O Internacional de Eduardo Coudet é híbrido, físico, intenso e entende os momentos do jogo. Essas são algumas das características do time que o Flamengo vai enfrentar no próximo domingo valendo a liderança do Brasileirão. Vamos analisar o bom time do Inter nesse fio.
No cargo há 10 meses, Coudet carrega suas ideias de jogo desde os tempos de Rosario e Racing. A formação padrão é o 4-1-3-2 com uma linha de meias pautada pela pouca exigência criativa. Isso porque no estilo de jogo de Coudet a intensidade é mais importante que a criatividade.
No Brasil, Coudet sofre críticas por utilizar muitos volantes e alguns chegam a dizer que Coudet é retranqueiro. Pura viagem. Apesar de volantes por natureza, as funções desses meio-campistas são diferentes e ao mesmo tempo complementares.
Lindoso tem se firmado no papel do 1º volante que desce no meio dos zagueiros para fazer a saída de 3. Mas o Inter sabe variar na construção usando Uendel, que é peça importante fazendo as vezes a saída de 3 e as vezes fixando a marcação numa saída em 3+2.
Já o meia-central da linha de 3 meias, função recentemente cumprida por Edenílson, não tem o papel de um “camisa 10” articulador e organizador. As exigências são mais defensivas e de participação na construção do que de dar assistências.
Na saída de bola, esse meia-central é quem vai dar opção de passe pelo centro. Já quando a bola chega ao ataque, ele fica em posição mais recuada para, caso haja perda da posse, tentar ganhar a sobra ou fazer pressão pós-perda imediata pra evitar o contra-golpe.
Indo para os meias externos da linha de 3 do 4-1-3-2, identificamos a função de flutuar no entrelinhas adversário, atuando mais por dentro e abrindo o corredor para a subida dos laterais que ficam bem abertos dando amplitude.
E lá na frente, os dois atacantes se revezam em duas funções. Enquanto um controla a profundidade, o outro busca gerar linhas de passe no entrelinhas e arrastar a marcação de um dos zagueiros. De maneira geral, o posicionamento com bola fica numa espécie de 3-1-4-2.
Quando consegue avançar, o Inter usa os lados do campo e costuma atacar a área adversária com muitos jogadores, criando igualdade ou até superioridade numérica. Os meias interiores participam muito dessa fase e, eventualmente, até o lateral do lado oposto aparece por ali.
Mas a principal arma do Inter não é a construção desde trás, e sim a pressão pós-perda intensa e organizada. Para tal, o Inter sobe os blocos, fica bem alto em campo e os atacantes buscam fechar as linhas de passe pelo meio e forçar o adversário a sair pelos lados.
Quando isso acontece, os 4 homens de meio se juntam aos atacantes e fazem uma marcação por encaixes, sem deixar nenhum adversário livre para receber a bola. E isso de forma bem intensa, mordendo o tempo inteiro o portador da bola e buscando retomar a posse ainda no terço final.
Um número curioso associado a essa pressão é que o Inter é o time que mais desarma nos primeiros 15 minutos de jogo. Isso mostra a alta intensidade que o Inter impõe no início das partidas, sobretudo quando joga em casa. Dome precisa ficar atento a esse abafa inicial.
Nos casos em que o desarme não é realizado, o Inter tenta forçar o adversário a dar o chutão. Quando isso acontece, o time se arma para a disputa da segunda bola, com os jogadores que subiram para fazer a pressão retornando na direção onde a bola foi lançada.
O objetivo é tentar gerar superioridade no entorno da disputa aérea para disputa da 2ª bola. Isso faz com que seja mais fácil a bola sobrar para alguém do próprio Inter ou, no caso de a posse ser mantida pelo adversário, ter bastante gente próximo para pressionar e retomar a bola
Mas se engana quem acha que essa pressão alta do Inter é feita a torto e a direito durante os 90’. O time de Coudet é híbrido e sabe ser tanto proativo, quanto reativo. E o placar do jogo tem muita influência nisso.
Quando em desvantagem no placar, a pressão alta aparece e a posse de bola tende a ser maior. Mas quando em vantagem, o time abdica da posse e diminui a intensidade da pressão alta, sem se importar muito em passar mais tempo postado em momento defensivo.
Peguemos o jogo contra o Vasco como exemplo. O Inter iniciou de forma muito intensa e fazendo muita pressão alta. Terminou o 1T com 62% de posse de bola e abriu de 2x0. Na volta do intervalo, já com a vantagem, o Inter abdicou da pressão e terminou o 2T com apenas 41% de posse.
Ao se defender e se colocar em momento defensivo, o bloco de marcação do time gaúcho se posta com duas linhas de 4 + os dois atacantes à frente pressionando os zagueiros na saída de bola, formando um sistema defensivo bem compacto em 4-4-2.
Outro ponto de destaque do time gaúcho são as bolas paradas ofensivas. 7 dos 28 (25%) gols do Inter no BR 2020 foram assim (não inclui os gols de pênalti nessa conta). Justamente um dos principais pontos fracos do Fla, que tem cedido gols de bola parada com certa frequência.
O principal destaque individual do time é Galhardo. Meia de origem, começou a atuar como atacante após a séria contusão de Paolo Guerrero e se firmou na posição. Tem bom poder de finalização e sabe flutuar no entrelinhas e se associar fora da área.
Além disso, é artilheiro do campeonato com 14 gols e líder em assistências com 5. Precisa de apenas 56’ em campo para participar de um gol e converte a gol nada mais, nada menos, que 42% das finalizações que tenta. Os números são expressivos e impressionantes.
Outros dois jogadores que podemos destacar são Patrick e Edenílson. O primeiro é peça importante no funcionamento da pressão alta e é top10 no campeonato em média de desarmes por jogo. Já o segundo também é fundamental na pressão alta e está em excelente fase.
Mas então qual seria o caminho para o Flamengo conseguir vencer o Inter? Afinal, como todo time de futebol, o Inter tem defeitos. E um deles está associado justamente a um dos pontos fortes desse time: os encaixes de marcação na pressão alta.
Por vezes, principalmente na lateral-direita, a subida de pressão resulta na subida também de um dos laterais, deixando um espaço às costas no corredor que pode ser bem aproveitada com lançamentos em profundidade. Uma pena Bruno Henrique estar suspenso desse jogo.
O Inter de Coudet é excelente time. A expectativa é de jogão. Conseguir sair da pressão alta, explorar os espaços deixados pelos encaixes feitos nessa pressão e melhorar na bola parada defensiva podem indicar o caminho para o Flamengo conseguir um triunfo em Porto Alegre.
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Para o Flamengo o jogo era quase protocolar e isso permitiu que Dome poupasse vários jogadores. Mas mesmo muito mexida, a identidade tática da equipe permaneceu e foi vista na saída de bola, na ocupação racional de espaços, na bola parada... Vamos de fio tático sobre a partida.
Já classificado para as oitavas e precisando apenas de um empate para garantir o 1º lugar do grupo, Dome optou por poupar praticamente todos os jogadores disponíveis para a importante partida contra o Internacional pelo Brasileirão no domingo.
O 4-2-3-1 foi mantido e a mudança mais brusca no 11 inicial foi na posição do meia/ponta direita. Michael possui características completamente diferentes de É. Ribeiro e isso muda um pouco a dinâmica ofensiva pelo setor, afinal Michael e Matheuzinho rendem mais atacando por fora.
Mais uma partida de domínio absoluto do Flamengo. Goleada na casa do rival e um repertório bem interessante de ações ofensivas. Bola parada, lançamento longo, construção com passes curtos e Vitinho. Que partida “daquele que não prestava mais”. Bora de fio tático sobre o jogo.
O Flamengo mais uma vez entrou no 4-2-3-1. Ainda sem Arrascaeta, o escolhido da vez para fazer a função de meia central foi Vitinho. E por características individuais do próprio, a formação as vezes até parecia um 4-4-2, com Vitinho bem próximo de BH como segundo atacante.
No segundo jogo de Vagner Mancini à frente do Corinthians, vimos um 4-2-3-1 com Xavier e Camacho de volantes, M. Vital como meia central, Everaldo e Otero abertos e Boselli no comando de ataque.
Menos de 48h após a última partida, o Flamengo novamente entrou em campo. Ignorar o contexto na análise desse jogo seria leviano, já que ele afeta diretamente o rendimento do time. Vamos trocar uma ideia sobre esse contexto e o que aconteceu dentro das quatro linhas nesse empate.
Não bastasse o elenco todo ter sido infectado por COVID recentemente e o já insano calendário devido a pausa da pandemia, a “cereja do bolo” foi ser submetido a jogar uma partida 48h após o término da anterior. Mas qual é o problema disso?
Estudos fisiológicos indicam que o ápice da fadiga muscular e da sensação de cansaço físico ocorre justamente 48 horas após uma partida. É quando o atleta apresenta maior queda de rendimento. Não há tempo para o cara se recuperar fisicamente.
No meio de uma sequência muito intensa de jogos, o Fla conseguiu vencer mais uma. De novo contra uma equipe extremamente defensiva. Mesmo com alterações na dinâmica ofensiva, o Fla criou e viu um Tadeu fechando o gol. Vamos de fio sobre os aspectos táticos da partida.
De forma surpreendente, Dome escalou o que havia de melhor nas mãos. Nenhum jogador fora poupado. As duas únicas diferenças para o time que jogou contra o Vasco eram o retorno de Nathan e a entrada de Michael no lugar do suspenso Diego.
Apesar da manutenção do 4-2-3-1 houve alteração na dinâmica ofensiva pelo lado direito do campo. Isso porque Michael jogou no setor e Gérson foi deslocado para meia central. Desta maneira, o Fla passava a ter pontas mais agudos e de profundidade dos dois lados do campo.
“Clássico é clássico e vice-versa”. Essa folclórica frase que ficou famosa diz um pouco sobre o que foi esse Vasco e Flamengo. A partida não teve alta qualidade tática ou técnica, mas foi disputada e até divertida de se ver. Vamos de fio.
O Fla permanecia com os desfalques dos selecionáveis e agora também de Isla, liberado para jogar a 2ª partida do Chile na data FIFA. Nathan descansou e Léo Pereira teve nova oportunidade. O 4-2-3-1 foi mantido com Diego na meia central e Gérson na meia-direita.
O Vasco comandado por Alexandre Grasseli, treinador do sub-20 do clube que esteve como interino após a (bizarra) demissão de Ramon, fez algumas mudanças. Jogadores contestados pela torcida como Yago Pikachu e Fellipe Bastos perderam vaga.
Um 1º tempo modorrento. Do jeito que o Sport queria e Jair planejou. Mas a leitura de jogo de Dome e a análise de como encontrar os espaços deixados pelo adversário fizeram a diferença no 2º tempo. Segue o fio e vamos trocar uma ideia sobre como Dome mudou o jogo.
Dome manteve o 4-2-3-1 e mesmo com os desfalques de Arrascaeta e ER7, armou o time para tentar manter ao máximo a estrutura do time. Diego entrou como meia central e Gérson empurrado para a meia-direita, dando espaço a volta de T. Maia como volante.
Gérson é talvez o jogador com características mais parecidas a de É. Ribeiro no elenco. Meia canhoto, tem como tendência puxar as jogadas pra dentro, abrindo o corredor para Isla atacar. Mesma dinâmica que ocorre quando ER7 está em campo.