Hospitalizados em Manaus desde 25/12. Muitos doentes com suspeita devem esperar testes.
Quando avaliamos hospitalizados em UTI, ventilados e leitos de enfermaria, importante entender que existe um gargalo ("bottleneck"). As vezes pode parecer que parou de aumentar número de internados ou UTI, mas é pq não tem mais leitos. Precisamos ver a demanda.
Nestes últimos dias, foram 396 dia 09/01 e 362 dia 10/01. Abaixo hospitalizados novos por covid confirmados. O sistema é dinâmico, pacientes são admitidos por dia, tem os que já estavam, e os que foram de alta ou morreram. Além disso os que esperam. No momento, situação crítica
Série histórica dos boletins da FVS que vem melhorando bastante. Os óbitos também aparecem se foram notificados no dia, após ou reclassificados
Para a aprovação de vacinas nas agências regulatórias, desde que seja segura, temos critérios já estabelecidos historicamente. Cada agência tem alguns detalhes, mas a ANVISA usa o clássico:
Eficácia ➡️ pelos menos 50% (≥50%)
Limite inferior do intervalo de confiança: ≥30%
No próprio protocolo do Butantã, para o cálculo de amostra, isso foi estabelecido. Nos protocolos da Pfizer, Moderna, também, todos buscando se adequar ao que diz principalmente o FDA e OMS.
O trial esperava garantir um mínimo de 30% e estimava 60% como medida.
Dúvidas sobre a Eficácia. Seguindo o mais próximo do estabelecido no protocolo com o dado que tenho, o cálculo está correto.
Densidade de incidência no vacinado: 11.74
Densidade de incidência no placebo: 23.64
Incidence Rate Ratio: 0.4966
VE = 1 - 0.4966 = 50.34% (35.14-62.21)
Como disse antes, ensaios clínicos tem protocolos. Tudo deve ser seguido como está lá. Mudanças podem ocorrer, mas devem ser aprovadas pelos comites, comissão de etica, e tudo mais. Isso porque? para evitar mudanças baseada em dados. Mudanças assim são versificadas, protocoladas,
e ocorrem antes de fechar a base e abrir o blinding.
No protocolo público de agosto, o protocolo diz que a eficácia seria estimada por 1 - Hazard Ratio. O HR viria de um modelo de Cox, estratificado por idade e sexo. Intervalo de confiança pelo método de Parzen, Wei e Ying
Como estão os pacientes COVID após 6 meses da alta?
Maior estudo até agora @TheLancet: 1733 pacientes em Wuhan
➡️ 63% com cansaço ou fraqueza muscular
➡️ 26% com problemas de sono
➡️ 22% com perda de cabelo
➡️ 23% com sintomas de ansiedade/depressão
➡️ Mais sintomas em mulheres
A mediana de idade dos doentes foi 57 anos, a maioria sem comorbidade, 75% precisou de oxigenio suplementar (somente 7% ventilação invasiva/não invasiva, circulação extracorporea). Vale lembrar que como são doentes todos de alta hospitalar, o perfil de gravidade diminui.
Ficaram 14 dias (mediana) no hospital, 4% passou pela UTI, seguimento em 6 meses.
Essa semana saiu este caso raríssimo de um paciente, 61 anos, com diagnóstico de Linfoma de Hodgkin associado ao vírus Epstein-Barr.
Diagnóstico do câncer (esquerda) // COVID-19 // após 4 meses remissão importante (direita)
Esse exame é um PET com marcador FDG. As massas em preto são onde há atividade da doença (era um LH estadio III). Os autores remarcam que o paciente não recebeu nenhum quimioterápico, nem corticoide.
O mecanismo aventado, já visto em outras infecções, é que o Sars-CoV-2 ativou a
resposta imune contra o câncer, por vias de reação cruzada de antígenos reconhecido por células-T e também via imunidade inata.
As cópias do vírus Epstein-Barr também caíram bastante.