A gente ainda vai colecionar lições deste pleito municipal para composição de chapas com vistas 2022.
Mas uma delas tem de ser aprendida num erro tático do Bruno Covas nesta eleição de São Paulo.
É a escolha do vice.
Fio rápido.
Caso Jair Bolsonaro sobreviva à crise imensa que virá em 2021 — e não é certo que sobreviverá —, o Brasil provavelmente ainda estará num ciclo conservador.
Digamos, pois, que Bolsonaro vá a um hipotético segundo turno em 2022.
Isto quer dizer que o candidato à presidente que for disputar com ele tem de ser atraente para eleitores de centro-esquerda.
Não basta levar os votos de quem não vota em Bolsonaro.
Precisa tirar votos de Bolsonaro.
Mas o que nos diz o vice de Bruno Covas?
Que um balanço delicado é importante.
Não pode, tampouco, ser um candidato que espante gente moderada ou gente de esquerda.
Muitos paulistanos não vêem qualquer radicalismo em Covas. Mas temem, com razão, que ele deixe a prefeitura para se lançar candidato a governador.
Para quem considera Boulos à esquerda demais mas tem horror ao Bolsonarismo, a chapa Bruno Covas impõe um custo alto em troca do voto.
Tem um dilema aí.
Não parece, pelas pesquisas, que isto vai tirar de Covas a vitória. Mas o vice vai custar votos em quantidade.
Da mesma maneira, chapas fortes anti-Bolsonaro para 2022 têm de ser atraentes à centro-direita sem causar ojeriza à esquerda.
Um Sérgio Moro, por exemplo, é um preço alto para um eleitor de esquerda pagar para tirar Bolsonaro.
Não é o único caso.
Composição de chapas, em certas eleições, quer dizer quase nada.
Noutras, é uma arte.
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Esquerda e direita, muitas vezes, fazem de conta que não existe.
Tudo certo, é estratégia eleitoral: melhor pintar ‘o outro lado’ como uma coisa só.
Vira briga de mocinho e bandido, mais fácil de explicar.
Só que o mundo é complicado.
Existem vários centros, na verdade.
O mais comum é um que mistura uma visão em geral descrita como de esquerda das questões sociais e de costumes com uma em geral descrita como de direita da economia.
O que isso quer dizer?
Ora...
Isso quer dizer que reconhece que o Brasil é um país desigual pacas, que o Estado precisa atuar neste problema. Reconhece a liberdade para fumar um baseado, de casar com quem se ama, da mulher de escolher e de que o Meio Ambiente é causa urgente, imediata.
‘Todo mundo também dizia que Hillary ia ganhar. Essas pesquisas não são confiáveis.’
Vc já ouviu isso?
Donald Trump tem chances vencer?
Claro que tem.
Mas 2020 é muito diferente de 2016 e é importante compreender o que houve de ‘errado’ com as previsões daquele ano.
Primeiro: as pesquisas nacionais não erraram. Hillary venceu a eleição. Mas não é o voto popular que elege quem preside os EUA. É o Colégio Eleitoral, escolhido de acordo com o resultado dos pleitos de cada estado.
Quase sempre dá na mesma. Em 2000 não foi, em 2016 também não.
As pesquisas estaduais variam em acurácia. Primeiro porque é mais difícil, mesmo, com amostras menores. Depois porque, em alguns casos, prestava-se menos atenção.
Em algumas, no Cinturão da Ferrugem, o erro médio foi ligeiramente superior ao habitual.
Sendo criticado ao mesmo tempo por gente que tem argumentos consistentes, gente que respeito como @pablo_ortellado e @ctardaguila, e, ao mesmo tempo, gente que está sempre do mesmo lado não importa o quê. Nomes que não vou citar.
O debate é o seguinte: o @nypost publicou uma reportagem na qual diz ter um email em que um ucraniano corrupto agradece a Hunter Biden, filho do candidato democrata à presidência dos EUA Joe Biden, por ter promovido um encontro com seu pai, quando vice-presidente.
Que evidências que o Post apresenta de que o email é real? Nenhuma.
Que evidências que o Post apresenta de que o encontro ocorreu? Nenhuma.
A campanha de Biden tem fortes indícios de que Biden teria outro compromisso na hora.