Discordo completamente. Nem toda mulher que sofre violência quer fazer uma denúncia, por diversos motivos, todos válidos: medo, relutância em enfrentar um processo longo e doloroso, desejo de não contar sua história para estranhos. A denúncia deve ser uma decisão da mulher. +
Fazer uma denúncia quando a mulher não a deseja é uma violência imposta a ela. É mais uma retirada de sua autonomia. Obrigatória deve ser a capacitação de TODOS os profissionais de saúde para detectar a violência e encaminhar a mulher a serviços de acolhimento psicológico. +
E de assistência social. Cabe ao profissional de saúde, ao detectar a violência, tratá-la como questão de saúde física e mental e explicar à mulher seus direitos ou encaminhá-la a quem possa fazer isso. Nunca, nunca, NUNCA forçar uma denúncia. +
naomekahlo.com/depois-do-abus…
naomekahlo.com/depois-do-abus…
Eu sofri violência doméstica. Eu sou sobrevivente de abuso sexual. Sabe o que eu faria se soubesse que meus médicos, que precisam saber desse histórico pra cuidar de mim, poderiam fazer uma denúncia que eu não quero? Eu deixaria de ir ao médico. Eu esconderia minha história. +
Se eu não soubesse dessa lei (que felizmente não existe), tivesse um problema de saúde, fosse atendida por um médico e, repentinamente, soubesse que estou envolvida em um processo penal contra meu agressor – um processo que eu não desejo – eu iria querer morrer. Sem exagero. +
Me dá uma sensação enorme de desespero e pânico só de pensar na possibilidade. Ser forçada a contar minha história a quem eu não quero contar? Ser forçada a participar de um processo duríssimo pro qual eu não estava preparada? Deus me livre dessa sucessão de abusos.
Duvido profundamente das boas intenções de Bolsonaro ao vetar essa lei, porque duvido que ele seja capaz de ter boas intenções. Mas, nesse caso, a decisão foi corretíssima. A notificação compulsória para fins de estatística é importantíssima. Para forçar processo penal? Não.
"Ah é, melhor deixar a mulher apanhando, né? Não. É melhor oferecer a ela acompanhamento psicológico e social e dar a ela todas as ferramentas pra que ela decida se prefere deixar a relação de forma segura e fazer uma queixa ou deixar a relação de forma segura sem fazer a queixa.
