Ir às ruas contra o Congresso é ir às para fechar o Congresso? De jeito nenhum. Ir ás ruas contra o Congresso quer dizer ir às ruas contra determinadas atitudes tomadas por deputados e senadores influentes no Congresso, com, por exemplo, o sequestro do orçamento dos ministérios.
Contra o congresso, aqui, é mera figura de linguagem, mais ou menos a mesma coisa de quando você diz que tomou um copo de água (tomou a água do copo), ou que leu muito Maurício de Sousa (leu gibis escritos por ele), ou que gosta de Bach (das músicas dele), etc.
A metonímia e a sinédoque são tropos que usamos todos os dias na linguagem cotidiana. Tomar o valor literal de um tropo e ignorar seu sentido figurado, ou seja, confundir o uso conotativo com o uso denotativo de uma expressão é sinal grave de analfabetismo e incapacidade de..
lidar de maneira adequada com a linguagem. Ou seja, é uma inabilidade inadmissível em que faz da palavra seu ganha-pão. E isso é uma praga no jornalismo atual, basta er qualquer publicação da Vera Magalhães (a discussão sobre a bomba H no congresso é a última mongolice)...
Mas há também a manipulação intencional entre sentido literal e figurado, para tentar colocar na boca de opositores e inimigos políticos afirmações que eles não fizeram, para confundir o público e criar narrativas descabidas. É claro que esse tipo de manipulação,
construir toda uma narrativa baseada no uso desonesto do significante e não do significado, também é inadmissível no jornalismo, mas é a prática corrente. E aí temos as duas pragas que assolam nossa imprensa: a burrice e a desonestidade.
