qualquer discussão sobre a queda recente dos números de homicídios tem que levar em consideração isso - em 2018, houve 5.000 mortes violentas sem causa determinada a mais que em 2017, um aumento de 50% (ou +2.4 na taxa por 100 mil hab.). 1/6 
o grupo cid y10-y34 é destinado a mortes violentas que ñ podem ser atribuídas aos 3 grupos anteriores - acidentes, suicídios e homicídios. por conta disso, aumentos desses números estão ligados à piora de qualidade dos registros, ou mesmo à manipulação dos dados. 2/6
importante notar que mesmo que consideremos o total dessas mortes junto com os homicídios, ainda veríamos uma queda da taxa de mortalidade em 2018 - porém de -5%, ao invés de -13%. 3/6
(parênteses: embora pela taxa de homicídio considera-se que 2017 foi o nosso ano mais violento, ele ainda se encontra abaixo de 2002 por esse cálculo expandido) 4/6
olhando a variação da taxa de mortes desse grupo cid por uf, preocupa a escalada no rio de janeiro, assim como em outros estados grandes (que a princípio tem maior capacidade de identificação de causas de mortalidade). 5/6
finalmente, quando consideramos o quanto as mortes nesse grupo representariam do total (homicídios + causa indet.), um dado impressionante: o sudeste tem as maiores proporções, e sp teve em 2018 mais mortes violentas com causa indeterminada do que homicídios. 6/6
adendo: isso significa que houve manipulação dos dados em 2018? não sei - sinceramente, acho pouco provável. contudo, isso mostra que mesmo as informações do datasus também tem sérios problemas de qualidade. nesse contexto, um pouco de ceticismo sobre as causas da queda vai bem.
