Thread by @nickbearx

Explicando o contexto de heteronormatividade e o porquê disso não justificar um romance entre Naruto e Sasuke; a thread

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NÃO! Esta thread não te proíbe de shippar SasuNaru e muito menos diz que é errado. Você é livre para shippar o casal que bem quiser, pois você tem sim esse direito e nada nunca vai mudar esse fato não importa o que seja oficial na obra ou não. Apoie o casal que preferir ❤

Eu resolvi fazer essa thread depois de analisar a penca de informações erradas que algumas pessoas distribuem sobre o assunto, com o intuito de canonizar o casal.

Acredito que um shipp não é motivo para espalhar desinformação - nunca houve motivos para isso. Então vamos seguir.

1. O que é heteronormatividade?

É um termo usado para descrever situações nas quais orientações sexuais diferentes da heterossexual são marginalizadas, ignoradas ou perseguidas por práticas sociais, crenças ou políticas.

A ideia inclui que os seres humanos recaem em duas categorias complementares: macho e fêmea; que relações sexuais e maritais são normais somente entre pessoas de sexos diferentes. Assim, heterossexualidade é considerada a única orientação sexual normal.

▪ SasuNaru

Segundo vários indivíduos, o motivo do shipp não ter sido oficializado é a heteronormatividade do Japão. A ideia é que eles são um casal canone desenvolvido mas não posto para o público por conta do preconceito dos leitores.

Será? Vamos de contexto histórico!

• História da homossexualidade no Japão

Começaremos no período medieval até meados do século XIX onde prevalecia a cultura dos Samurais. Nessa época era normal o relacionamento entre mestre (nenjo) e discípulo (wakashu) criando assim o Wakashudo (caminho da juventude) +

Prática que acreditava-se ensinar virtude, honestidade e avaliação da beleza para jovens samurais; ou seja, ter um mestre não significava aprender apenas as técnicas de espada mas também crescer como um indivíduo.

O Wakashudo era amplamente incentivado sendo exposto em obras como Hagakure (Oculto pelas folha) escrito por YAMAMOTO Tsunetomo, 1659. O livro conta com mais de 13 mil sentenças e 11 capítulos contando sobre o código de ética dos samurais e seus costumes.

Tudo começou a mudar na era Meiji. Graças a ocidentalização, não somente comida, roupas, armamentos, entre outros, vieram ao país, mas também o preconceito. Isso fez com que a visão dos japoneses mudasse de forma mediana criando-se um tabu para o que antes era incentivado.

• Dias atuais!

A aceitação é maior que em outros países. A ocidentalização implantou ali o preconceito na sociedade japonesa conservadora, mas não o suficiente para que fosse algo proíbido. No geral: o Japão é muito mais aberto ao comportamento do que a prática.

Em 2015, o distrito de Shibuya se torna o primeiro a reconhecer o casamento gay no Japão ❤

A proposta incentivou uma discussão sem precedentes sobre igualdade e pode abrir caminho para medidas similares em outros pontos do Japão.

2. Aceitação da homoafetividade no Japão através de quadrinhos/mangás!

Com o aumento das produções comerciais dos romances masculinos, aumentaram também as produções e publicações feitas por fãs. Os trabalhos foram denominados "yaoi" por um grupo de fãs com a obra Rappori - 1979

Segundo LEVI (2008, p. 67), o yaoi é um gênero amplamente lido no Japão. Publicações comerciais do gênero são expostas em andares de livrarias populares em cidades grandes até em lojas de conveniência de pequenos distritos.

Atualmente o yaoi tem tido crescente visibilidade e presença no Ocidente, sendo que seu auge ocorreu nos EUA em 2005, após o sucesso de séries populares de mangá como FAKE (1994), Kizuna (1994) e Eerie Queerie (1999) e suas respectivas divulgações em convenções de animes.

Aqui fala sobre os yaoi's mais famosos e seus índices de venda. Vejam como as obras disparam e aparecem constantemente em rankins importantes como a Oricon.

blyme-yaoi.com/main/category/…

De acordo com uma pesquisa recente realizada pelo Yano Research Institute, o mercado de yaoi (incluindo produtos comerciais e criados por fãs) gerou 2,2 bilhões de ienes (US $ 24,5 milhões) em vendas em 2010 e não mostrou sinais de decadência nos últimos anos.

• Kishimoto!

Naruto tinha tudo para ter yaoi incluído, principalmente romance SasuNaru.

1) o público não iria rejeitá-lo, o país tem um longo histórico com yaoi desde muito antes da obra - como vimos acima; 2) os números não mentem, a obra iria sim vender/faturar até demais

Então porquê o casal não foi oficializado? Porquê diferente de todas as obras yaoi que faturaram, fizeram sucesso e foram acolhidas pelo público durante anos, Naruto seria a única obra a ter que esconder um casal pela "heteronormatividade do Japão"?

A resposta é simples: SasuNaru NÃO faz parte do plot do autor!

Nessa entrevista, os dubladores oficiais de Naruto comentam que já na primeira reunião com Kishimoto, ele contou quais casais iriam se formar no final da obra.

Se mesmo antes do anime existir Masashi já tinha formado os casais oficiais, isso significa que ele nunca pensou em retratar um romance yaoi na obra. O objetivo sempre foi fazer com que os protagonistas fossem amigos e nada mais.

Como ele mesmo disse na Maigen Shu, no ano de 2013: “Eu queria que eles fossem mais irmãos do que irmãos de sangue.”

Se Kishimoto não transformou Naruto e Sasuke em um casal, mesmo com o índice enorme de vendas que um yaoi trás, foi por que ele realmente não quis.

No prólogo da light novel de Sasuke Shinden, Sasuke demonstra toda sua gratidão pelo seu melhor amigo de infância.

Essa narrativa mostra com fidelidade o que Masashi quis passar com o relacionamento dos dois: uma amizade sincera repleta de companheirismo.

É simples, mas precisamos lembrar pois por conta disso muitas pessoas o acusam levianamente de homofobia. E não, o autor não é homofóbico por não ter feito o seu casal favorito ficar junto na obra >dele<

Ele criou o universo conforme sentiu vontade.

Fim❤

Isso aqui não é uma chuva de regras, absolutamente NADA nessa thread te impede de shippar SN. Se você quiser shippar o Sasuke com a frigideira do Itachi você é livre para fazê-lo. Apenas esteja ciente de que distocer o contexto histórico de um país para isso é errado sim.

No mais, até a próxima!