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Faz uns 5 anos atrás, minha mãe teve um processo depressivo muito muito sério.

Por diversas coisas que aconteceram, coisas da vida, minha mãe ficou igual planta seca, murcha e sem alegria.

Foi um período bem pesado. No meio do desespero de ajudar a ela, essa história ocorreu.
Bem... minha mãe sempre se automedicou. Ela sabia que era errado, sabia que podia fazer mal a ela, mas acho até que era algo relacionado ao processo depressivo.

Acontece que, dessa vez, comecei a perceber minha mãe muito diferente, o que foi ligando um alerta.
Digo isso porque comecei a perceber uma alternância entre períodos de completa prostração e outro se enorme euforia.

E em algumas muitas vezes via minha mãe completamente desligada, como se fosse um robô sem bateria.

Por conta disso, resolvi fazer algo que jamais pensei fazer.
Dia seguinte, mal minha mãe saiu para trabalhar, fui futricar nas coisas dela para saber qual era o medicamente que ele estava fazendo uso, e que estava deixando ela daquela forma.

Juro que fiz na melhor das intenções, porque comecei a sentir minha mãe sumindo.

Aí vem o pior...
No meio das coisas da minha mãe, guardado dentro do armário, dentro de uma gaveta, dentro de uma caixa grande de joias, havia uma caixinha menor, tipo de jóia, com um pó branco.

Na hora pensei: PUTAMERDA, cocaína!
Eu nunca tinha usado, mas sabia bem dos efeitos por conta do relato de amigos, e, bem, a gente nunca consegue medir o desespero das pessoas...

Seria o sofrimento dela tão profundo, que ao invés de remédios, tinha mergulhado nas drogas.

A preocupação só fez crescer.
Tratei de ligar para uma amiga que entendia do babado e perguntei direto:

- Anna, como faço para saber se um pó branco é cocaína?

- Pega um pouco do pó e passa na tua gengiva. Se ficar formigando, bem provável que seja...

E assim fiz.
Abria a caixinha, abri o saco plástico e passei um pouco na gengiva.

Minutos depois, nada.

Passei mais. Ainda nada.

Coloquei na língua. Nada.

Se era cocaína, não estava fazendo efeito algum. Mais fácil ser outra coisa, mas como descobrir.
Aí veio o medo, porque eu já tinha engolido uns bons 5 dedos daquele pó - e podia ser qualquer coisa...

Liguei para minha amiga:

- Mana... não formigou. E agora?

- Só resta uma coisa: tenha uma conversa franca com ela.

Decidi fazer aquilo.
Armei a casinha.

Fui na sala e sentei no sofá. Peguei o vidro com o pó branco e deixei escondido, ao alcance da mão, e fiquei esperando minha mãe chegar.

Imaginem meu desespero: subitamente me vi no papel oposto, tendo que colocar ela na parede...
Minutos depois ela chegou. Abatida, deprimida, fechada e sem nem olhar na minha cara.

- Mãe, senta aqui que preciso conversar contigo.

E ela sentou, sem bem perguntar nada, com uma enorme cara de choro.

- Mãe, é o seguinte... tenho percebido que você está muito estranha...
...não é só a depressão, mãe, mas você parece dopada, e outras vezes parece eufórica. Por conta disso, fiz algo de que não me orgulho, mas fiz porque te amo.

- E que você fez?

- Mãe, eu vasculhei as tuas coisas.

Ela então fechou o rosto de raiva.
- E não fica braba, por favor. Eu to preocupada contigo e tenho que te perguntar: o que é aquele pó branco que estava bem escondido no seu armário?

- Pó branco?

- Sim, nessa caixinha - e mostrei a ela.

Jamais poderei descrever a cara de espanto dela.

- Esse pó.... isso...
- ...isso é o seu avô... Sua tia me mandou um pouquinho das cinzas dele, pra ficar perto de mim e ver se me ajudava nesse momento...

(Esse final, só acho que foi assim, porque não ouvi mais nada enquanto corria ao banheiro para vomitar)

😂😂😂😂😂😂😂😂😂😂😂😂😂
Enquanto eu cuspia, vomitava, escovava os dentes, fazia gargarejo e passava desinfetante na boca, minha mãe me olhava com a cara mais assustada do mundo sem entender nada.

Pelo meio da baba tentei explicar, e quando ela entendeu, riu tanto que quase passou mal.

Aqui, meu avô.
Bem... meu avô morreu, eu era muito criança e nunca o conheci, nem por foto.

Contudo, agora, seguramente eu era o neto mais próximo dele, até porque engoli metade das cinzas dele tentando descobrir se era cocaína.

E minha mãe riu tanto, com a meses ela não fazia.
Traquilo, tranquilo, fui ao médico e descobri que as chances de ter algum problema eram mínimas... mas, passei dias enjoado e com ânsia de vômito - sempre que ouço falar se avô, me volta a vontade de vomitar.

E foi assim que me tornei tão proximo dele, mesmo sem o ter conhecido
Para minha alegria, a história não aconteceu comigo, rs

Mas aconteceu com a @tesssica, a menina que comeu as cinzas do avô para salvar a mãe da cocaína.

(Ps. A mãe dela se curou e está hiper bem hoje. Já ela...)

Fim.
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