Mais uma partida de domínio absoluto do Flamengo. Goleada na casa do rival e um repertório bem interessante de ações ofensivas. Bola parada, lançamento longo, construção com passes curtos e Vitinho. Que partida “daquele que não prestava mais”. Bora de fio tático sobre o jogo.
O Flamengo mais uma vez entrou no 4-2-3-1. Ainda sem Arrascaeta, o escolhido da vez para fazer a função de meia central foi Vitinho. E por características individuais do próprio, a formação as vezes até parecia um 4-4-2, com Vitinho bem próximo de BH como segundo atacante.
No segundo jogo de Vagner Mancini à frente do Corinthians, vimos um 4-2-3-1 com Xavier e Camacho de volantes, M. Vital como meia central, Everaldo e Otero abertos e Boselli no comando de ataque.
O jogo iniciou em ritmo muito lento, muito por conta das muitas pausas para atendimento logo nos primeiros minutos, mas algumas estratégias já davam as caras. A primeira, a marcação alta do Corinthians que dificultava a saída de bola do Fla.
O Fla encontrava certa dificuldade de sair jogando por baixo e até buscava em alguns momentos o jogo direto buscando o pivô de Pedro via lançamento longo. Mas isso não era feito de qualquer jeito. Era algo trabalhado e pensado.
Após o lançamento, os homens de meio subiam rápido para se preparar para vencer a segunda bola ou virarem opções como terceiro homem vindo de trás.
Se Pedro perde o duelo aéreo, a equipe se prepara para recuperar a posse no rebote. Mas se ele consegue fazer o pivô, os homens de meio viram opções de passe. Dome aprendeu muito sobre a importância dessa 2ª bola na passagem como auxiliar na Premier League e aplica isso no Fla.
E o lance do primeiro gol surge justamente num desses lançamentos, provando que não se trata de chutões aleatórios. O Corinthians sobe a pressão no tiro de meta do Fla, Hugo conecta Pedro no passe longo, ele faz o pivô e entrega para F. Luís vindo de trás como terceiro homem.
A jogada se desenrola toda pelo lado esquerdo e vale o destaque na fase terminal da jogada a movimentação de Pedro atraindo dois defensores do Corinthians e deixando espaço na segunda trave para É. Ribeiro e Vitinho entrarem praticamente livres.
Mas a mais importante notícia do 1º tempo era mesmo a boa atuação de Vitinho jogando por trás do centroavante. Com liberdade para flutuar por todos os lados do campo, buscando o entrelinhas, incomodando a última linha de defesa e dominando a zona 14.
Pra quem não sabe o que é a zona 14, imagine o campo de futebol subdividido em 18 zonas a partir de 2 linhas verticais e 6 horizontais. A zona 14 é o quadrante localizado na entrada da área ofensiva e é famosa porque é nela onde a maioria das ações ofensivas de perigo são criadas
Vitinho jogou nessa função na sua segunda passagem pelo CSKA da Rússia e também em alguns momentos no Internacional e fora muitíssimo bem. No Flamengo, jamais havia feito essa função. Desde quando chegou para substituir Vinicius Jr. sempre atuou pelos lados do campo.
Contra o Corinthians, Vitinho fez a melhor partida de um substituto de Arrasca como o meia central no 4-2-3-1 de Dome. Diego e Gérson não foram mal jogando por ali, mas Vitinho é mais dinâmico, raciocina mais rápido e tem um poder de finalização que cai muito bem para a função.
Com ajuda de Vitinho, o Flamengo controlava as ações no 1T. Mas outro fator importante que permitia isso acontecer eram as roubadas de bola no campo ofensivo. Foram 12 no jogo inteiro, sendo dois jogadores se destacando no quesito: Filipe Luís (4) e Thiago Maia (4).
Repare que esses desarmes aconteceram mais pelos lados do campo. Não é coincidência. O Fla fechava bem as linhas de passe pelo centro e obrigava o Corinthians a tentar sair por fora ou dar chutão. Quando tentavam sair pelo lado, o Fla conseguia encontrar o momento de dar o bote.
Mas apesar do domínio rubro-negro, o Fla criava poucas jogadas de perigo real no 1T, o que mudou no 2T. O jogo começou a fluir melhor no terço final e as oportunidades foram aparecendo. Aos 12’ já estava 3x0 e o jogo parecia resolvido.
Aliás, a construção ofensiva que resulta no escanteio do 3º gol é uma posse de quase 1 minuto de um recital do Fla. Desarme e saída de bola perfeitos de Nathan (que rende até salva de palmas de Gérson), movimentação dentro dos quadrantes, virada de jogo, tabela... coisa linda.
Só que Mancini não havia desistido do jogo ainda. As entradas de Luan, Cazares e Mantuan deixaram o Corinthians com 4 homens de frente que começavam a incomodar demais a última linha defensiva do Fla. O fôlego foi renovado e Mancini promoveu mais intensidade na marcação.
Até que numa sequência de bolas paradas, o Corinthians diminui o placar. Parecia até que o time paulista acordaria no jogo. Cazares e Luan quase fizeram o 2º gol numa jogada meio confusa que parou duas vezes em excelentes defesas de Neneca. Mas não passou de um pequeno susto.
E mesmo após o 4º gol tranquilizar ainda mais o jogo para o Fla, Dome achava que os 4 homens de frente do Corinthians incomodavam demais e promoveu uma alteração tática inédita até então no trabalho dele à frente do Flamengo.
Ramon entra no lugar de É. Ribeiro e o esquema do Fla muda para um 3-5-2, sendo Filipe Luís o zagueiro pela esquerda, Ramon e Isla como alas, Arão, Gérson e Diego como meio-campistas e Lincoln e Bruno Henrique como dupla de ataque.
Pele que eu me lembre, é a primeira vez que o Flamengo se defende com linha de 5 com Domènec e o mais bacana, sem necessariamente precisar de 3 zagueiros de ofício em campo.
O 5x1 deixa o Corinthians em situação muito complicada com Mancini sofrendo a pior derrota da história do Corinthians dentro da Arena desde sua construção. Não é um bom começo de trabalho em um time que pelo que parece brigará na parte de baixo da tabela até o fim do campeonato.
Já o Fla de Dome continua pontuando de forma magnífica mesmo num contexto muito desfavorável. 7V e 2E nos últimos 9 jogos. Isso no meio de uma sequência bem bizarra de muitos jogos, COVID, desfalques e data FIFA. A ver qual será a estratégia para dosar o cansaço daqui pra frente.
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Menos de 48h após a última partida, o Flamengo novamente entrou em campo. Ignorar o contexto na análise desse jogo seria leviano, já que ele afeta diretamente o rendimento do time. Vamos trocar uma ideia sobre esse contexto e o que aconteceu dentro das quatro linhas nesse empate.
Não bastasse o elenco todo ter sido infectado por COVID recentemente e o já insano calendário devido a pausa da pandemia, a “cereja do bolo” foi ser submetido a jogar uma partida 48h após o término da anterior. Mas qual é o problema disso?
Estudos fisiológicos indicam que o ápice da fadiga muscular e da sensação de cansaço físico ocorre justamente 48 horas após uma partida. É quando o atleta apresenta maior queda de rendimento. Não há tempo para o cara se recuperar fisicamente.
No meio de uma sequência muito intensa de jogos, o Fla conseguiu vencer mais uma. De novo contra uma equipe extremamente defensiva. Mesmo com alterações na dinâmica ofensiva, o Fla criou e viu um Tadeu fechando o gol. Vamos de fio sobre os aspectos táticos da partida.
De forma surpreendente, Dome escalou o que havia de melhor nas mãos. Nenhum jogador fora poupado. As duas únicas diferenças para o time que jogou contra o Vasco eram o retorno de Nathan e a entrada de Michael no lugar do suspenso Diego.
Apesar da manutenção do 4-2-3-1 houve alteração na dinâmica ofensiva pelo lado direito do campo. Isso porque Michael jogou no setor e Gérson foi deslocado para meia central. Desta maneira, o Fla passava a ter pontas mais agudos e de profundidade dos dois lados do campo.
“Clássico é clássico e vice-versa”. Essa folclórica frase que ficou famosa diz um pouco sobre o que foi esse Vasco e Flamengo. A partida não teve alta qualidade tática ou técnica, mas foi disputada e até divertida de se ver. Vamos de fio.
O Fla permanecia com os desfalques dos selecionáveis e agora também de Isla, liberado para jogar a 2ª partida do Chile na data FIFA. Nathan descansou e Léo Pereira teve nova oportunidade. O 4-2-3-1 foi mantido com Diego na meia central e Gérson na meia-direita.
O Vasco comandado por Alexandre Grasseli, treinador do sub-20 do clube que esteve como interino após a (bizarra) demissão de Ramon, fez algumas mudanças. Jogadores contestados pela torcida como Yago Pikachu e Fellipe Bastos perderam vaga.
Um 1º tempo modorrento. Do jeito que o Sport queria e Jair planejou. Mas a leitura de jogo de Dome e a análise de como encontrar os espaços deixados pelo adversário fizeram a diferença no 2º tempo. Segue o fio e vamos trocar uma ideia sobre como Dome mudou o jogo.
Dome manteve o 4-2-3-1 e mesmo com os desfalques de Arrascaeta e ER7, armou o time para tentar manter ao máximo a estrutura do time. Diego entrou como meia central e Gérson empurrado para a meia-direita, dando espaço a volta de T. Maia como volante.
Gérson é talvez o jogador com características mais parecidas a de É. Ribeiro no elenco. Meia canhoto, tem como tendência puxar as jogadas pra dentro, abrindo o corredor para Isla atacar. Mesma dinâmica que ocorre quando ER7 está em campo.
QUAL ATACANTE TEM MAIS PODER DE FOGO NO BRASILEIRÃO?
Análise gráfica da relação entre número de finalizações e taxa de conversão dos atacantes pode mostrar algumas conclusões interessantes. Veja como está o atacante do seu time e entenda o gráfico nesse fio.
Perceba que o gráfico tem 4 quadrantes: 1) Superior direito- muita finalização com alta conversão 2) Inferior direito - muita finalização, mas baixa conversão 3) Inferior esquerdo - pouca finalização com baixa conversão 4) Superior esquerdo - pouca finalização, mas alta conversão
No quadrante superior direito temos jogadores que conseguem finalizar bastante e convertem grande parte das chances que tem. É o melhor dos dois mundos e é, portanto, os atacantes de maior destaque no gráfico. São eles: Thiago Galhardo, Pedro, Marinho e R. Kayser.
Se o Flamengo teve o retorno de alguns jogadores importantes no time titular, Eduardo Barros trouxe um CAP praticamente todo reserva. O Athletico não perdia há 6 jogos e até fez bom início de 1T, mas não conseguiu segurar um Fla que cresceu demais na segunda etapa. Segue o fio.
O 4-2-3-1 ganha cada vez mais sequência no Flamengo. Apesar do retorno dos laterais titulares, o Fla não tinha Thiago Maia poupado por desgaste físico. Assim, a dupla de volantes teve Arão e Gérson. Na linha de meias, BH na esquerda, Vitinho na direita e Arrascaeta por dentro.
Do lado do CAP, nomes importantes como Wellington, Erick, Christian e Cittadini foram poupados devido à sequência pesada de jogos e Eduardo Barros trouxe um time bem alternativo. 4-4-2 com losango no meio e destaque para o recém contratado Renato Kayzer no comando de ataque.