O ano era 1982. O governo militar argentino estava em maus lençóis. O modelo econômico dos anos 70 havia se esgotado no início dos anos 80. O país estava mergulhado em uma profunda recessão, a inflação anual ultrapassava a marca de 90% e a classe média empobrecia rapidamente.
O que um governo ultranacionalista pode fazer diante de tamanha crise? Declarar uma guerra. Foi assim que a Argentina decidiu retomar as Ilhas Malvinas do controle britânico.
Mas os generais subestimaram a situação e o tiro saiu pela culatra. Afinal, mesmo com seu poderio militar concentrado a meio mundo de distância, o Reino Unido não tinha o menor interesse em perder um confronto bélico no auge da Guerra Fria e em ano eleitoral.
Os argentinos se renderam no dia 14 de junho, pouco mais de dois meses após a primeira invasão. Um dia antes, a seleção estreava na Copa de 82 sendo derrotada para a Bélgica. A TV britânica não transmitiu nenhum lance do confronto.
Mas o destino não é bobo, e quatro anos depois colocou Argentina e Inglaterra frente a frente, mas desta vez na Copa de 86.
Diego Armando Maradona se mostrou maior que qualque general, qualquer submarino nuclear, porta-aviões ou serviço de espionagem.
Abriu o placar partindo para cima e meio time inglês, tocando de lado e completando para o gol com um soco na bola. Ao sair do campo, teve a audácia de dizer que o gol foi marcado pela "mão de Deus".
Poucos minutos depois, enfrentou não apenas meio time, mas quase todos os adversários. Passou por eles como se os jogadores fossem feitos de papel, e marcou um dos gols mais emblemáticos da história do futebol.
“Foi mais do que vencer um time. Derrotamos um país. Dissemos que o esporte nada tinha a ver com as Malvinas, mas sabíamos que, na guerra, morreram muitos argentinos, baleados como pássaros. Aquilo era a vingança.”, disse o próprio Maradona.
A Argentina, abandonada pelos aliados na guerra, magoada e humilhada na rendição, se vingava, de certa maneira, do jeito que sabia: com a bola.
• • •
Missing some Tweet in this thread? You can try to
force a refresh
Na semifinal da Copa de 1990, as duas últimas campeãs se enfrentavam. O maior desafio da Itália era parar o gênio Maradona, mas pelo menos tinha a vantagem de jogar em casa... Ou melhor... Será?
Os melhores jogadores e os melhores times do mundo estavam na Serie A. Naquela temporada, o Milan de Arrigo Sacchi encantava o mundo, revolucionava o futebol e vencia a Copa dos Campeões da Europa pela segunda vez consecutiva.
A Juventus conquistava a Copa da UEFA, enquanto a Sampdoria vencia a Recopa Europeia.
A Internazionale, mesmo sem títulos, tinha um timaço — e havia vencido a temporada anterior com sobras.
Um jovem Roberto Baggio despontava na Fiorentina...
Peço licença para contar uma pequena história, fazer uma indicação e terminar com um pedido.
No final, claro, tudo tem a ver com futebol.
Em um cantinho da Costa Verde, perto de Paraty, há uma comunidade caiçara cheia de gente de verdade. Gente simples, que vive da pesca, do turismo e das conexões humanas...
Ponta Negra é um lugar mágico.
Há dez anos, o Coletivo João do Rio organiza uma mostra de cinema lá e leva, por alguns dias, filmes nacionais à comunidade que não tinha luz elétrica até 2018.
Quem já pisou no Maracanã conhece a magia do momento em que milhares de corações passam a bater no mesmo ritmo.
Desfazer-se na multidão, deixar de ser um e passar a ser muitos. Talvez essa seja a experiência mais transcendental — e ao mesmo tempo mais humana — que existe.
Há exatamente um ano, vivemos a versão mais radical dessa experiência. Por um segundo, quarenta milhões de corações não apenas bateram em sintonia: simplesmente pararam de bater.
O tempo congelou. Por um segundo, a Terra ficou em silêncio.
Meu livro começa neste exato momento.
Dizem que a vida passa como um filme na nossa frente quando vivemos experiências extremas.
Quando a bola quicou, cada rubro-negro vivo viu o filme de uma vida.
Quando a gente fala de movimentos coletivos, jogar em conjunto, é sobre isso...
Tecnicamente falando, o Inter tem seis jogadores atrás da linha da bola, mas Marcos Paulo tem DUAS excelentes opções de passe para sair na cara do gol.
Mas você sabe como a jogada chegou até aqui?
Sete ou oito segundos antes, a jogada era essa: tiro de meta curto, Fluminense fazendo uma meia-pressão, o chutão sai, mas o domínio é ruim e a bola fica com o Fluminense.
Danilo Barcelos acelera o passe. Zé Gabriel, que deu o chutão, já está colado em Marcos Paulo, mas só agora Cuesta começa a correr para frente, tentando desesperadamente achatar o campo... Lá do outro lado, Uendel ainda não começou a reagrupar...
O FLA DE CENI - PARTE 1: As comparações com o Fortaleza
Rogério Ceni chega ao Flamengo com o respeito conquistado no seu bom trabalho no Fortaleza. Lá, ajudou a reestruturar o clube, chegou a mais de 150 jogos e se tornou ídolo.
O que essa passagem tem a nos dizer?
A primeira conclusão parece óbvia. Afinal, o grande problema do Flamengo hoje é defensivo e ninguém nega
Hoje o Flamengo pode ser resumido em uma palavra: erro.
Erro de escalação, de estratégia, de preparação mental, erro técnico, tático, até físico. Erro individual e erro coletivo.
Tudo, absolutamente tudo, foi errado. Parece que não aprendemos nenhuma lição nas últimas semanas.
É até fácil falar depois que deu errado. Mas mesmo voltando ao início, tentando entender o processo de decisão para chegar no jogo, nada faz sentido.
Domenec insistiu em uma escolha impopular: manteve Gustavo Henrique na zaga.
Dá pra dizer que ninguém mais faria isso, já que o zagueiro vem muito mal, errando tudo, falhou feio nos dois últimos jogos decisivos e psicologicamente parece não estar aguentando o rojão.