Thread by @MatSchilling

Desde ontem estou lendo muita desinformação sobre o Chile ou pessoas sendo desonestas. Acho importante citar alguns dados do Chile, que é melhor que o Brasil em TODOS OS INDICADORES SOCIOECONÔMICOS e falar sobre o que realmente está acontecendo.

Já vi alguns falando aqui que a situação do Chile é crítica, que em torno de 50% da população vive na pobreza. Mentira.

Hoje o país tem o menor índice de pobreza da América Latina, gira em torno de 10,7%. Um contraponto absurdo com os 40% que viviam na pobreza em 1980.

Também falam muito da desigualdade. Na verdade, a desigualdade não é um parâmetro eficiente para se medir a pobreza de um país, visto que não serve para apontar a qualidade de vida dos mais pobres.

Um exemplo disso: o Canadá e o Reino Unido são mais desiguais do que o Iraque.

Mesmo assim, se utilizassem como justificativa, estariam errados.

Isso porque, o valor do índice de Gini em 2003 era de 0,51 no Chile.

Em 2017, caiu para 0,45, não sendo apenas menos desigual que México, Brasil, ou Colômbia, mas tem a média abaixo da continental.

Outra justificativa: Estudar no Chile é muito caro, visto que não tem faculdades gratuitas e de qualidade! Os estudantes tem que se endividar!

Bom, é verdade que os estudantes tem que contrair empréstimo para entrar em uma faculdade, mas...

... temos que pensar que o Chile tem uma renda média 64% maior que a brasileira.

Sem contar que para estudar na PUC Santiago, a MELHOR FACULDADE DA AMÉRICA LATINA, a média de mensalidade é R$ 820.

Isso que o Chile também é o melhor colocado no PISA na América Latina.

O Chile também é o país com a melhor cobertura de saneamento básico da América Latina: atinge 99,9% da população, enquanto no Brasil é em torno da metade.

Sim, metade da população brasileira não tem acesso à saneamento básico e ainda querem gastar bilhões com fundo eleitoral.

E ainda tem gente contra a participação da iniciativa privada no saneamento básico, que visa facilitar o acesso das cidades mais carentes à esse serviço.

PL 3261/19, para quem quiser pesquisar.

Voltando, o Chile também é o país mais seguro da América Latina. O índice de homicídios para 100 mil habitantes é 3.5 (2018), o que significa que ocorreram menos de 600 assassinatos naquele ano.

Os dois países mais violentos da América do Sul são Venezuela e Brasil.

Também tem aquele papo de aumento de suicídios entre os idosos que ganham pouco de aposentadoria.

E se eu te contasse que em 2016 o Chile estava na 118ª posição na lista dos países com maior taxa de suicídio na população acima de 70 anos (OMS)?

Era 15,4. Metade da média mundial

Nessa questão da previdência, os chilenos recebem em média 34% do salário de contribuição. É pouco, comparado aos 70% do Brasil, mas é mais ou menos o mesmo que Rússia (34%), Japão (35%), EUA (38%) ou Alemanha (38%).

Isso que o Chile está acima do Reino Unido e Austrália (32%).

Culpar o regime de capitalização é desonesto.

A contribuição do chileno para a aposentadoria é de 10% do salário. No Brasil, são 11% do funcionário, mais 20% do empregador. Se o chileno acumulasse isso contribuições numa conta, poderia receber mais que o triplo.

E as supostas taxas absurdas cobradas pelos fundos de pensão? Gira entre 0,7 e 1,5%.

Valores adequados com a média das instituições financeiras internacionais.

Sem contar que a treta que desencadeou todos esses protestos foi o aumento do transporte de trem que *pasmem*, é uma empresa estatal.

O presidente chileno voltou atrás e ainda decretou um toque de recolher.

O que acarretou o aumento dos protestos, na verdade, foi a brutalidade policial somada à falta de tato do governo para com a população nesse sentido.

Agora, esses protestos que eram contra o aumento da passagem acabaram tendo suas rédeas tomadas por alguns grupos de esquerda.

Com esse brutalidade policial, eles ganharam certo amparo pela população.

Não é tão diferente como no Brasil, que o protesto do aumento dos R$ 0,20 centavos no ônibus acabou por se transformar no protesto contra a corrupção.

Porém, este está sendo moldado por grupos de esquerda

Por isso ninguém está conseguindo entender muito bem exatamente o que está acontecendo lá. É um grupo de esquerda que tem algumas demandas coordenando esses protestos, não necessariamente o povo.

Mas com a brutalidade dos policiais, a população acaba apoiando os manifestantes.

O presidente já cedeu em alguns pontos e esses grupos e a população - com demandas não necessariamente semelhantes - viram que o governo está enfraquecido.

Com isso estão indo cada vez mais pra rua insatisfeitos por questões diferentes.

Enfim, acho que eu consegui falar tudo, se lembrar de mais alguma coisa volto aqui.