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10 Sep, 21 tweets, 6 min read
Domènec surpreendeu na escalação. Odair Helmann mudou a estrutura ofensiva do Flu. O Fla queria manter a sequência de vitórias. O Flu queria reencontrar o caminho das vitórias. O sexto FlaFlu da temporada reservou alguns aspectos interessantes. Vamos de fio...
O Flu veio pro seu 2º jogo sem seu melhor jogador da temporada. Evanílson se transferiu pro Porto e deixou Odair com uma bela dor de cabeça. Contra o São Paulo, Odair tentou Marcos Paulo como centroavante. Dessa vez, veio com Nenê de falso 9. F. Pacheco entrou na ponta direita.
Domè também iniciou com um time diferente. Apesar do esquema ter sido mantido no 4-2-3-1, dessa vez não tinha nenhum ponta mais veloz pela esquerda, já que Arrascaeta ocupou esse espaço, com Diego fazendo o meia central e ER7 se mantendo como meia-direita.
Além disso, os dois volantes fizeram função diferente do que haviam feito da última vez que iniciaram uma partida juntos. Contra o Santos, Gérson fez o 1º e T. Maia o 2º volante mais avançado. Dessa vez, os papéis se inverteram e Gérson teve mais liberdade pra subir.
Mas pra que tanto meia, Domè? Para responder isso precisamos lembrar dos outros FlaFlu’s da temporada. Nesses jogos, o Fla teve muita dificuldade pra criar jogadas. Isso porque o Flu amontoava jogadores no centro, negando os espaços por dentro para o adversário.
A estratégia de Domè então visa povoar ainda mais o meio-campo do Fla, com jogadores que tendem a centralizar. Assim, o Fla passa a ter mais gente pra jogar por dentro e gera superioridade no entrelinhas em cima de Yuri, 1º volante do 4-1-4-1 do Flu.
E dá muito certo. O Fla conseguia encontrar espaços, os meias se movimentavam bastante e a troca de passes saia com naturalidade. Além disso, Isla pela direita e FL pela esquerda se lançavam ao ataque, dando ainda mais opção na construção ofensiva.
Já o Flu estava jogando bem mal. Os pontas do Flu, W. Silva e F. Pacheco, foram instruídos a seguir os laterais do Fla até o fim. Com isso, vimos eles diversas vezes muito recuados, dificultando muito o acionamento desses caras na transição ofensiva.
Quanto mais recuado os atacantes estão, mais campo eles têm que percorrer quando seu time recupera a bola. Nenê como falso 9 não conseguia segurar a bola por muito tempo e, dessa forma, o Fla conseguia recuperar a bola poucos segundos depois de a ter perdido.
Superior no jogo, os dois gols do Fla saem com naturalidade, mas com um detalhe interessante em comum. O Fla se preparou muito bem para o rebote. Num time em que nenhum dos homens de frente tem bom aproveitamento nas bolas aéreas, a segunda bola passa a ser importantíssima.
E fica claro o dedo do técnico nisso. Domè aprendeu muito sobre como preparar o time para recuperar a 2ª bola quando foi pra Premier League junto a Guardiola. Na Inglaterra, o catalão sentiu a importância de ganhar o rebote num campeonato em que vencer a 2ª bola conta muito.
Mesmo tentando subir o bloco de marcação após sofrer dois gols, o Flu tinha muita dificuldade de criar. Nenê tendia muito para a esquerda e deixava o centro do campo vazio e Fernando Pacheco isolado na direita.
Odair volta pro 2T então com Fred na vaga de Fernando Pacheco, visando justamente ter alguém pra povoar o centro do campo e tentar segurar mais a bola no campo de ataque. Nenê é deslocado pra direita e o jogo do Flu passa a ser forçado por ali.
Impressionante como Nenê chama o jogo e como o Flu chama o Nenê pro jogo. As construções ofensivas todas passam nos pés dele. Não foi bem ontem, é verdade, mas Nenê se torna cada vez mais o jogador mais importante do Flu. A bola obrigatoriamente sempre passa por onde Nenê está.
O Flamengo baixa o ritmo do jogo e tenta descansar com a vantagem no placar. A pausa de 4 meses devido a pandemia afetou demais o planejamento físico dos times. A maioria dos jogos do Brasileirão tem nível baixo e apresentam uma segunda metade do 2T cheia de jogadores extenuados.
A partir dos 15’, Odair e Domè tentam renovar o fôlego do time mesmo sem mudar o esquema. A grande maioria das substituições não modificaram o esquema de jogo das equipes muito além das próprias diferenças nas características individuais dos jogadores.
O mais interessante no Fla foi ver Gérson como meia central, quando da entrada de Vitinho. Cada vez mais Gérson se torna um coringa do meio-campo, podendo jogar em todas as posições de meio-campo desse 4-2-3-1.
Com o cansaço, o Fla passou a ter muitos problemas na recomposição defensiva. Muitas vezes vimos o time se defendendo com apenas 6 ou 7 jogadores. Os dois times ficaram bastante espaçados. Os jogadores de ataque só atacavam e os de defesa só defendiam.
Não que isso tenha chegado a gerar um jogo muito franco e aberto. Longe disso. O Fla continuava controlando bem as investidas do Flu, conseguiu conectar ainda um ou outro contra-ataque e dominou a partida do início ao fim.
A derrota mostra mais uma vez que o Fluminense continua com muita dificuldade quando precisa propor o jogo. O time funciona muito bem jogando de forma reativa e com linhas baixas, mas quando precisa organizar as ações ofensivas de forma mais propositiva, se complica.
O Fla vence a 4ª partida consecutiva e Domè parece cada vez mais confortável com o 4-2-3-1. Vale ainda o destaque individual a T. Maia. O volante parece fisicamente acima de todos os outros 21 jogadores em campo. Marca, desarma, constrói, ganha duelos e acelera o jogo.

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7 Sep
O Fortaleza de R. Ceni veio bastante modificado devido à pesada sequência de jogos. O Flamengo de Domènec manteve o mesmo esquema tático que havia dado certo contra o Bahia, mas com algumas peças diferentes. Vamos de fio sobre a primeira vitória do Fla no Maracanã no campeonato.
Rogério se viu obrigado a ter que dar descanso a alguns de seus jogadores. W. Paulista, Romarinho e Felipe ficaram no banco. Domè teve a mesma estratégia no Flamengo. Apesar de manter o esquema tático que deu muito certo contra o Bahia, o 4-2-3-1, algumas peças foram modificadas.
Nos primeiros minutos, o Fla novamente usou demais a pressão alta. O Fortaleza se via em apuros para sair jogando. Não é do feitio do time de Rogério sair dando chutão, mas mesmo usando muito o goleiro para tentar criar superioridade na saída, o chutão as vezes era inevitável.
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3 Sep
BAH 3x5 FLA

O Bahia precisava se recuperar de um péssimo início de campeonato e veio no 4-2-3-1 padrão de Roger. O Fla de Domè surpreendeu e quando todos esperavam o mesmo 4-3-3 de jogos anteriores, mudou o esquema e espelhou o 4-2-3-1 do Bahia. Vamos de fio analisando o jogo.
O 4-2-3-1 do Bahia já é conhecido, uma vez que é o esquema padrão do Roger na temporada 2020. Na linha de 3 meias, Rodriguinho tem espaço pra flutuar nas costas de Gilberto e os meias pelos lados explorando muita a velocidade, sobretudo Rossi pela direita.
Já o 4-2-3-1 de Domènec trouxe algumas novidades. Primeiro o esquema por si só, que já é uma novidade. Talvez tenha sido a primeira vez que Domè usa esse esquema. No meio, Arão e T. Maia jogaram em mesma altura fazendo a linha de 2 volantes.
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31 Aug
SAN 0x1 FLA

Pelo lado do Fla, um Domè buscando apresentar um time taticamente mais organizado após ter sua primeira semana livre desde que chegou ao Brasil. Pelo lado do Santos, um Cuca em início de trabalho e utilizando o melhor do Santos versão 2019. Vamos de fio.
Pela segunda partida consecutiva, Domènec inicia o jogo no 4-3-3. Só que com algumas mudanças em relação ao último jogo, principalmente no meio-campo. Arão deu vaga a Thiago Maia, É. Ribeiro a Arrascaeta e Gérson voltou ao time titular.
Só que diferente do que muitos pensavam, Maia não jogou como 1º volante. Esse papel foi desempenhado por Gérson, enquanto Maia jogou mais avançado. E isso não foi nenhuma novidade, já que no jogo anterior vs Botafogo, Maia entrou justamente nessa posição no 2T e jogou muito bem.
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23 Aug
FLA 1x1 BOT
O Botafogo vinha de vitória com um bom desempenho contra o excelente Atlético-MG de Sampaoli. O Fla havia empatado com o Grêmio e entrava pressionado para mostrar alguma evolução das más partidas recentes. Vamos de fio para entender como foi o jogo taticamente...
Diferente das duas partidas anteriores, Domènec não entrou no 4-4-2 aos moldes de seu antecessor. O catalão volta a fazer mudanças estruturais no time desde o início. Saca Gérson e Arrascaeta, sai do 4-4-2 e entra no 4-3-3 com Diego e Pedro Rocha.
No meio-campo do Fla, uma trinca com Arão por trás dos dois meias, Diego e É. Ribeiro. No trio de ataque, Gabigol iniciou aberto na direita, Pedro Rocha pela esquerda e BH fazia o comando de ataque.
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20 Aug
FLA 1x1 GRE
O Flamengo de Domè buscava a 1ª vitória em casa. O Grêmio de Renato havia poupado titulares já na 2ª rodada, prevendo confrontos mais complicados, sendo um deles esse jogo contra o Fla. A expectativa era alta. Mas ficou só na expectativa mesmo. Segue o fio...
Pressionado pelas más atuações recentes, o Fla iniciou a partida novamente no 4-4-2 nos mesmos moldes da época de JJ. Domè parece ter realmente recuado em relação a mudanças mais profundas pelo menos de início nas partidas. Só que havia uma diferença no posicionamento de 2 caras.
Arrascaeta e Bruno Henrique trocavam muito de posição, sobretudo nos primeiros 30 minutos. Arrasca ficava mais centralizado e Bruno ia para o corredor esquerdo. A ideia era tirar a referência dos excelentes zagueiros do Grêmio.
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16 Aug
COXA 0x1 FLA

Um dia antes da partida entre Coritiba e Fla houve uma conversa entre grupo, Domè e comissão. E essa conversa parece ter surtido efeito. O placar foi magro, mas a atuação foi muito superior a das duas primeiras rodadas. Vamos conversar sobre esse jogo nesse fio...
Diferente das mudanças táticas mais bruscas que vimos contra o Atlético-GO, Domè voltou as origens de JJ e entrou no 4-4-2 que a torcida do Fla se acostumou a ver em 2019. Abriu mão da amplitude do jogo posicional e apostou no entrosamento do grupo: aproximação no setor da bola.
Outro fator que retornou foi a saída de 3 com Arão. Nos dois primeiros jogos, Domènec também fez uso da saída de 3, mas nunca com Arão afundando no meio dos 2 zagueiros. Ora era Filipe Luís nessa saída, ora era R. Caio quando atuou improvisado de lateral-direito.
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