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#60Jogos60Copas: a história de 60 partidas marcantes da Libertadores no ano em que ela chega a 60 edições. O jogo de hoje só viria mais tarde, mas nesta semana tivemos FORTES SINAIS - Victor pegou 3 penais bem quando este jogo estava por aniversariar. De modo que: Galo x Tijuana.
Ao longo de 2019, recordaremos 60 partidas históricas da Libertadores - que não foram finais. Elas são lembradas em threads aqui no twitter e, no caso de alguns jogos eleitos, também em textos no @punterobr. Os jogos anteriores podem ser encontrados aqui
O jogo de hoje é particularmente especial para esta arroba porque faz parte da campanha do último brasileiro campeão antes de FECHARMOS o impedimento.org em 2014. Assim, temos COBERTURA PRÓPRIA daquela trajetória, e alguns trechos serão recordados neste fio.
(sim, hoje o impedimento.org leva para um site ensinando COMO EMAGRECER. Algumas coisas do arquivo mais antigo podem ser encontradas em impedimento.wordpress.com ou em impedimento.net)
Hoje, que as conquistas já existem e tudo ainda é muito recente, os JOVENS talvez não entendam o que significava para o Atlético Mineiro aquela campanha: sua primeira participação na Libertadores em 13 anos, o sonho cada vez mais real de seu 1º título em um CAMINHÃO de anos...
... até o tempo do jejum era tema de debate. O último título acima do nível estadual, de fato, havia sido a Copa Conmebol de 1997. Mas o brasileiro sempre teve o hábito de desprezar aquele torneio, e uma narrativa forte por aqueles dias era que o Galo "não ganhava nada" desde 71.
O fato é que tudo fazia tanto tempo que havia toda uma geração (ou duas, ou três) de torcedores que não conheciam algo além de sofrimentos e esporádicos títulos estaduais. Era o Atleticano Calejado pela Vida, como definiu o @ceconello em suas crônicas daquele tempo.
A Libertadores 2013 começou particularmente boa para o Galo: venceu 5 dos 6 jogos na fase inicial e passou com a melhor campanha geral da fase de grupos. Mas isso podia ser até uma maldição: ser o melhor da primeira fase não costumava trazer bons presságios para ninguém.
Desde que a Libertadores adotou a fórmula com oitavas-de-final, em 1989, apenas uma vez até então o melhor time da fase de grupos havia acabado campeão - o River Plate de 1996. Todos os outros fracassaram pelo caminho. O que levava a crer que com o Galo seria diferente?
Quem estava acostumado a ver o Atlético se dando mal ganhou novo argumento na última rodada dos grupos, quando a única derrota do Galo veio para o São Paulo - classificando os tricolores e repetindo o duelo nas oitavas. Estava claro: o copeiro SPFC cresceria no mata-mata.
Quando o Galo massacrou o São Paulo nas oitavas, porém, um novo tipo de sentimento começou a se criar na audiência brasileira. Talvez aquele time fosse mesmo o que a campanha indicava - o provável campeão.
Nas quartas, o adversário do Galo parecia - em termos de nome e camisa - um dos mais inofensivos da campanha: os misteriosos XOLOITZCUINTLES DE CALIENTE, popular Tijuana, mexicanos que jogavam então sua primeira Libertadores.
O Tijuana não era (com o perdão do trocadilho) cachorro morto: na fase anterior havia eliminado o Palmeiras em SP. Mas o Palmeiras então vivia aquela situação bizarra de jogar a Libertadores sendo time da Série B, e não estava claro se isso era parâmetro
E a coisa esteve muito próxima de azedar de vez quando, lá no México, o Atlético saiu levando DOIS A ZERO dos caras. Buscou, porém, e o tento salvador veio aos 46 e meio do segundo tempo, dando a vantagem a Galo pelo gol qualificado
Tudo parecia conspirar maravilhosamente para o Galo: em casa, onde havia vencido todos os jogos da campanha até ali e podendo empatar por 0x0 ou 1x1, o PÂNICO deveria ser todo dos visitantes - mas nunca, acreditavam muitos, dos locais.
E aqui começamos a relembrar trechos da pena do @ceconello sobre esse lendário jogo de volta.
«Bastaram doze SEGUNDOS para que se pudesse perceber que seria a noite mais longa da história recente do Galo, quando, após saída errada da bola no meio-campo, Riascos exigiu que Victor, então ainda um simples mortal, comparecesse e espalmasse»
(fica a orientação de sempre: vídeos podem ser os mesmos, mas eles estarão milimetricamente marcados no tempo do lance que interessa em cada tweet)
«A partida era tensa como praticamente ninguém esperava, exceto o Atleticano Calejado pela Vida, com os jogadores do Galo claramente nervosos, cometendo faltas aos BORBOTÕES, com a posse de bola, mas tentando acelerar as jogadas como quem passa fome.»
Se o primeiro sinal de que a noite não seria exatamente TRANQUILA veio aos 12 segundos, o sentimento pareceu se confirmar aos 14: o Tijuana balançou as redes pela primeira vez, mas, por sorte, havia impedimento no lance.
Aos 25, não teve jeito: «pouco após terem um gol anulado, Ruiz cruzou da direita para Riascos apanhar de primeira, de chapa, cruzado, abrindo o placar. Ninguém pega uma bola daquela de primeira se não estiver com as COSTAS QUENTES com entidades suspeitas»
«A situação só não permaneceu tão escabrosa para o Galo porque mexicanos como mexicanos sempre marcarão e Réver, aos 40 minutos, sozinho como quem tem pensamentos PROFUNDOS, escorou um cruzamento de falta de Ronaldinho e decretou a igualdade»
Pelo gol qualificado, o 1x1 servia ao Galo.

Mas deixava o jogo caminhando sobre a corda bamba até o fim.

E acabaria sendo, realmente, até os instantes derradeiros.
Aos 24 do 2º tempo, Victor faria um enorme milagre que os acontecimentos posteriores acabariam tornando "menor" naquela noite. Na sequência do lance, o Galo também desperdiçou uma chance.
Aos 34 minutos da etapa complementar, o Tijuana voltou a aterrorizar o Horto, com uma cobrança de falta de Arce que lambeu a trave.
E, aos 43, Luan desperdiçou a grande oportunidade de fazer o gol que - aparentemente - mataria a eliminatória.
O jogo, enfim, desenrolou-se com um segundo tempo absolutamente desesperador. Mas, apesar de tudo, ainda servindo ao Galo. Era o melhor time, o dono da melhor campanha. A classificação era sofrida, mas no TODO, muito justa.
E então viria o momento assim descrito lá no PORTAL MÍSTICO naquela virada de 30 para 31 de maio de 2013...
«Nunca houve um silêncio igual ao que então soterrou o Independência, oscilando abruptamente do rugido de caldeirão para uma madrugada deserta em uma cidade que ainda não foi fundada.»
«Todos os semblantes se torceram dramaticamente, exceto o do Atleticano Calejado pela Vida, que permanecia igual: carregava a mesma tensão dos últimos dias, quando seus semelhantes eram ludibriados pela euforia.»
«As máscaras que ousavam flertar com o pânico alheio agora pareciam a mais fina e PONTIAGUDA das ironias.»
«Mas ainda assim, mesmo após todas as reversões, era um final demasiado previsível para o Galo – melhor time, com a mais perfeita campanha, jogando diante de todas as vantagens, caindo com um solavanco. ALGO ESTAVA ERRADO.»
Eram 46 minutos do 2º tempo quando Leonardo Silva tentou afastar uma bola bandida que ameaçava a classificação e, em vez de pegá-la em cheio, encontrou as pernas de um adversário. O pênalti, o maldito pênalti.
E eram 48 minutos do 2º tempo quando Victor, com o pé, cometeu o lance que já nasceu eterno e garantiu a sua canonização.
«A trajetória do colombiano para bater o pênalti configurou-se numa FISSURA de tempo na história do Galo. Riascos correu para a bola em 1971, mas Victor lhe rebateu com um COICE em 2013.»
«E este será daqueles lances que deixarão todas as versões e CORRUPTELAS possíveis, porque faz parte da muy restrita galeria de fatos que já nascem transformados em fábula.»
«Se o Atlético vai levantar a Libertadores, e muita coisa leva a crer que deve ganhar, era preciso, além de mostrar um futebol cheio de LUZES, como vem acontecendo, encarar de frente sua recente coleção de decepções, de absurdos, de pedaços de títulos que ficaram pelo caminho.»
«Era preciso apontar o dedo e prometer como fazem os ÉBRIOS diante do nada: Desta vez, não tem volta. Vai ser de qualquer jeito.»
Naquela noite, parecia mesmo que o Atlético Mineiro havia realizado - em um lance, O lance - uma virada então incompreensível, mas já perceptível em sua história. Aquele título haveria de vir de alguma forma, e os mata-matas seguintes mostraram que o gosto pelo épico seguia vivo.
Depois do Tijuana, o Galo superaria o Newell's nas semifinais, nos pênaltis, após levar 2x0 na ida. E faria A MESMA COISA na final contra o Olimpia, tornando-se um de apenas dois clubes na história a buscar um 2x0 em decisão de Libertadores (ao lado do Atlético Nacional em 89).
A geração forjada no grito de "eu acredito", a única torcida que pode gritar isso e FAZER FUNCIONAR, ainda teria a Copa do Brasil 2014 para exercer seu gosto pelas viradas, buscando outros dois 2x0 nos mata-matas (fazendo 4x1 na volta) antes de erguer a taça contra o maior rival.
Mas tudo isso, evidentemente, são outras histórias. O Galo x Tijuana é o que interessa aqui, neste fio. O momento capaz de definir milhões de existências.
A íntegra dos textos publicados pelo Impedimento durante aquela campanha foi reunida em LIVRO, e você pode encontrar o ebook por um valor muito módico na Amazon. Os trechos citados neste fio são de "À meia-noite, no Horto", crônica-título do @ceconello. amazon.com.br/meia-noite-Hor…
E este é o capítulo de hoje de #60Jogos60Copas, a doce jornada que fez os atleticanos acordarem - exatos seis anos atrás - sentindo o peso de 42 temporadas começar a sumir de suas costas.
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