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@AbreuUmberto @pfnery O comunismo é uma organização política e econômica com a pretensão de estabelecer uma sociedade sem classes sociais, baseada na propriedade comum dos meios de produção. O comunismo não é um projeto de governo. É um projeto de Estado.
@AbreuUmberto @pfnery Sendo assim, o comunismo não promove a democracia liberal e o pluripartidarismo. Ou seja: não há liberdade política. Há necessariamente uma ditadura - especificamente "ditadura do proletariado".
E veja bem: não sou eu quem uso essa expressão, é Marx:
@AbreuUmberto @pfnery "Muito antes de mim, os historiadores burgueses haviam descrito o desenvolvimento histórico dessa luta entre as classes, assim como os economistas burgueses sua anatomia econômica. Minha própria contribuição foi:
@AbreuUmberto @pfnery "(1) mostrar que a existência de classes está meramente ligada a certas fases históricas no desenvolvimento da produção;
@AbreuUmberto @pfnery (2) que a luta de classes necessariamente leva à ditadura do proletariado;"
@AbreuUmberto @pfnery "(3) que essa ditadura, por si só, constitui apenas uma transição para a abolição de todas as classes e para uma sociedade sem classes."
marxists.org/portugues/marx…
@AbreuUmberto @pfnery Partindo do pressuposto publicamente admitido por seus teóricos de que o comunismo prevê estabelecer uma ditadura, este modelo demanda uma imensa concentração de poder para literalmente revolucionar um país.
Este poder é conquistado através de um "terrorismo revolucionário".
@AbreuUmberto @pfnery Essa é a expressão que Marx, novamente, usa. Para ele, "só há um meio para encurtar, simplificar, concentrar as terríveis dores da agonia da velha sociedade e as sangrentas dores do nascimento da nova sociedade, só um meio — o terrorismo revolucionário." marxists.org/portugues/marx…
@AbreuUmberto @pfnery Para Lenin, "a ditadura revolucionária do proletariado é um poder conquistado e mantido pela violência do proletariado sobre a burguesia, um poder que não está amarrado por nenhuma lei".
marxists.org/portugues/leni…
@AbreuUmberto @pfnery Segundo Lenin, "o socialismo é em geral contra a violência sobre os homens. No entanto, exceptuando os anarquistas cristãos e os tolstoianos, ninguém ainda deduziu daí que o socialismo é contra a violência revolucionária". marxists.org/portugues/leni…
@AbreuUmberto @pfnery É o próprio Lenin quem joga a violência no colo de Marx:
"A ditadura revolucionária do proletariado é violência contra a burguesia; esta violência torna-se particularmente necessária, como muito pormenorizadamente e muitas vezes explicaram Marx e Engels". marxists.org/portugues/leni…
@AbreuUmberto @pfnery Essa também é a interpretação de Mao Tsé-Tung, o maior genocida da história. É isso que ele diz em 1963:
"Comunismo não é amor, comunismo é um martelo com o qual se golpeia o inimigo".

Seguindo essa tradição, Trotsky também defende a violência no livro "Terrorismo e Comunismo":
@AbreuUmberto @pfnery Para Trotsky:
"A tenacidade histórica da burguesia é colossal. Somos forçados a arrancar esta classe e cortá-la embora. O Terror Vermelho é uma arma usada contra uma classe que, apesar de ter sido condenada à destruição, não quer morrer."
@AbreuUmberto @pfnery Não é difícil entender essas motivações.
A principal tarefa de um Estado comunista consiste em eliminar as divisões sociais e tomar os meios de produção. É aqui que mora a violência.
Como eliminar a burguesia? Como tomar os meios de produção de quem não colabora com a revolução?
@AbreuUmberto @pfnery Se o comunismo demanda uma sociedade que concentra poder no Estado na tentativa de tomar os meios de produção, e os donos dos meios de produção não possuem natural interesse em colaborar com a revolução, para que o comunismo se estabeleça NECESSARIAMENTE é exigido o uso da força.
@AbreuUmberto @pfnery E aqui entra outro problema: como decretar quem é burguês, inimigo da abolição das classes sociais?
Para Pol Pot, qualquer um que tivesse um óculos, relógio de pulso ou que falasse um outro idioma provava essa condição. 1/4 dos cambojanos foram assassinados em apenas quatro anos.
@AbreuUmberto @pfnery E há ainda outro problema: como lidar com imprensa, igrejas, organizações sociais independentes, arte? Como uma ditadura se estabelece, preocupada em literalmente construir um novo homem, quando essas instituições atuam contra a revolução?
Com "violência revolucionária".
@AbreuUmberto @pfnery Na ditadura do proletariado, o Estado não é a única instituição a ser monopolizada. É preciso também controlar os riscos de contra-revoluções instigadas pela sociedade livre. E é por isso que o comunismo também é necessariamente inimigo da liberdade de expressão e de associação.
@AbreuUmberto @pfnery Controlando o Estado, a imprensa, a religião ("ópio do povo", não se esqueça) e cada aspecto da sociedade, a ditadura do proletariado, por fim, controla arbitrariamente também cada decisão da vida laboral. E é por isso que o comunismo também é inimigo da liberdade econômica.
@AbreuUmberto @pfnery No comunismo é o Estado quem organiza a produção - um arranjo econômico irracional que gera mais um novo problema: improdutividade e desabastecimento.
O homo economicus socialista é um escravo da burocracia.
@AbreuUmberto @pfnery Sem liberdade política, de associação, de expressão, econômica, religiosa e de imprensa, o cidadão obrigado a viver num mundo distópico desta teoria se torna um mero figurante passivo da revolução e da imposição da construção de um Estado comunista.
@AbreuUmberto @pfnery Chama-se, repito, ditadura do proletariado. E como o nome escancara: não foi construída para ser aplicada sob um regime democrático. Essas consequências são ações óbvias descritas nas teorias que inspiraram milhares de revolucionários a instituir o comunismo em mais de 20 países.
@AbreuUmberto @pfnery Em todos esses lugares, para construir este propósito, o resultado foi:

1. Fechamento do Parlamento;
2. Fechamento de veículos de imprensa;
3. Prisão para opositores da revolução;
4. Campos de reeducação política;
5. Assassinato de burgueses e contra-revolucionários;
@AbreuUmberto @pfnery 6. Censura;
7. Racionamento e crises de fome;
8. Proibição da liberdade de circulação;
9. Histeria para aniquilar qualquer suspeito de tramar um golpe contra-revolucionário;
10. Genocídio das minorias políticas e econômicas consideradas inimigas.
@AbreuUmberto @pfnery Todos esses ingredientes estão na própria teoria. Ao demandar tanta concentração de poder, dando a um pequeno grupo de pessoas - e mais ainda ao líder desse grupo - tamanho controle sobre cada aspecto da vida humana, o único caminho que essa composição permite é o totalitarismo.
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