Acho importante esclarecer alguns pontos sobre esse twit. Quero aprofundar alguns conceitos, depois de várias conversas que aconteceram e em mais de 280 caracteres.
O primeiro ponto que notei que causou desconforto foi a palavra "relevância". A intenção era levantar o fato de que temos brasileiros falando com brasileiros em inglês, e isso exclui quem não entende o idioma.
Não acredito que exista uma forma de medir relevância, e não tive a intenção de medir valor por popularidade. Mais sobre isso mais pra frente.
O segundo ponto que incomodou muita gente foi uma impressão de que estaria censurando a liberdade de expressão das pessoas, de que elas não podem escrever no idioma que preferem.
Entendo o incômodo, mas acho importante lembrar que as redes sociais são área livre, ninguém tem sequer como impedir o outro de falar nada (dentro das regras de conduta de cada rede).
Assim, qualquer opinião deve ser entendida como uma sugestão, porque na prática nunca será nada além disso. Dito isso, é importante lembrar que há consequências ao escrever em inglês: mais uma vez, estamos excluindo muita gente.
Um outro ponto que muita gente levantou é de que o inglês é importante, e que as pessoas que trabalham com tecnologia vão precisar dele mais cedo ou mais tarde. E eu concordo, o inglês é importante, mas não é fundamental para uma pessoa começar a trabalhar na área.
Conforme ela se aprofunda, ele se torna cada vez mais necessário, ao ponto de que sua ausência começará a se tornar um bloqueio na carreira.
Então, caso a pessoa possa estudar inglês e tecnologia juntos, ótimo, mas não é a realidade de boa parte do nosso povo, e acho importante observar essa parcela da população, dada que quanto mais socialmente vulnerável a pessoa está, maior o impacto de entrar na área de TI.
Tuitar em inglês pode sim ser útil no aprendizado, mas quando alguém que produz conteúdo o faz, essa pessoa exclui. Minha crítica, então, vai muito mais aos poucos que de fato produzem conteúdo (que normalmente estão em torno de 1% da comunidade).
Pros outros 99%, que em geral estão apenas conversando entre si, tuitar em português ou inglês não afeta inclusão. É só mais uma forma de interagir socialmente, e tudo bem.
Aos produtores de conteúdo que buscam projeção internacional eu diria que tuitar em inglês sem um trabalho concreto em alguma outra área provavelmente não vai trazer muito resultado.
Ou a pessoa se envolve de fato com uma comunidade estrangeira (através de um projeto de código livre, por exemplo) e então interage com ela em inglês (inclusive via Twitter), ou seus twits em inglês vão provavelmente acabar caindo no limbo.
Era essa relevância que eu queria levantar desde o começo, a que vem do trabalho concreto de comunidade dos produtores de conteúdo, e que, por fim, acabou sendo uma forma pobre de tentar explicar o que eu queria dizer,o que é esperado onde se limita um post a menos de 300 toques.
Por fim, fico feliz de ter visto o debate que isso está gerando, e estou me divertindo com os memes que estão aparecendo. Não seríamos brasileiros se não fosse assim. Espero que o debate nos ajude a incluir mais lusófonos, que era minha intenção desde o começo.
Um abraço a todos que se envolveram de forma tão apaixonada nesta discussão. Principalmente porque a imensa maioria dos contatos que aconteceram foram respeitosos e civilizados. Obrigado.
@threadreaderapp unroll
