Thread by @palavrasressaca

🎵 thread: A história de Grazon e Chorão, com amor e música 🖤
(A história de amor que inspirou diversas músicas do Charlie Brown Jr.)

A história deles começa em Santos, a cidade é relativamente pequena, tudo é perto, a praia é o lugar onde todo mundo se encontra, tem aquele clima de cidade pequena e foi plano de fundo do amor da Grazon com Chorão

Tudo começa em 1994, quando Grazon uma garota que adorava costurar suas próprias roupas, gostava de praia, música e, devido a uma família não muito carinhosa, era uma garota durona e independente, conheceu Alexandre, mais conhecido como Chorão.

Alê, como ela chamava, ostentava uma fama de mau que era conhecida por toda cidade, mas para Grazi, ele se tornou a pessoa que a ensinou a ser mais carinhosa, segundo ela, ele era a pessoa mais amorosa do mundo.

Chorão chegou em Santos em 1990 e já chamava atenção por lá, pois era considerado diferentão na época: cabelo comprido, corpão e andava pelas ruas sem camisa, com um skate grudado no pé, fazendo manobras, com uma caixa de som no ombro e sem se importar em chamar atenção.

No livro “Se não eu quem vai fazer você feliz” a Grazi conta todos os detalhes, mas segundo ela, “os caras morriam de inveja e a mulherada pirava – e ele não deixava passar uma”.

Todas as patricinhas de Santos queriam estar com Chorão e ele cantava em “Champanhe e água benta” que toda patricinha adorava um vagabundo

Em 1994, o ponto de encontro principal ainda era a praia, a internet não tinha dominado tudo, e nas areias de Santos era onde tudo acontecia. Naquele verão, Grazi estava namorando, mas já achava que seu relacionamento estava mais para amizade do que para qualquer outra coisa.

Já Chorão já tinha um divórcio e um filho na conta de um relacionamento que não tinha dado certo.

Uma amiga de Grazi dizia para ela que eles tinham que se conhecer, pois ele não era nada do que as pessoas diziam e que ela achava que eles combinavam muito. Mas Grazi achava que não, apesar de ter curiosidade, achava que ele gostava apenas das patricinhas.

O verão estava quase acabando e o destino parecia querer algo dos dois, em uma caminha despretensiosa Grazi trocou o primeiro olhar com Chorão. Ela conta em detalhes no livro, mas basicamente sentiu como se todo o Universo tivesse parado e só existissem os dois.

A primeira palavra veio de Chorão que disse um tímido “Oi”, ela ficou toda vermelha, deu uns quatro passos e depois olhou para trás. Quando voltou a pensar, ficou pensando em como tinha dado “a maior bandeira para ele”

Ao voltar para casa, claro, não conseguia tirar aquele cara da cabeça, a troca de olhares mexeu com ela de uma forma muito intensa. No livro, ela conta detalhes o que Chorão contou para ela sobre esse encontro, anos depois (comprem!)

No fim de semana, depois dessa troca de olhares, Chorão não perdeu tempo e ao encontra-la em uma balada, a convidou para ir a um show dele. Ela até tentou assistir esse show, mas como as amigas demoraram demais, acabou perdendo a apresentação.

E foram vários desencontros que só aumentavam a vontade dela de estar com ele. O namoro estava nas últimas e td que ela queria fazer era curtir a vida. Um dia, ela ficou de encontrar as amigas no World Rock Café, o bar da cidade, e mais tarde encontraria namorado. Mas adivinhem?

O destino não brinca e por volta de uma da manhã, quando chegou no bar, encontrou um cara grande, apoiado no balcão e de costas para ela. Sem nem pensar, ela já foi até ele pegou nos cabelos vermelhos e disse: “Nossa! O seu cabelo é vermelho fluorescente!”

Ele se virou para ela, abriu um sorriso e disse: “Você!”. Foi quando ela percebeu que era o Chorão. E ali eles tiveram a primeira conversa que durou até três da manhã, que ela conta em detalhes no livro. Mas o ponto aqui é que esse foi o contexto da música “Proibida para mim”.

Podemos observar na letra que ele narra direitinho a história dos dois na época, o namoro dela, o cabelo engraçado, o fato dela não poder ficar. Além disso, tem até o apelido dela no nome da música e a letra inesquecível que eternizou a frase “Se não eu quem vai fazer você feliz”

Depois disso, o Chorão, não perdeu tempo e deu um jeito de conseguir o número dela, ligando para ela no dia seguinte mesmo. A convidou para um ensaio de sua banda e ela respondeu: “Ta bom, passa aí” tentando não parecer tão a fim.

Mas naquele momento já estava super a fim. Nesse encontro, ele conta sobre a banda dele, e o som de rock pesado que fazia, no livro ela conta como ele escolheu o nome Charlie Brown Jr para a banda, nessa altura Chorão já era famosinho em Santos.

Além da banda, ele explicou o motivo do apelido dele ser Chorao (leia o livro) e claro, depois de muita conversa, com seu charme pegou na mão dela como se fosse um cigano e disse a seguinte frase +

“Olha, vou te falar uma coisa. Nessa linha está escrito que hoje você vai encontrar o cara que vai mudar a sua vida”.

Milhares de pensamentos invadiam a cabeça de Grazi: eles eram muito diferentes, ele era bad boy, conhecia todo mundo e era muito popular, ela era tímida, calada, discreta e muito envergonhada. Mas apesar de todas as diferenças, ela não podia negar que estava se apaixonando.

Os dias foram passando e ele chamou ela para ir para casa dele, para dizer umas coisas e o papo foi o seguinte:

“Eu não achei que ia ficar a fim de você, de boa achei que ia querer só te pegar, mas você não sai da minha cabeça desde aquele dia no bar”.

Ele falou sobre como se sentia em relação ao mundo (os detalhes no livro) e por fim, se declarou, mostrando para ela que a conexão que sentia não estava só na cabeça dela: +

“To te contando td isso por que você é diferente de tds as outras meninas q já conheci e quero começar as coisas direito com vc. Te achei maravilhosa. Vc é linda, é inteligente, e senti uma sintonia rara entre a gente. Tô procurando alguém assim p/ mim. Vc é poesia em movimento”.

E foi assim que ele a pediu em namoro. Eles assumiram um relacionamento e se tornaram inseparáveis. A Grazi ajudava ele em tudo e ele corria atrás do sonho dele com a Charlie Brown Jr.

Uma das coisas que ele mais admirava nela, segundo ela, era que ela era uma mulher muito guerreira, sempre correndo atrás dos objetivos dela também. Ela trabalhava em dois empregos, pagava a facul e o ajudava também com a banda, pois a grana era apertada para os dois.

A música era um elo entre eles e fortalecia a relação. Grazi vivia com seus discman e estava sempre correndo atrás de novidades e compartilhava todos seus gostos com o Alê (Chorão).

Depois de "Proibida para mim", a banda cresceu, estourou mais hits, mas a Grazi continuou sendo inspiração de várias músicas e se escutarmos as letras, vamos ver cada momento da história deles expressado através da música.

Os dois tiveram muitos momentos difíceis, momentos de ciúmes, momento de fraquezas, momentos de desencontros. Ela inspirou a música “Hoje sou eu que não mais te quero”, em um momento difícil dos dois (que ela conta todos em detalhes no livro)

Mas também inspirou a música “Céu azul”, quando eles, finalmente, se reencontravam.
"Mas também quero te mostrar
Que existe um lado bom nessa história
Tudo que ainda temos a compartilhar"

Todo mundo sabe como foi o fim dessa história. No dia 6 de março de 2013, Chorão foi encontrado morto por overdose, deixando um legado de diversas músicas que marcaram uma geração.

A dependência química é uma doença que destrói as pessoas e é um grave problema social. Mas na trajetória do Chorão, houve momentos em que as pessoas, por fofocas da mídia, simplesmente iam até a casa dele e o xingavam e adivinhem? Ele já não estava em um momento legal.

Por isso, de todo seu legado destaco o trecho: “Alguém te perguntou como é que foi seu dia? Uma palavra amiga, uma notícia boa. Isso faz falta no dia a dia. A gente nunca sabe quem são essas pessoas”

E a Grazi? A Grazi depois da morte do Chorão, além de perder o seu Alê (ou tiri, como eles se chamavam carinhosamente), foi covardemente acusada de ser a culpada por ter o abandonado, o que não foi verdade e uma mulher nunca deve ser culpada pela morte de algum dependente químico

Aconteceu o mesmo com a Lea Michele e Ariana Grande. Todas elas tentaram tudo o que podiam, a dependência é uma batalha difícil, que foge do alcance das pessoas ao redor.

Diante dessa história de amor linda, mas também trágica, lembrem-se de serem empáticos e estenderem a mão, antes de atirar uma pedra. A gente nunca sabe o que a outra pessoa está passando

Para contar essa história me inspirei em alguns vídeos, mas essencialmente na leitura do livro “Se não eu quem vai fazer você feliz”, escrito pela própria Grazi, que pode ser adquirido em qualquer livraria e que eu recomendo MUITO! Pois lá a história está muito mais completa!