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Caros, não costumo usar esta rede para discutir ou para atacar quem quer que seja, especialmente colegas jornalistas.
Mas percebo que há uma turma (de cujo caráter prefiro não falar aqui) se regozijando a partir de uma declaração absolutamente estapafúrdia feita à Polícia Federal por um dos presos na Operação Spoofing.
O estudante Luiz Molição disse ter ouvido de Walter Delgatti Neto — seu parceiro na trama, segundo a polícia, e um dos primeiros a ser presos — que ele, Delgatti, teria vendido a informação que originou a reportagem “O amigo do amigo de meu pai”.
A reportagem, como vocês devem saber, é aquela que originou a famigerada ordem de censura de um ministro do STF contra a Crusoé, em abril.
Ela revelava, com base em documento que constava em um dos processos da Lava Jato, o codinome com o qual executivos da Odebrecht se referiam ao atual presidente do STF, Dias Toffoli.
A reportagem, publicada na Crusoé, foi feita por mim e por Mateus Coutinho, seguindo os caminhos mais básicos de uma apuração jornalística.
Acessamos o documento no processo eletrônico e, a partir daí, corremos para preparar a matéria (era dia de fechamento da edição), buscando contextualizar aquilo que nele estava escrito.
Devo dizer, para a decepção daqueles que se regozijam com a absurda declaração do preso, que não houve qualquer ação heterodoxa no processo de feitura dessa reportagem.
Quem me conhece e conhece o que já produzi ao longo de duas décadas de profissão sabe como eu trabalho. Não recorro a expedientes espúrios. Nunca comprei informação e rejeito esse tipo de expediente.
Aos que batem bumbo, como você, @ggreenwald, que pôs nesta rede um videozinho cínico e malandro: não me meçam e não meçam o meu trabalho e o da minha equipe por suas próprias réguas.
Não faço militância, não tenho lado, não protejo bandidos. Também não acuso de corruptos jornalistas que escrevem aquilo que me desagrada. Também não me arvoro a ensinar jornalismo como se tivesse inventado o jornalismo. Faço o meu trabalho apenas.
Digo mais: eu desafio vocês que festejam a declaração do preso — repito, desafio — a mostrarem que a reportagem extrapolou os limites da boa prática jornalística.
Era o que eu tinha a dizer. Peço desculpas pelo longo fio, mas não poderia deixar de me manifestar, muito embora sejam aqueles que nos atacam os que, de fato, devem explicações. À polícia, inclusive.
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