Quais os fatores de risco para morrer na Suécia do começo da pandemia por lá até Maio?
-Estudo populacional (7.9 milhões de pessoas) na @NatureComms
-Óbitos COVID19 e outras causas
Maior risco em:
⬆️ Imigrantes, baixa renda e menos educação
⬆️ Não estar casado
Conclusão 👇
O estudo usa as bases populacionais da Suécia que são incríveis de uma longa data. Toda integrada, com identificador único, onde se pode saber toda trajetória, renda individual, educação, etc.
Todos os modelos estão ajustados por idade e completos no suplemento. O tempo de seguimento ainda é curto mas reflete o primeiro momento da pandemia.
Os mesmos fatores aparecem quando estratificado por idade, com maior diferença entre óbito COVID19 comparado a outras causas.
Descrição de um cluster de 19 casos COVID19 no Brasil
Muita gente já escutou famílias inteiras que se infectaram, às vezes internados, ou de uma festa de onde surgiram muitos casos. Já descrito em outros países e o fenômeno de super-propagadores👇
19 confirmados e 21 prováveis
Esse artigo relata 5 famílias que fizeram o isolamento na região costeira do Brasil e se dividiam em 2 casas.
O caso índice provável foi a/o babysitter, numa exposição de 2 horas na fila do banco. Os 5 funcionários dividiam o mesmo quarto, assim q do caso índice, correlacionando
os tempos da doença (intervalo serial, tempo de incubação... falo mais no fio abaixo), foi por onde provavelmente a transmissão se dissipou, embora certamente outros membros tinham contato entre si e entre as casas. 17 dias desde o primeiro ao último caso.
Saiu no @NEJM o trial de tratamento com HCQ para COVID19. Como já sabíamos do pre-print:
- Nenhuma evidencia de benefício em mortalidade
- Evidencia de maior risco para os pacientes.
Mais de 90% dos pacientes com COVID confirmados, tamanho de amostra grande com poder, maior excesso de óbitos por causa cardíaca.
Sem evidencia de beneficio em subgrupos, aliás, quase todos apontando para risco.
Desfechos secundários: menor chance de sair de alta do hospital em 28 dias e maior chance de necessitar de ventilação mecânica ou morrer.
Já estamos tendo algumas evidências sobre sintomas oculares, alterações na retina e agora algumas imagens de evidência do vírus. É esperado pela endotelite (inflamação do endotélio, célula que recobre casos) causada e pelos receptores ACE2
Primeiro uma revisão (simplificada) da anatomia dos olhos: Íris é a parte colorida, a pupila que abre e fecha, a córnea, que é a lente, a parte branca que é a conjuntiva. Para dentro, temos a retina lá no fundo (tipo um tapete), embaixo dela tem monte de vasinhos (coróide), etc.
Uma parte da retina, chama mácula, é onde estão os fotoreceptores (receptores que se estimulam com luz). É onde podemos observar algumas agudas e crônicas em alguns exames (eg, fundo de olho). Aqui para ilustrar a mácula e também os vasinhos fininhos embaixo (vermelho)
Sugiro a leitura deste relatório da missão da OMS na China no começo da pandemia. Explica tanta coisa e parece que quase tudo que se foi descobrindo já estava lá...
São 40 páginas, realçarei alguns pontos numa tradução livre
O vírus: betacoronavírus, efeito citopático em 96h em cultura de células, bloqueio com soro de convalescentes, em animais causando pneumonia multifocal/hiperplasia intersticial; vírus no pulmão e intestino.
Já sequenciaram naquele momento 104 strains, e sem verificar grande evidencia de mutações.
Um preprint do grupo que tem produzido muita ciência traz dados para o entendimento:
Usando sorologia em doadores de sangue e um modelo ajustando para sensibilidade/especificidade do teste, idade/sexo, decaimento
Prevalência acumulada: 66%
Os autores construíram o histórico de prevalências na cidade de Manaus e São Paulo de Fevereiro até Agosto de 2020.
Estudos com doadores de sangue são uma boa fonte, pois o sangue é coletado, armazenado uma parte para exames/sorologia, então temos toda a logística mais fácil.
No casos dos dois bancos de sangue, o material fica estocado por 6 meses após doação (mais sobre isso abaixo).
O teste foi feito o Abbott SARS-CoV-2 chemiluminescence microparticle assay (CMIA), para IgG contra a proteína do nucleopsídio (N). Assim, melhor que os testes rápidos.
Essa é a nova moda de mistificar a pandemia na Europa (junto com "o que seria uma segunda onda"). E muitos não entenderam um ponto crucial sobre epidemias:
Atenção: nenhum indicador é capaz de explicar ou diagnosticar a pandemia.
Falamos e pedimos muito que reportassem e melhorassem a taxa de positividade. E eu tenho certeza que seguiremos pedindo. Ela mostra um aspecto importantíssimo: se está alta (quase todo RT-qPCR é positivo), significa sem dúvida que estamos testando pouco. Ou seja, estamos testando
só os muito graves (como na primeira onda ou primeiro período) ou os muito "óbvios", sintomáticos. Temos que testar contatos, contatos não só próximos, mas cadeias de transmissão, testar surtos, se puder, alguns testes em massa, e assim vai. Se ela está baixa, significa que