atenção!
O Santos merece atenção!
A equipe do argentino Jorge Sampaoli poderia ser definida por uma palavra: metamorfose.
São mil times em um só. Cada jogo é diferente e as variações dentro do próprio jogo são muitas ()
Tudo isso torna o Santos bastante imprevisível para amanhã.
São mil times em um só. Cada jogo é diferente e as variações dentro do próprio jogo são muitas ()
Tudo isso torna o Santos bastante imprevisível para amanhã.
Um exemplo é a utilização dos três zagueiros. Várias vezes ouvimos por aí que o Santos jogava com linha de três. Foi verdade em algumas ocasiões, mas muitas vezes o que vimos foi uma linha de quatro com o zagueiro Lucas Veríssimo atuando, na realidade, como lateral direito.
Mas o Santos muda dentro do jogo com extrema fluidez. Mesmo quando usa efetivamente três zagueiros, como contra o Athletico, o time varia pra uma linha de quatro quando o adversário consegue vencer as primeiras linhas de marcação e se aproximar da sua área.
Faz isso trocando apenas o posicionamento de algumas peças. Muda a estrutura do 4-3-3 para o 3-4-3 como se não estivesse acontecendo e pode ir até para o 3-3-4 com a bola.
Para isso, é importante ter jogadores versáteis como Veríssimo, Jorge, Sanchez, Felipe Jonatan e Sasha.
Para isso, é importante ter jogadores versáteis como Veríssimo, Jorge, Sanchez, Felipe Jonatan e Sasha.
O Santos costuma fazer a “saída de três”, com 3 defensores e o goleiro iniciando as jogadas. Quando tem Jorge, pode fazer uma saída “torta”, com os zagueiros mais centralizados e um lateral aberto, deixando o outro corredor aberto. ()
Aliás, ao contrário da maioria dos treinadores, Sampaoli não faz a menor questão de simetria e muitas vezes usa formações que parecem tortas.
Mas não abre mão de ter amplitude total. Ou seja, dois jogadores, um de cada lado, colados nas linhas laterais “abrindo” o campo.
Mas não abre mão de ter amplitude total. Ou seja, dois jogadores, um de cada lado, colados nas linhas laterais “abrindo” o campo.
Muitos times no Brasil dão amplitude com os laterais, o que significa que essa “largura” está lá na saída de bola ou na altura do meio-campo (quando avançam). O Santos não. Ele abre dois pontas espetados lá na frente para esgarçar a linha de defesa do adversário.
Assim, é quase impossível marcar os dois pontas ao mesmo tempo. Abriria-se um buraco na defesa. O Santos então atrai o adversário para um lado e vira o jogo para o outro, buscando o ponta no mano-a-mano. É a principal arma, seja com Soteldo, Derlis, Marinho ou eventualmente Sasha
Os pontas se mantêm abertos e avançados, quase no limite do impedimento. A jogada se define quando um deles é acionado rapidamente e parte pra cima.
Como quase nunca alguém faz ultrapassagem por fora ou dá algum suporte próximo, eles costumam se complicar qdo a marcação dobra.
Como quase nunca alguém faz ultrapassagem por fora ou dá algum suporte próximo, eles costumam se complicar qdo a marcação dobra.
Quando fica claro que a jogada se definirá por um lado, o ponta do lado oposto entra em diagonal. É quase como se seguissem uma rota pré-determinada. São como os "wide receivers" do futebol americano.
Jorge participa muito com lançamentos, mas é bom prestar atenção também no goleiro Everson. Os zagueiros não têm o menor pudor de recuar a bola para ele. O motivo é simples: ele lança bem demais.
Mantendo a analogia com o futebol americano, Everson é quase um "quarterback."
Mantendo a analogia com o futebol americano, Everson é quase um "quarterback."
Na bola parada o Santos também é perigoso. Sempre agrupa Gustavo Henrique (1.95m), Lucas Veríssimo (1.89m) e Aguilar (1.91m). Muitas vezes fazendo o famoso “trenzinho da alegria”. O Flamengo, que sofre muito com esse tipo de jogada, precisa ficar esperto.
Defensivamente, é um time mto consciente. A marcação começa lá na frente, com uma pressão mtoorganizada.
Repare no lance: Uribe vai apertar o zagueiro, mas percebe que o resto do time não está encaixado. Ele corta a linha de passe, sinaliza para Marinho e espera os outros.
Repare no lance: Uribe vai apertar o zagueiro, mas percebe que o resto do time não está encaixado. Ele corta a linha de passe, sinaliza para Marinho e espera os outros.
Esse não é um lance isolado. O Santos é um time que encaixa a marcação no meio-campo e sobe em bloco para morder lá na frente o tempo todo com o objetivo de forçar um chutão aleatório do adversário.
Mas às vezes essa pressão desorganiza um pouco o time. Viradas de jogo ou passes verticais da defesa podem deixar o meio-campo santista perdido, criando boas chances para os adversários.
Os jogadores demoram para trocar a marcação e acabam deixando gente livre.
Os jogadores demoram para trocar a marcação e acabam deixando gente livre.
Nesse sentido, Rafinha, Rodrigo Caio, Pablo Marí e Filipe Luís serão fundamentais.
O primeiro precisa sair limpo para quebrando as linhas do Santos e desorganizar a defesa. Isso é metade do caminho.
Depois, temos muita gente boa em atacar os espaços gerados.
O primeiro precisa sair limpo para quebrando as linhas do Santos e desorganizar a defesa. Isso é metade do caminho.
Depois, temos muita gente boa em atacar os espaços gerados.
Para marcar o Fla, Sampaoli pode usar três zagueiros qdo Jesus estiver com dois atacantes, mas deve trocar para uma linha de 4 se o Fla mudar para o 4-2-3-1 ou 4-3-3.
Dificilmente abrirá mão de ter uma sobra contra o ataque do Flamengo.
Dificilmente abrirá mão de ter uma sobra contra o ataque do Flamengo.
Todas essas possibilidades existem. O Flamengo também é um time de intensa variação ()
Isso transforma o confronto em um jogo de gato-e-rato. Alguém faz uma escolha, o outro responde, o primeiro muda, o outro se adapta e assim vai...
Isso transforma o confronto em um jogo de gato-e-rato. Alguém faz uma escolha, o outro responde, o primeiro muda, o outro se adapta e assim vai...
A grande questão é quem vai ser o gato e quem vai ser o rato. Quem estará no controle, quem vai impor o caminho dessas mudanças.
Jorge Jesus tem vantagem. Joga em casa, diante de um Maracanã lotado, e o momento do Flamengo é melhor.
Mas a margem é pequena. Tudo pode acontecer!
Jorge Jesus tem vantagem. Joga em casa, diante de um Maracanã lotado, e o momento do Flamengo é melhor.
Mas a margem é pequena. Tudo pode acontecer!
Um agradecimento especial ao @lateralesquerd por ter disponibilizado os vídeos dos jogos que me ajudaram a mergulhar de cabeça no Santos! :)
