Thread by @Cvyrtlick

1. Entra Natal e sai Natal e a hipocrisia da esquerdalhada é a mesma...

"Lembrei-me de que, na terça-feira depois do Natal, passei de táxi por Copacabana. E confesso meu deslumbramento. Praia apinhada, de um Forte a outro Forte, isto é, da igrejinha ao Leme.

2. "Dia utilíssimo, depois de quatro feriados. E lá estavam as esquerdas, todas as esquerdas, lustrando-se ao sol, dourando-se ao sol, com o cavo umbigo à mostra. E, à noite, lá se instalam no Antonio's, tomando cerveja em lata.
Mas, insisto:

3. "— apesar da eugenia da manhã, da boemia da noite, é uma potência. Não sai da praia nem do Antonio's, mas influi em tudo. Influi num verso de modinha e até num decote de mulher. Vi, outro dia, num sarau de grã-finos, uma menina da "festiva".

4. "Nas costas abria-se um generoso decote. Aparecia, de alto a baixo, a espinha dorsal ou, como queria o poeta, a "flauta de vértebras". Eu imaginava que também era um decote ideológico."

Nelson Rodrigues

5. Eis a essência ideológica, de segunda realidade, hipócrita, radical-chique, e alienada das nossas Esquerdas ("festivas"), mais apegadas, massivamente, aos seus discursos, imagens e projeções de mundo que habitam em suas cabeças, falas e textos, do que à realidade.

6. Sempre se "preocupando-se" com os problemas mais abstratos e inflacionados, ou os mais periféricos, ou os mais grandiosos, do que os problemas mais concretos e verosímeis, centrais, ou menores. Vivem com afinco inenarrável toda a boa vida que criticam.

7. O texto "A Fome do Nordeste", do velho reacionário é de 03/02/1968, mas a observação, a crítica, e a piada pronta são atemporais.