Bom dia. Hoje, quero destacar uma nova liderança de Belo Horizonte. Uma liderança que lembra o Garrincha. Segue o fio
1) A analogia entre política e futebol é um recurso didático usado no Brasil. Há quem a considere uma marca masculina da narrativa política. Mas, sinceramente, esta distinção deixou de ter razão de ser até mesmo porque a melhor seleção de futebol de nosso país é a feminina. Image
2) O fato é que usar deste recurso é uma maneira de comunicar uma ideia ou interpretação política que pode ser árida para o leitor. Como desconhecer que ao dizer que um político parece um centroavante ao estilo “vamos que vamos” de Serginho Chulapa? Image
3) Pois bem, há pelo menos quatro estilos de liderança que marcam o jeito de fazer política no Brasil. O primeiro, mais tradicional, é o estilo “Professor Cláudio Coutinho” o técnico da seleção brasileira de 1978.
4) Coutinho abusava de termos técnicos para, muitas vezes, narrar o que os jogadores brasileiros já faziam, mas que desconheciam o nome mais elaborado. As teorias e pranchetas usadas nas explicações começaram a burocratizar o futebol brasileiro. Image
5) Na política, este estilo ficou conhecido pelo termo “tucanar”. É o estilo Coutinho: usa e abusa de termo técnico, mas pouco muda da realidade social do país. Burocratiza a política, mas dá a impressão de gente competente. Um jeito Fernando Henrique Cardoso de ser. Image
6) O segundo estilo é o do Felipão: paizão amigo, de quem tanto pode se esperar um cascudo na cabeça como um abraço caloroso. Grita, gesticula e exige resultado. Assume a culpa e é malandro.
7) QDiz Tostão que “A maior parte dos jogadores gosta de treinadores bravos, "chefões", disciplinadores e emotivos, como Felipão.” O craque do Cruzeiro e da seleção de 1970 diz que são práticas “varzeanas”. Este estilo na política é o do Centrão, o filho bastardo da ARENA. Image
8) Em seguida, temos o estilo Dunga. Aquele sargento sem muito talento e muita garra. A fidelidade é sua marca, o grupo fechado, a cara fechada, o sorriso fechado, a mágoa, o cabelo escovinha. Não tem muita alegria neste estilo
9) O estilo Dunga está meio para militar assumindo ministério do governo Bolsonaro: sabem pouco, mas se esforçam para, ao final, ninguém lembrar de nada que fizeram corretamente (mesmo que tenham feito). Image
10) Mas, há um outro estilo na nossa política, o “estilo Garrincha”. Garrincha se identificou com o Botafogo, a estrela solitária de nosso futebol. Vida difícil e rica, Garrincha se defendia com manha e generosidade.
11) Ao ler sua biografia escrita por Ruy Castro, não há como não se emocionar. A generosidade e gratuidade estampada em cada passo torto, surpreendente, desconcertante, como se nos dissesse o quanto poderíamos ser melhores do que somos. Image
12) Mas, Garrincha não era só isso. Era talento nato. “Marrento”, diriam os cariocas. Uma inteligência aguçada, viva, um jeito meio ingênuo – para alguns -, meio desaforada – para outros. Sabia usar o que tinha de peculiar, as pernas tortas, para humilhar o adversário.
13) Humilhava, mas sem ofender, o que parece quase impossível num esporte tão competitivo como é o futebol, jogo de impacto entre brucutus e virtuoses. Image
14) Pois bem, Belo Horizonte acaba de eleger um covereador que, para mim, é o Garrincha da política: Rubinho Giaquinto. Músico, liderança social, coração de boi, fala manhosa, parecendo uma espécie de Plínio Marcos com mente calma e coração tranquilo. Image
15) Rubinho nasceu para estar nas periferias, tentando entender o que denomina de “meus irmãos”. Como Garrincha, Rubinho surpreende. Dá até raiva.
16) A primeira vez que o ouvir tocar guitarra, numa escola estadual da periferia, logo depois que termina a cidade e a gente ainda vira à direita e anda um pouco mais, fui como amigo. Fiquei encostado numa janela ao lado de um auditório improvisado, lotado de adolescentes
17) Naquela noite, quase apanhei de uma menina de uns 4 metros de altura que exigia uma camiseta do instituto que presido. Não me lembro bem, mas Rubinho pensou em sortear algumas camisetas e a menina não tinha tido sorte.
18) Todos falavam no auditório até Rubinho passar os dedos na guitarra. Não me lembro se foi Paralamas ou Legião Urbana, só lembro que eu e os adolescentes indomáveis deixamos o queixo cair. O Rubinho de antes tinha se transformado.
19) O jeito tímido tinha dado lugar para um talento manhoso, que arrasta as sílabas como um carioca, como um santista. Provocador, mas sem humilhar.
20) Ele é assim na política. Dá até raiva.
Inquieto, de esquerda – afinal, todo Garrincha nasceu para ser “gauche na vida” -, comprometido. O cara que decidiu, em meio à pandemia, inventar um festival de pipas envolvendo os meninos de um bairro periférico de BH.
21) Na pandemia, Rubinho fez o que os partidos de esquerda não fizeram: se arriscou, foi para a rua, pediu – como pede esse Rubinho !!!! – para quem conhecia uma ou duas cestas básicas e ajudou uma legião de “meus irmãos”.
22) Atento e afiado, logo se aproximou de Minduin, o presidente da associação de torcidas organizadas do Brasil. Ficaram amigos em minutos, como se já se conheciam há décadas. Trocou bola com o Galo, o líder dos trabalhadores de aplicativos Image
23) Foi ele que me apresentou ao samba do morro de BH, aos jovens do hip hop, à Central Única de Favelas, a CUFA.
Rubinho não para. Dá até raiva.
24) Agora, virou covereador. Não podia ser só vereador. Tinha que inovar e fazer parte de um coletivo. Escolheu A Coletiva, esta candidatura oficializada pela líder e médica Sônia Lansky, mas que é um mosaico de mais nove militantes de primeira
25) A Coletiva envolve nove militantes de primeira, gente que luta pela educação pública, gente que luta pela saúde pública, gente que luta pelos direitos LGBT, gente que luta pelo transporte público. Todos, espalhados pela cidade, conhecidos em seus territórios Image
26) Rubinho foi escolhido para articular todas covereanças eleitas no Brasil. Não podia ser outro.
27) Vou cobrar dele todos os dias. Mas, lá no fundo, sinto como se fosse um filho postiço que estou vendo crescer.
Rubinho é nosso Garrincha da política.
Vai, Rubinho. Vai ser gauche na vida! Image

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5 Dec
Há sinais de uma disputa importante que se insinua no interior do PT. Existem alguns polos em disputa. Mas, o foco geral é com as direções atuais, lideradas pela corrente majoritária: a CNB. Segue um pequeno fio
1) Muitas movimentações internas já ocorriam no PT quando o desastre eleitoral se prenunciava. Alguns lideranças diziam que preferiam aguardar o final das eleições para não serem acusados de contribuir para a derrota eleitoral. Mas, foi Genoíno que saiu à frente
2) Em suas recentes entrevistas, Genoíno coloca o dedo na ferida. Numa delas, criticou duramente os governadores do PT no nordeste diariodocentrodomundo.com.br/se-a-esquerda-…
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30 Nov
Bom dia. Ainda vivemos o rescaldo das eleições de 2020. Mas, já dá para dar alguns pitacos. Faço um fio com o intuito de sugerir que cravar certezas sobre a política brasileira é andar na corda bamba. Segue o fio.
1) No Brasil, país latino, o esporte é a aposta. Um movimento infantil, de autoafirmação, em que se pretende vender a imagem de adivinho. Algo intrigante, dado que se o apostador perde, mergulha na penumbra do esquecimento. Se vence, gera surpresa até fazer a aposta errada.
2) A palavra que define essas eleições não é derrota, nem mesmo vitória, mas transição. Uma transição de uma decisão que tinha se formado entre 2016 e 2018 e que, agora, parece se dirigir ao lado oposto.
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29 Nov
Faço uma breves observações sobre a performance dos partidos de centro-esquerda nesta eleição, com destaque para o segundo turno:
1) Esta foi uma eleição de transição por parte do eleitor: a marola do antissistema de extrema-direita e apolítico acabou. O eleitor cravou no conhecido e tradicional. Nessa, o centro-direita levou a melhor.
2) Mesmo no campo do centro-esquerda, sobressaíram candidaturas com "recall". O eleitor foi moderado.
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29 Nov
Bom dia. Dia de eleição em 57 cidades do Brasil. Algo um pouco superior a 1% do total dos municípios brasileiros. Contudo, somam perto de metade do eleitorado. Portanto, os vencedores levarão mais que batatas. Segue o fio
1) Serão 57 cidades que decidirão qual prefeito, dentre dois, governará seu território pelos próximos 4 anos: 16 paulistas, 5 cariocas/fluminenses, 5 gaúchas, 4 mineiras, 2 pernambucanas, 2 cearenses, e assim por diante.
2) Se destacarmos as candidaturas de centro-esquerda que estarão neste segundo turno encontramos, num total de 20 (sendo 10 em capitais): 15 do PT, 2 do PDT, 2 do PSOL e 1 do PCdoB
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11 Nov
A novidade nesta eleição em Belo Horizonte: a Coletiva
Na eleição passada, várias candidaturas identitárias do PSOL lançaram a ideia das candidaturas coletivas. A novidade dialogava com a experiência política de 2013: liderança não é algo individual, mas coletivo. Segue o fio
1) Havia, ali, uma simbiose entre a democracia representativa – aquela em que o cidadão vota em alguém que o representará no campo institucional – e a democracia participativa – em que vários coletivos e cidadãos se inserem nas estruturas de poder público
2) Em 2016, a campanha coletiva lançava várias candidaturas a partir de uma ideia de unidade, de projeto comum ao redor da sigla MUITAS. A proposta elegeu Áurea Carolina e Cida Falabella e acabou gerando um gabinete unificado na Câmara de Vereadores: a Gabinetona
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9 Nov
Boa tarde. Vou socializar cinco fotos (em um mini fio) da matéria da Carta Capital onde faço uma análise da encruzilhada da eleição paulistana para o PT e o PSOL Image
Aqui, as opiniões do Valter Pomar, as minhas e as de Sérgio Braga Image
Nesta penúltima foto, o texto ampliado para facilitar a vida de gente mais idosa como eu.... Image
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