Sinceramente, não gosto desse "assunto do momento" nas transmissões. Acaba servindo apenas como megafone para a toxicidade das redes sociais. E nem é contínuo, algo sempre visível.
Alguém escolhe o momento de pinçar o assunto.
Acho que nunca vi nada positivo destacado ali.
Não acho que os "assuntos" sejam simplesmente inventados pelos jornalistas. Mas acho sim que ajudam a montar a narrativa do jogo e, normalmente, essa narrativa vem nascendo mais por sentimentos negativos do que qualquer outra coisa.
Me parece uma escolha pelo sensacionalismo
Além disso, a interpretação do "assunto" acaba sendo definida na cabine de transmissão. Se o goleiro toma um frango, o nome dele aparece nos "assuntos do momento". Não importa se, na verdade, a torcida estiver em peso o perdoando pelo erro — a impressão será de massacre coletivo.
Afinal de contas, o jogo é uma história. Quem transmite constrói a narrativa (às vezes mais conectada à realidade, às vezes menos) para contar essa história e, assim, influencia quem assiste — muito mais profundamente do que a gente gosta de admitir.
• • •
Missing some Tweet in this thread? You can try to
force a refresh
Hoje o Flamengo pode ser resumido em uma palavra: erro.
Erro de escalação, de estratégia, de preparação mental, erro técnico, tático, até físico. Erro individual e erro coletivo.
Tudo, absolutamente tudo, foi errado. Parece que não aprendemos nenhuma lição nas últimas semanas.
É até fácil falar depois que deu errado. Mas mesmo voltando ao início, tentando entender o processo de decisão para chegar no jogo, nada faz sentido.
Domenec insistiu em uma escolha impopular: manteve Gustavo Henrique na zaga.
Dá pra dizer que ninguém mais faria isso, já que o zagueiro vem muito mal, errando tudo, falhou feio nos dois últimos jogos decisivos e psicologicamente parece não estar aguentando o rojão.
Bruno Henrique chegou ao Flamengo como aposta. Terminou 2019 sendo eleito o melhor jogador do Campeonato Brasileiro. Em um time cheio de estrelas em grande fase, há quem diga que foi o jogador mais importante do ano. De fato, não é nenhum absurdo.
Segue o fio aí…
Gerson ganhou o apelido de “coringa”, pela versatilidade demonstrada logo nos primeiros jogos, mas talvez a alcunha caísse ainda melhor em Bruno Henrique. Com Jorge Jesus, o atacante atuou consistentemente em cinco posições diferentes. Foi bem em todas!
O Mister variava bastante as formações entre os jogos e também dentro das partidas. Era comum começar com uma estrutura e mudar — às vezes mais de uma vez — o posicionamento durante os 90 minutos, mesmo sem substituições. BH era fundamental para isso.
Já falei muito sobre o jogo de ontem lá no Telegram. Infelizmente não terei tempo para escrever aqui.
O resumo é: como sempre, pontos positivos e pontos negativos. Mesmo em jogos seguros, o Flamengo ainda tem falhas importantes que dificultam muito o jogo.
Obviamente, a grande preocupação continua sendo a defesa. Acho que um bom resumo é o último texto que publiquei antes do jogo.
Ontem, especialmente no primeiro tempo, a defesa até ficou menos exposta. Mas os erros de saída de bola levaram muito perigo...
A defesa do Flamengo vem mal e isso não é segredo para ninguém. Um time que pretende ser campeão não pode levar 25 gols em 19 jogos. Há muitas falhas individuais e muitos problemas coletivos. O sistema defensivo não se acerta.
Por quê?
Vamos a um breve mergulho...
É impossível desconsiderar o contexto atípico dessa temporada. Já sabíamos que seria um processo difícil, com pouco tempo, muitos jogos, muitas lesões, convocações, covid, verão e ausência de torcida. Uma receita inédita.
Isso tudo tornou o Campeonato Brasileiro, que já é meio maluco por natureza, ainda mais aleatório. Não parece ser coincidência que nesse ano tenhamos o “campeão do primeiro turno” com a menor pontuação neste formato de torneio.
Criticar as atuações individuais hoje é chover no molhado. Jogo terrível do Flamengo em todos os aspectos. Além dos muitos erros, um tanto de azar e coisas inexplicáveis como dois pênaltis MUITO mal batidos e assistência de goleiro.
Na verdade, acho que dá pra dividir o jogo em quatro momentos distintos.
Nos primeiros 15 minutos, o Flamengo foi superior, conseguiu manter a bola, controlar o São Paulo e variar a saída curta e longa. Abriu o placar merecidamente e continuou fazendo seu jogo...
Mesmo assim, um problema persistia. O mesmo problema de sempre. A compactação defensiva, é claro.
Quando não tinha a bola, o time subia para pressionar, mas a defesa não acompanhava ou até recuava. Ficava, como tem ficado, um buraco. A questão era o São Paulo saber explorar.
É claro que o pênalti consagra o goleiro, é a cereja do bolo.
Mas essa defesa aqui é a mais impressionante. É o que define Neneca com perfeição.
A primeira defesa é incrível. O reflexo, seriedade, precisão e explosão pro rebote são de outro mundo!
A maneira como ele reajusta constantemente o posicionamento é fenomenal. A cada movimento de um jogador do CAP, se recoloca e prepara para explodir.
Compare com Lomba. O goleiro colorado só se prepara para defender no último momento. Resultado: nem pula
Ele é muito grande, mas parece um grande boxeador, sempre com um jogo de pernas afiado, sempre calibrando a distância e perfeitamente atento a cada pequeno movimento do adversário. Tem um tempo de reação absurdo por isso.
Até aqui, uma trajetória absolutamente impressionante!