"Cristiano Ronaldo ganha mais dinheiro com Instagram do que com a Juventus."
Está circulando nas redes sociais – e, infelizmente, na imprensa – a espetacular chamada acima. Notinha baseada numa pseudo-pesquisa que ilustra bem como funciona a máquina de desinformação. Segue o 🧶.
Está circulando nas redes sociais – e, infelizmente, na imprensa – a espetacular chamada acima. Notinha baseada numa pseudo-pesquisa que ilustra bem como funciona a máquina de desinformação. Segue o 🧶.
Toda vez que sai tal pesquisa, seja qual for o assunto, te recomendo: vá além do que está escrito na notinha da imprensa, busque a fonte primária da informação e consulte a metodologia por trás dos dados. Vai por mim, este procedimento vai te poupar de muita informação falsa.
Neste caso, a pesquisa que mostra as quantias arrecadadas por celebridades do mundo inteiro, inclusive jogadores de futebol, saiu no site estrangeiro Business Insider e na versão brasileira da revista GQ. Mas a origem da informação está numa empresa britânica chamada Hopper HQ.
A Hopper HQ fez a pesquisa do seguinte modo: fez uma lista de 20 a 50 contas de Instagram em cada categoria (celebridades, esportes, gastronomia etc) e procurou as contas perguntando quanto custaria para fazer um post pago. Tudo isso está explicado no site da própria Hopper HQ.
Com o preço de posts pagos dessa base de 20 a 50 contas, o que fez a Hopper HQ? Estimou quanto todas as outras contas de Instagram no mundo cobram para fazer publicidade. Em português claro, é um chute. Ninguém sabe realmente quanto cobra o Cristiano Ronaldo. Ou qualquer outro.
Uma vez que você tem uma lista com os valores arrecadados por celebridades do mundo inteiro, endossada por uma empresa qualquer, a máquina da desinformação conseguiu matéria-prima para circular o ranking atrás de cliques. Tanto faz se é verdade. O que importa é a comoção popular.
O pior é que mentira vira verdade. A história de que o Cristiano Ronaldo ganha mais dinheiro com Instagram do que com seu salário na Juventus é deliciosa demais para falar das transformações da indústria esportiva, da tecnologia e do mundo. Pena que provavelmente é tudo mentira.
No mundo ideal, o jornalismo filtraria esta bobagem para você. Mas a precarização da imprensa e a busca incessante por notinhas faz veículos como Business Insider e GQ Brasil entrarem no joguinho do "é mentira, mas clica aí". Então a má notícia é: você está por sua conta e risco.
