Não vou fazer previsões, mas as pesquisas de ontem dão pistas sobre o que deve acontecer nas eleições de hoje em algumas capitais.
Vou falar sobre Rio, SP, Recife e POA.
Em uma dá para cravar resultado, em outra quase... Nas últimas duas é no cara ou coroa.
Um fio.
A vantagem de Bruno Covas é clara, em São Paulo.
O Ibope de sábado dá 48% para ele contra 36% para Guilherme Boulos.
O que faz deste resultado difícil de virar não é só a distância entre os dois. É que não há movimento no eleitorado. No dia 18, Covas tinha 47% e, Boulos, 35%.
Mas há dois pontos que vale ressaltar.
Primeiro começou nos zaps bolsonaristas, nestes últimos dias, um movimento pró-Boulos. O ódio ao governador paulista João Doria é grande.
É bizarro, mas Wilson Witzel está aí para lembrar que coisas esquisitas acontecem na última hora.
Também é importante lembrar que 2º turno tem abstenção maior do que o 1º, os eleitores de Boulos são mais jovens, os de Covas mais velhos. O movimento tende a apertar o resultado.
Ainda assim, é uma diferença grande para virar.
Há um último ponto importante.
A campanha de Boulos foi muito bem feita, suavizou sua imagem de um político radical.
Mobilizou eleitores de esquerda em todo o Brasil. A campanha de 2º turno de SP se nacionalizou.
A esquerda tem um líder nacional novo, não importa o resultado.
No Rio de Janeiro, não há o que dizer.
Eduardo Paes tem 68%, oscilou um cadinho para cima, de acordo com o Ibope de sábado. Marcelo Crivella tem 32%, oscilou para baixo.
Tudo indica que será uma surra.
E, como carioca, falou com tranquilidade. Uma surra merecidíssima.
Em Porto Alegre, a recuperação de Manuela D’Ávila nesta reta final é impressionante.
O Ibope dá 45% para ela. Tinha 42%.
O emedebista Sebastião Belo tinha 49%. Está com 43%.
Na margem de erro, estão empatados.
O movimento das curvas claramente favorece Manuela.
Ontem, a campanha de Melo chegou a circular informação falsa de que ele liderava uma pesquisa Datafolha que não existe
Campanha oficial distribuindo informação falsa é sinal de desespero.
POA tem uma favorita. Mas, ainda assim, o resultado vai ser no photochart.
Está apertado
E, no Recife, corre a campanha mais esquisita deste turno. A dos primos Marília Arraes e João Campos.
João foi de 39% para 42%. Marília de 45% para 42%.
É no cara ou coroa, João tem a vantagem do movimento, mas é apertado.
Muito apertado.
O PT precisa desta vitória de Marília para fazer o discurso de que levou uma capital importante.
Campos mantém a dinastia pessebista de Eduardo Campos no comando da capital pernambucana.
É uma eleição para observar.
Mas vamos observar o macro.
É em Fortaleza e no Rio que estão os dois candidatos bolsonaristas. As pesquisas indicam que levaram surras colossais. Como levaram os outros no primeiro turno.
Foi muito ruim para o presidente.
Mas também não é uma boa eleição para o PT.
Não é que o PT tenha ficado pior.
Ficou no mesmo lugar. Mas como a última eleição municipal, em 2016, foi muito ruim para os petistas — esta não tira do sufoco.
Mais do que isso, esta abre caminho para duas lideranças jovens de esquerda.
Boulos e Manuela não são petistas.
Ainda assim, no macro, é uma eleição que no geral deu vitória para a direita tradicional em boa parte do Brasil.
O ciclo permanece conservador.
Mas o ciclo já tem uma cara bem diferente da que tinha em 2018 e 16.
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A gente ainda vai colecionar lições deste pleito municipal para composição de chapas com vistas 2022.
Mas uma delas tem de ser aprendida num erro tático do Bruno Covas nesta eleição de São Paulo.
É a escolha do vice.
Fio rápido.
Caso Jair Bolsonaro sobreviva à crise imensa que virá em 2021 — e não é certo que sobreviverá —, o Brasil provavelmente ainda estará num ciclo conservador.
Digamos, pois, que Bolsonaro vá a um hipotético segundo turno em 2022.
Isto quer dizer que o candidato à presidente que for disputar com ele tem de ser atraente para eleitores de centro-esquerda.
Não basta levar os votos de quem não vota em Bolsonaro.
Esquerda e direita, muitas vezes, fazem de conta que não existe.
Tudo certo, é estratégia eleitoral: melhor pintar ‘o outro lado’ como uma coisa só.
Vira briga de mocinho e bandido, mais fácil de explicar.
Só que o mundo é complicado.
Existem vários centros, na verdade.
O mais comum é um que mistura uma visão em geral descrita como de esquerda das questões sociais e de costumes com uma em geral descrita como de direita da economia.
O que isso quer dizer?
Ora...
Isso quer dizer que reconhece que o Brasil é um país desigual pacas, que o Estado precisa atuar neste problema. Reconhece a liberdade para fumar um baseado, de casar com quem se ama, da mulher de escolher e de que o Meio Ambiente é causa urgente, imediata.
‘Todo mundo também dizia que Hillary ia ganhar. Essas pesquisas não são confiáveis.’
Vc já ouviu isso?
Donald Trump tem chances vencer?
Claro que tem.
Mas 2020 é muito diferente de 2016 e é importante compreender o que houve de ‘errado’ com as previsões daquele ano.
Primeiro: as pesquisas nacionais não erraram. Hillary venceu a eleição. Mas não é o voto popular que elege quem preside os EUA. É o Colégio Eleitoral, escolhido de acordo com o resultado dos pleitos de cada estado.
Quase sempre dá na mesma. Em 2000 não foi, em 2016 também não.
As pesquisas estaduais variam em acurácia. Primeiro porque é mais difícil, mesmo, com amostras menores. Depois porque, em alguns casos, prestava-se menos atenção.
Em algumas, no Cinturão da Ferrugem, o erro médio foi ligeiramente superior ao habitual.
Sendo criticado ao mesmo tempo por gente que tem argumentos consistentes, gente que respeito como @pablo_ortellado e @ctardaguila, e, ao mesmo tempo, gente que está sempre do mesmo lado não importa o quê. Nomes que não vou citar.
O debate é o seguinte: o @nypost publicou uma reportagem na qual diz ter um email em que um ucraniano corrupto agradece a Hunter Biden, filho do candidato democrata à presidência dos EUA Joe Biden, por ter promovido um encontro com seu pai, quando vice-presidente.
Que evidências que o Post apresenta de que o email é real? Nenhuma.
Que evidências que o Post apresenta de que o encontro ocorreu? Nenhuma.
A campanha de Biden tem fortes indícios de que Biden teria outro compromisso na hora.