Acredito mesmo que o Drauzio pense ser irrelevante o crime que levou a pessoa pro sistema prisional. Quem o acompanha sabe que é uma questão de princípios dele. Mas acho que ele e a produção erraram em escolher aquela personagem. Jornalísticamente falando, falta informação +
pro espectador julgar a validade da tese ali. "Mulheres trans presas enfrentam preconceito, abandono e violência", diz a chamada. Mas qual é o fator determinante para a situação da Suzy? É bem normal estupradores e/ou assassinos de crianças não receberem visitas.
Na reportagem, logo depois do abraço, Dráuzio mostra um gráfico sobre os crimes mais comuns pelas quais as trans estão presas, enfatizando o roubo. Emenda com "foi por roubo que Lola veio parar ali." Se não é relevante o crime, por que falar deste, e não daquele?
Pq assim, eu trabalhei um ano no Marshall Project, ONG jornalística que cobre apenas justiça criminal. Tem inclusive uma coluna semanal chamada "Life Inside", publicada com crônicas escritas por presos. Tem pedófilo, gente no corredor da morte...
Mas algo que tinha em absolutamente todas as matérias era o crime do personagem ou autor. Mesmo quando era em primeira pessoa, tinha a ficha na assinatura. Era, para os editores, uma questõa de transparência. E o público precisa dessa informação para julgar por si próprio.
O Dráuzio médico tem obrigação de *não* saber a ficha da pessoa que auxilia. Mas, acho, o Dráuzio comunicador e a produção do Fantástico deveriam ou informar ou focar nas outras. Acho inclusive que pela omissão a reportagem será prejudicial à causa no longo prazo. Meus $0.02.
Em Estação Carandiru, Dráuzio descrevia uma pessoa que cometeu um crime semelhante. 
