Thread by @tantotupiassu

Chegamos no restaurante e pedimos uma cadeirinha de bebê.

Estávamos com fome e era importante deixar Íris confortável para enfrentar a espera que ainda teríamos pela comida.

Depois de um tempo, surge um garçom magro e baixo trazendo a cadeirinha.

Ele veio sussurrando algo tão baixinho, que mal escutávamos.

Somente na terceira repetição conseguimos entender um envergonhado

“...mas só tem cadeirinha de menino...”

A cadeira era creme com detalhes azuis.

Tranquilizamos o homem dizendo que não havia problema, que não existia isso de menino e menina, o que importava era ter a cadeira e a gente comer em paz.

Mas surgiu a curiosidade:

“Vocês têm muito problema com isso?”

“Ah, o senhor não imagina. A gente tem poucas cadeiras, então, quando o restaurante lota, sempre tem reclamações dos pais se não tem a cadeira certa. O problema mesmo é quando tem mais menino e a gente só tem cadeira de menina e oferece [uma cadeira creme com detalhes rosas]...”

“E que eles fazem?”

“Vixe, o povo se ofende muito! Fazem escândalo, brigam com a gente. Tem pai que até grita com a gente. Maior confusão.”

Lívia ainda brincou:

“Mas imagine o senhor, sentar um menino na cadeira de menina capaz, de cair o pinto e nascer xoxota.”

Só rimos.

E assim ficamos, assustados como certas coisas são fortes, os preconceitos, e como outras coisas são tão frágeis ao ponto de uma simples cor ser motivo de brigas e confusões.

O mundo tá maluco e todo mundo reparou...