Thread by @tantotupiassu

Belém é uma cidade cheia de histórias sobrenaturais.

Cada vez mais me surpreende a quantidade de coisas estranhas que rolam nessa terra.

Uma delas, a que vou contar hoje, se passa no maior cemitério da capital, o Santa Isabel.

A história aconteceu com C (vou identificar assim,para preservar sua intimidade), e é absolutamente real.

Pois bem...

Certo dia, C caminhava pelas alamedas do Santa Isabel depois de um enterro, quando passou na frente de um túmulo e reparou na foto que ornava a sepultura.

O túmulo, um dentre tantos no cemitério, estava castigado pelo tempo, mas a foto seguia firme.

C olhou para a foto e sentiu algo estranho, como se conhecesse aquele homem de algum lugar. Ela relata ter sentido uma conexão naquele momento, mas deixou para lá e voltou para casa.

No caminho, ela diz ter se sentido acompanhada ou vigiada, uma presença bizarra, mas não incômoda.

E, bem, quando ela chegou em casa, pegou um baita susto porque havia um homem na sala, sentado no sofá, esperando por ela.

Ela reconheceu como o homem do túmulo.

Sim... segundo C conta, era o fantasma do falecido, que decidiu fazer uma “visita”.

C conta que não sentiu medo, e, muito ao contrário, gostou da presença. Ela relata que eles ficaram conversando por hora, sem parar, e ela acabou se descobrindo apaixonada.

Desde então, C conta que o espírito nunca mais a abandonou.

Ela começou a frequentar o cemitério diariamente e a chamar a atenção das pessoas. Isso porque ela sentava no túmulo do homem e passava horas conversando sozinha (ou com ele).

E a coisa foi daí para pior.

Porque ela começou a gastar dinheiro reformando a sepultura, que estava abandonada pela família do falecido.

As melhorias foram tantas que ela precisou vender um carro para fazer frente aos gastos.

Por isso ela passava horas perambulando pelo Santa Isabel, fiscalizando tudo.

Nessas andanças, C levava o filho de 9 anos, que sofria sob o sol destruidor de Belém sem entender nada.

As pessoas conversavam com ela, buscavam ajudar, mas nada parecia funcionar.

Diante do comportamento de C, o pai do menino resolver pedir a guarda, e conseguiu.

Nesse momento, a vida da mulher obsidiada pelo misterioso espírito do Santa Isabel já era uma confusão sem fim.

C vendeu vários de seus bens para seguir reformando a sepultura do amado, e, sem o filho, praticamente abandonou sua casa para... morar no cemitério.

Sim, exatamente isso que vocês leram: C foi morar no cemitério de Santa Isabel.

Ela fez uma espécie de tenda entre dois túmulos e, com a ajuda dos coveiros, conseguia se abrigar da chuva na oficina que há no local.

Não satisfeita, C ainda tatuou a foto do amado em diversas partes do corpo, inclusive no rosto, como prova de amor aterno; prova de encontro de almas.

Isso tudo era observado por todos.

Abaixo, um relato, do coveiro apelidado de Botique, que aceitou falar comigo.

Nessa época, a notícia ganhou as páginas dos jornais.

tvrba.com.br/mulher-dorme-e…

diarioonline.com.br/noticias/para/…

Percebam que os jornais evitam citar o nome de C, assim como os vídeos foram removidos.

Acontece que a família de C resolveu agir, já desesperada com a situação da mulher que vendeu tudo, perdia sua vida, perdeu a guarda do filho, alem das marcas no corpo.

A família consegui a retirada dos vídeos. Logo depois, C foi diagnosticada como esquizofrênica. Ela foi internada (não sei detalhes desse processo), e, pelo que me disseram, está em São Paulo, em tratamento.

Além do tratamento psiquiátrico, também busca retirar as tatuagens.

Também se moveu a família do falecido, que conseguiu com a administração do Cemitério a proibição de que C se aproximasse do túmulo, além da proibição de não usar o nome do falecido em redes sociais.

Sim, ainda teve isso...

C fazia várias publicações em redes sociais falando sobre seu amor e o relacionamento com o homem morto, que, em tese, a acompanhava diariamente.

Este perfil foi excluído, pois a repercussão foi grande e C foi alvo de muito ódio digital.

Hoje o túmulo está assim, sem a misteriosa foto que encantou C, e sem o nome do falecido, para evitar maior exposição.

Reparem nos espelhos e na área com lajotas. Tudo isso foi colocado por C, para embelezar o local.

Cheguei a visitar o túmulo na época dos fatos, e percebi que havia diversas lonas transparentes por sob o túmulo, igual capa de sofá. Além disso, dezenas de bilhetes de amor escritos por C.

Segundo os coveiros, C fez aquilo para proteger o amado da chuva.

Mesmo que ela, enquanto isso, dormisse ao relento e tivesse que dividir espaço, nas noites de tempestade, com cruzes e tampas de mármore que ficavam na velha oficina dos coveiros.

Hoje, torço para que ela esteja bem, que leve à frente seu tratamento e consigo viver bem.

Os bens se foram, o filho cresce - vai querer a mãe - e ainda há muito caminho pela frente.

E não se pode negar o efeito devastados que uma doença mental grave causa, quando não tratada.

Já o elemento sobrenatural em tudo, bem... jamais saberemos até que ponto há.

Fim

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