O que está acontecendo na bolha bolsonarista nas horas que se seguiram ao criminoso ataque contra @camposmello é o que os americanos chamam de "Mover a trave". Pra quem estuda falácias lógicas, é um caso exemplar:
en.wikipedia.org/wiki/Moving_th…
en.wikipedia.org/wiki/Moving_th…
Por horas os bolsonaristas compraram inteiramente a acusação do Hans River, em particular a mais misógina. Depois que saiu a reportagem provando a falsidade das acusações, o foco saiu de "favores sexuais" para "inconsistências na matéria da Folha".
Disseram que a hifenização era prova de que os prints da Folha eram forjados. Funcionou por mais algumas horas, mas já se sabe que o motivo é técnico (vídeo abaixo). Então parte-se para outras "provas de fraude" — horários, foto de perfil, datas.
Aí um colunista da Folha faz uma acusação equivocada contra um bolsonarista proeminente (deveria ter lido com atenção a própria matéria do jornal). Apaga o tuite, pede desculpas. A bolha agora muda o foco, e usa aquilo como prova de que todo mundo do jornal mente.
Ou seja: a discussão é sobre um argumento A até que o "adversário" desprova A. Aí passa a ser sobre B. Depois C, e D, e assim suscessivamente. Na metáfora, as traves se movem até que o jogador possa dizer que marcou o gol.
Agora, no fim da manhã, o papo virou algo como "não importa o que aconteceu. O que importa é que a matéria original, de outubro, não tinha provas."
Não existe "debate", ou uma abertura honesta para a verdade, se ela fere a sua "tribo". A democracia tem várias crises, uma delas é epistêmica. Se uma parcela da população habita uma outra realidade factual, qual o efeito disso no longo prazo?
