Hoje o Flamengo pode ser resumido em uma palavra: erro.

Erro de escalação, de estratégia, de preparação mental, erro técnico, tático, até físico. Erro individual e erro coletivo.

Tudo, absolutamente tudo, foi errado. Parece que não aprendemos nenhuma lição nas últimas semanas.
É até fácil falar depois que deu errado. Mas mesmo voltando ao início, tentando entender o processo de decisão para chegar no jogo, nada faz sentido.
Domenec insistiu em uma escolha impopular: manteve Gustavo Henrique na zaga.

Dá pra dizer que ninguém mais faria isso, já que o zagueiro vem muito mal, errando tudo, falhou feio nos dois últimos jogos decisivos e psicologicamente parece não estar aguentando o rojão.
Porém, ele é o tomador de decisão, tem mais informações que nós e poderia estar pensando uma estratégia específica, recuando as linhas, protegendo mais a zaga e aproveitando GH na bola aérea, sei lá. Poderia haver algo a mais por trás da decisão.
Mas não... Veio com linhas adiantadas, forçando um jogo de peito aberto contra um adversário veloz, expondo as costas da defesa, justamente a pior característica de GH, mesmo em momentos bons! (E a pior de Isla também, aliás)
Do ponto de vista do tomador de decisão, é difícil bancar uma decisão impopular (e que tem motivo para ser impopular). Afinal, qualquer decisão pode dar errado, mas errar fazendo aquilo que todo mundo está dizendo para não fazer é mil vezes pior do que errar tentando algo novo!
Manter essa decisão sem ter um plano muito bem pensado para mitigar os problemas dela é incompreensível.
O mesmo vale para as substituições. Qualquer estratégia vai por água abaixo quando o adversário faz 2x0 em 8 minutos. O Atlético mudou e passou a jogar muito recuado. O contexto do jogo era outro.
Assim, havia a necessidade de mudar a estratégia e a possibilidade de mudar a formação, trocar jogadores... É muito, muito difícil justificar a volta do intervalo sem substituições ou qualquer alteração estrutural no time.
Aliás, mesmo antes do jogo uma decisão gerou polêmica: Domenec decidiu mandar Noga e Ramon para o jogo do sub-20. De fato, se ele acha que os dois são "segundo reserva", pode querer que mantenham ritmo de jogo.
O problema é que, há algumas semanas, quando o Corinthians cresceu no jogo, Ramon entrou para formar uma linha de cinco e o time melhorou. Talvez tenha sido a melhor substituição de Domenec até aqui, em todos os jogos.
Ali nasceu mais uma alternativa tática muito interessante e que poderia ser muito útil hoje, caso O Fla estivesse vencendo o jogo no fim, por exemplo.

Mesmo considerando Renê o reserva imediato, Ramon poderia estar no banco pensando nisso.
Por fim, vem uma questão sutil, mas importante. No jogo contra o Del Valle, por exemplo, Domenec "desistiu" depois do 2x0 e fez várias substituições. O placar terminou em vexame absoluto.
Tudo bem, nada estava dando certo ali e dificilmente o Fla conseguiria alguma coisa. Desistir do jogo não é da nossa natureza, mas nem dá pra crucificar. O problema é que, em vez de estancar a sangria e parar ali, as substituições abriram ainda mais o time e geraram o desastre!
Não é possível que não tenhamos aprendido nada ali. Não é possível que, de novo, com o placar definido, o Flamengo tenha colocado mais atacantes e se exposto ainda mais! Simplesmente não é possível!
É sempre importante a gente olhar o desempenho, não apenas os resultados. Olhar as escolhas, não apenas o resultado delas.

Esse olhar não deixa a menor dúvida: um erro atrás do outro. Que horror.
É claro que alguns jogadores estão muito mal. O gol que o Bruno Henrique perdeu no início do segundo tempo não existe.

A responsabilidade é de todos, mas hoje me lembrei de uma ex-namorada cinéfila. Ela disse uma frase que eu nunca esqueci...
"Quando um ator vai mal em um filme, a culpa é dele. É um ator ruim. Quando todos os atores vão mal, a culpa é do diretor."

Hoje, Domenec, não tem nem o que dizer.

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10 Nov
O FLA DE CENI - PARTE 1: As comparações com o Fortaleza

Rogério Ceni chega ao Flamengo com o respeito conquistado no seu bom trabalho no Fortaleza. Lá, ajudou a reestruturar o clube, chegou a mais de 150 jogos e se tornou ídolo.

O que essa passagem tem a nos dizer? Image
A primeira conclusão parece óbvia. Afinal, o grande problema do Flamengo hoje é defensivo e ninguém nega



Trazer o comandante da defesa menos vazada do Brasileirão parece fazer sentido… Mas será que dá para pensar assim?
Algumas pessoas já não aguentam mais me ouvir falar a palavra “contexto”. Prometo repetir só mais uma vez: futebol é contexto!

Além disso, futebol é contexto. E não podemos esquecer que futebol é contexto!
Read 31 tweets
8 Nov
Sinceramente, não gosto desse "assunto do momento" nas transmissões. Acaba servindo apenas como megafone para a toxicidade das redes sociais. E nem é contínuo, algo sempre visível.

Alguém escolhe o momento de pinçar o assunto.

Acho que nunca vi nada positivo destacado ali.
Não acho que os "assuntos" sejam simplesmente inventados pelos jornalistas. Mas acho sim que ajudam a montar a narrativa do jogo e, normalmente, essa narrativa vem nascendo mais por sentimentos negativos do que qualquer outra coisa.

Me parece uma escolha pelo sensacionalismo
Além disso, a interpretação do "assunto" acaba sendo definida na cabine de transmissão. Se o goleiro toma um frango, o nome dele aparece nos "assuntos do momento". Não importa se, na verdade, a torcida estiver em peso o perdoando pelo erro — a impressão será de massacre coletivo.
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7 Nov
Bruno Henrique chegou ao Flamengo como aposta. Terminou 2019 sendo eleito o melhor jogador do Campeonato Brasileiro. Em um time cheio de estrelas em grande fase, há quem diga que foi o jogador mais importante do ano. De fato, não é nenhum absurdo.

Segue o fio aí…
Gerson ganhou o apelido de “coringa”, pela versatilidade demonstrada logo nos primeiros jogos, mas talvez a alcunha caísse ainda melhor em Bruno Henrique. Com Jorge Jesus, o atacante atuou consistentemente em cinco posições diferentes. Foi bem em todas!
O Mister variava bastante as formações entre os jogos e também dentro das partidas. Era comum começar com uma estrutura e mudar — às vezes mais de uma vez — o posicionamento durante os 90 minutos, mesmo sem substituições. BH era fundamental para isso.
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5 Nov
Já falei muito sobre o jogo de ontem lá no Telegram. Infelizmente não terei tempo para escrever aqui.

O resumo é: como sempre, pontos positivos e pontos negativos. Mesmo em jogos seguros, o Flamengo ainda tem falhas importantes que dificultam muito o jogo.
Obviamente, a grande preocupação continua sendo a defesa. Acho que um bom resumo é o último texto que publiquei antes do jogo.

Ontem, especialmente no primeiro tempo, a defesa até ficou menos exposta. Mas os erros de saída de bola levaram muito perigo...

O futebol é o "jogo de uma bola". Um erro capital tem um peso muito diferente do vôlei e do basquete, por exemplo.

Às vezes, uma única bola coloca tudo a perder.

Ontem, só no primeiro tempo, foram três

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4 Nov
A defesa do Flamengo vem mal e isso não é segredo para ninguém. Um time que pretende ser campeão não pode levar 25 gols em 19 jogos. Há muitas falhas individuais e muitos problemas coletivos. O sistema defensivo não se acerta.

Por quê?

Vamos a um breve mergulho...
É impossível desconsiderar o contexto atípico dessa temporada. Já sabíamos que seria um processo difícil, com pouco tempo, muitos jogos, muitas lesões, convocações, covid, verão e ausência de torcida. Uma receita inédita.

Isso tudo tornou o Campeonato Brasileiro, que já é meio maluco por natureza, ainda mais aleatório. Não parece ser coincidência que nesse ano tenhamos o “campeão do primeiro turno” com a menor pontuação neste formato de torneio.

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1 Nov
Criticar as atuações individuais hoje é chover no molhado. Jogo terrível do Flamengo em todos os aspectos. Além dos muitos erros, um tanto de azar e coisas inexplicáveis como dois pênaltis MUITO mal batidos e assistência de goleiro.
Na verdade, acho que dá pra dividir o jogo em quatro momentos distintos.

Nos primeiros 15 minutos, o Flamengo foi superior, conseguiu manter a bola, controlar o São Paulo e variar a saída curta e longa. Abriu o placar merecidamente e continuou fazendo seu jogo...
Mesmo assim, um problema persistia. O mesmo problema de sempre. A compactação defensiva, é claro.

Quando não tinha a bola, o time subia para pressionar, mas a defesa não acompanhava ou até recuava. Ficava, como tem ficado, um buraco. A questão era o São Paulo saber explorar.
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