Atualizando a terapia para COVID-19 pelo uptodate e pelo theNNT.com.

A análise não leva em conta as mentiras descaradas do Ministério da Propaganda, digo, Saúde, nem paixão por político, nem tem o intuito de lotar consultório. É evidência.
Sintomáticos e cuidados gerais: ✅

Constantemente definido por terra-planistas como “quer dizer que é pra ficar em casa esperando morrer?”, esse é o cuidado milenar da Medicina. Essas medidas plausivelmente previnem evolução para formas graves de diversas doenças.
Tratamento empírico com antibióticos: ❌

A doença é viral e o tratamento empírico só é indicado se houver possiblidade de uma infecção bacteriana superposta, algo que parece ser mais raro do que descrito em elevadores de hospital e grupos de Zipzop.

Azitromicina ❌
Corticoides ✅

Dexametasona 6 mg/d (x 10 d) é recomendada em pacientes que evoluíram pra necessidade real de oxigênio ou ventilação mecânica. Não teve benefício em quadros leves, só sobrando os riscos do seu uso nesse grupo.
Outros corticoides não são recomendados pelo uptodate.
Apesar dos terra-planistas esconderem, a Dexametasona traz esses resultados em um trial randomizado bem conduzido (“série A” dos estudos clínicos):

📌Alta probabilidade pré-teste.
📌17% de redução de risco de morte
📌36% de redução de risco de morte caso paciente em ventilador.
Remdesivir ❌
Trials falham em comprovar redução de mortalidade. Um estudo de má qualidade patrocinado pela fabricante demonstrou redução no tempo para recuperação. Não justifica seu custo.

Plasma convalescente ❌
Três trials falharam em demonstrar benefício.
Tocilizumab e outros inibidores da IL-6 ❌
Péssimos estudos negativos.

Heparina para tratar número (d-dímero) ❌
O COVID é possivelmente trombogênico, mas o d-dímero não é específico desse desfecho, sendo baixa a plausibilidade dessa hipótese. Se não funcionar, restam os riscos.
Hidroxicloroquina ❌
Apesar de todas as notícias, a verdade é que NÃO HÁ CONTROVÉRSIA nesse assunto. A HCQ não funciona. Nasceu de uma probabilidade pré-teste baixa e estudos ruins, ganhou força no discurso político de terra-planistas, e depois foi negada nos estudos sérios.
Ivermectina ❌
Esse é tão terra-planismo que sequer está listado no uptodate e theNNT. Meu último post desmascarou sua farsa

Nitazoxanida ❌
Outra coisa que só é comentada na Coreia do N… digo, no Brasil, tamanha sua irrelevância (da droga, da pesquisa e do Ministério da Saúde)
Tratamento precoce ❌

Completamente inexistente em qualquer veículo médico que leve Medicina a sério.
É como uma propaganda política de canal estatal de regimes ditatoriais que víamos e pensávamos “mas como as pessoas caem nessa?”. É bizarro e puramente eleitoreiro.
Suporte crítico ✅

Medicina de verdade (aquela que não dá votos e não gera reconhecimento por parte de pessoas ignorantes): intubação se falência respiratória, ventilação protetora, pronação, procedimentos realizados por equipe experiente para evitar complicações.
Eu estou bem ciente de que médicos e o próprio Ministério têm proposto planos diferentes dos demonstrados aqui.

O que postei é o resultado da INTERPRETAÇÃO (e não apenas da leitura) dos estudos com COVID. Tudo foi levado em consideração para a construção dessas recomendações.

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30 Nov
“Eu tomei ivermectina e me curei”. “Sobrevivi graças à cloroquina”

Vamos a uma thread para explicar porquê isso não é um argumento inteligente (para um médico, é inaceitável) ou modificador de conduta. Lembre-se que a chance de sobreviver ao COVID, não usando nada, é de 98-99%.
A função da Medicina Baseada em Evidências (MBE) é, basicamente, evitar que coincidências ou o acaso poluam o julgamento dos médicos.

Para dar um exemplo dessas coincidências, cito o caso da Procainamida e o estudo CAST.
Procainamida é um anti-arrítmico que tinha um mecanismo farmacológico brilhante e que também melhorava fortemente algo que os médicos podem ver facilmente: o Holter, um exame.

Era usado em pacientes que já tinham infartado e tinham arritmias complexas.
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26 Nov
Há uma parábola que conta que a Mentira, após falar uma obviedade (“está quente hoje”), convenceu a Verdade a cair na água e roubou as suas roupas. Desde então a Mentira se veste com roupas da Verdade.

Lembrei disso ao ver esse site:
Basicamente, é um compêndio de mentiras e estudos mal feitos (lixo) sobre Ivermectina e outras drogas. Esse site já havia ficado famoso antes pela análise ludibriadora (com intuito claro de enganar quem não entende o básico de evidência) de artigos com a Hidroxicloroquina.
Focando na Ivermectina, apenas (mas todo o site é lixo), o site mistura lixo com lixo podre (estudos observacionais, cartas ao editor e trials de péssima qualidade) para afirmar que há uma chance em 524 mil de que a Ivermectina não funcione.

Vamos ver porquê isso é falácia.
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16 Nov
Dizem que “se conselho fosse bom, não seria de graça”. E ninguém pediu. Mesmo assim, trago 10 conselhos para Médicos e estudantes:

1. Seja curioso e tire dúvidas: isso denota interesse e humildade. Ajuda a crescer cada vez mais no conhecimento. Estimula o engrandecimento pessoal
2. Não confie demais na opinião de especialistas: ninguém sabe tudo e qualquer pessoa (mesmo o melhor professor) é enviesada pelas suas crenças (viés de confirmação). Seja uma tábula rasa e procure interpretar, diante de diferentes pontos de vista, o que lhe falam.
3. Seja pró-ativo e se antecipe aos problemas: o cirurgião olha o residente com melhores olhos quando o próximo instrumento já está na mão. O clínico valoriza quando as hipóteses já estão feitas e com investigação em andamento. Isso requer treino e prática. O paciente agradece.
Read 10 tweets
3 Nov
“Os vendedores de doenças”. Desde posts no Instagram (dos mais inocentes aos mais picaretas), propagandas de vitaminas nas farmácias, até os meses coloridos e a criação de Diretrizes.

Por que é tão fácil fazer dinheiro convencendo pessoas saudáveis de que elas estão doentes?
"Disease mongering” é o termo dado à invenção de doenças. Doenças podem ser inventadas por:

- Associações anedóticas: “sentindo-se cansado e com falta de memória? Só pode ser falta de vitaminas! Tome aqui essa associação de placebos”.
A hipérbole do tweet anterior é a “criação de novas especialidades” (na verdade nem são reconhecidas) como “longevidade saudável” que promove doenças inexistentes, como a baixa testosterona em homens e até mulheres. Isso cria a necessidade da reposição hormonal.
Evidência: zero.
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30 Oct
Todo dia me perguntam o que eu achei sobre o novo artigo da Hidroxicloroquina, ou Ivermectina, ou Annita, ou qualquer droga com mais narrativa do que ação contra COVID.

A minha resposta é uma reflexão: diante de tantos resultados negativos, um positivo faria você mudar de ideia?
Eu sei, eu sei. Você está tentando aprender mais sobre vieses cognitivos e raciocínio crítico. Mas é difícil, seja como médico ou como leigo, entender de que lado ficar:

Todo dia saem estudos negativos sobre drogas anunciadas por políticos;
Todo dia saem estudos positivos.
O raciocínio aqui é que cada estudo lançado aumenta ou reduz a PLAUSIBILIDADE das drogas, mas raramente as confirma.. Especialmente se são contraditórios.

Depois que os estudos metodologicamente mais robustos foram negativos, a plausibilidade está muito baixa. Digamos: 2%.
Read 9 tweets
26 Oct
Imagine que você apostará as suas economias em uma moeda que será jogada para cima. Você sabe que sua chance é 50%.

Você apostaria se alguém te dissesse, antes do jogo, que a moeda está enviesada para um dos lados?

Troque “economias” por “remédios na pandemia”. E segue o fio.
A inclusão da condição “a moeda está enviesada e eu não sei para qual lado” mudou completamente minha chance no jogo da moeda.

A inclusão da simples pergunta “o artigo científico com qualquer medicamento bizarro para COVID-19 tem vieses?” também muda completamente o jogo.
A análise bayesiana dos artigos científicos é bem ilustrada por John Ioannidis em um dos seus papers mais famosos, em que ele afirma “ser possível provar matematicamente que a maioria das pesquisas são falsas”.

A primeira crítica é a quem interpreta artigos baseado apenas em p.
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