Uma das coisas mais estapafúrdias no interrogatório dos deputados de oposição na CPMI das Fake News, que vi tanto nas perguntas de David Miranda quanto nas de Frota, é a pressuposição de que existem "Fake News", pressuposição que deve ser atacada, porque é o cerne do discurso.
Eles já perguntam assim: "você contribuiu para divulgar essas fake news?" "Você recebeu dinheiro para essas fake news?" E mesmo que você responda "NÃO" à acusação, você está admitindo o pressuposto de que existe fake news ali: "Não" -- não o quê? "Não divulguei ESSAS FAKE NEWS".
Percebem a estratégia? Na verdade, o que ocorre é uma pergunta superficial com uma afirmação oculta. Assim, mesmo que a pergunta seja respondida negativamente, a afirmação oculta de que existe fake news naquele caso é confirmada. É armadilha.
Não creio que façam isso por esperteza, mas porque a mente deles já se acostumou a pensar sob essa forma rudimentar. Não há lógica, nem busca da verdade, apenas tentativa de lançar armadilhas.
Ou houve algum treinamento prévio para isso.
Ou houve algum treinamento prévio para isso.
Todos os deputados fazem isso ao questionarem sobre fake news: uma pergunta superficial com a afirmação oculta. Depois eles vão usar a afirmação oculta e pressuposta para fazer o relatório: "fulano afirmou que não fez essas fake news, logo, isso aqui é fake news mesmo". 🔽
Portanto, o próprio pressuposto precisa ser atacado. É preciso perguntar: "qual fake news?" Normalmente, apontarão uma emissão de opinião, uma crítica ácida ou mesmo uma divergência intelectual. Isso não é fake news, é liberdade de expressão. Assim, o pressuposto é destruído.
