Jogo é jogado e lambari é pescado. Não dá pra garantir resultado no futebol. Nesse campeonato, então, não tem jogo ganho.
Mas não dá para perder assim. É inacreditável ver o time indo de inoperante a inexistente ao longo de 90 minutos. Não há lógica que explique.
É um erro analisar o time só com base no que a gente quer.
Precisamos tentar entender o que o time quer. Isso envolve tanto o treinador quanto os jogadores.
Mas o que o Flamengo quer?!
Tomar decisões em um campo de futebol é difícil justamente porque cada decisão tem consequências.
Do sofá de casa, a gente diz "era só fazer isso", mas a nossa ideia não é testada pelo cruel encontro com a realidade. O treinador e os jogadores, sim, vivem essa pressão.
Mas contra Fortaleza, Fluminense, Ceará e Athletico o Flamengo chegou aos 30 minutos do segundo tempo perdendo ou empatando.
Diante da necessidade de vitória, Rogério Ceni começou a mexer e, em todas as ocasiões, o time piorou!
De novo: não dá pra controlar resultado. Em um campeonato desses, até pode acontecer uma derrota para Flu ou Ceará.
Bizarro é perder para os dois em tardes pouco inspiradas! Mesmo fazendo um péssimo primeiro tempo, o Flu ganhou! Mesmo mal no segundo tempo, o Ceará também ganhou!
E justamente no fim dos jogos, justamente no momento decisivo, o Flamengo vem derretendo sempre. As mudanças surtiram o efeito inverso e o time parou de jogar.
Hoje o Athletico fez um bom jogo, mas o Flamengo repetiu seu roteiro peculiar.
Não jogou bem durante a maior parte do jogo... até que passou a jogar mal demais! O time inexistiu a partir da metade do segundo tempo. Consequências diretas das escolhas.
E, sim, às vezes até uma substituição teoricamente "certa" acaba dando errado e vice-versa. É futebol.
O que se viu hoje, no entanto, é difícil de entender.
Dá pra respeitar (apesar de discordar) a escolha por não ter Gabigol e Pedro juntos, mas como explicar o terceiro jogo seguido (sem resultado favorável) em que um dos dois acaba em campo ao lado de Rodrigo Muniz?
Nada contra o menino, claro. Mas qual é a lógica de não poder usar dois centroavantes juntos e, cinco minutos depois, colocar dois centroavantes juntos?
É só porque ele "recompõe pelo lado"? Não existe nenhuma outra solução cabível? E, aliás, ele recompõe bem mesmo?!
Afinal, o problema de Rogério até aqui nem é ser "conservador demais", como muitos treinadores no Brasil.
Ceni sempre tem optado por correr enormes riscos no final. Mas, enquanto o time fica exposto atrás, também fica mais longe de fazer gols lá na frente. Desorganização pesada.
O Fla tomou gols no finalzinho contra Fluminense, Ceará e Athletico, ao mesmo tempo que não criou nenhuma grande chance (e nenhum gol, claro) no abafa final contra esses times.
Como justificar as escolhas que geram piora sensível nos momentos decisivos?
Antes o Fla era um time frágil: bastava uma coisa dar errado — uma falha individual, um gol entregue, um lance de azar — para tudo começar a dar errado.
Agora é um time com autodestrutivo: basta nada acontecer no jogo para tudo começar a dar errado no final.
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Essa foto circulou mais cedo pela internet. Abel Ferreira, treinador do Palmeiras, estudando vídeos dos jogos do Flamengo.
Um detalhe não fugiu do olhar dos mais atentos: o nome do vídeo. "Perda Zona Alta" era o título do compilado.
O que pode querer dizer?
É comum que os bons treinadores estudem adversários usando vídeo.
Muitas vezes, compartimentam o jogo em vários pequenos pedaços para encontrar padrões. Ao separar um compilado de "perdas de bola em zona alta", o Palmeiras está procurando detalhes de uma situação específica.
A tal "perda em zona alta" representa nada mais do que todas as vezes que o Flamengo perdeu a bola no chamado "terço final", ou seja, a zona de ataque.
Abel e sua comissão querem saber como o time se comporta nessas situações para encontrar onde estão as brechas.
O São Paulo venceu com uma jogada ensaiada de escanteio. Mérito dos jogadores e também de Fernando Diniz e sua equipe.
Mas o detalhe mais legal passa despercebido: a jogada foi pensada especificamente pra esse jogo...
Fernando Diniz e sua equipe técnica estudaram direitinho o adversário.
Veja os escanteios cobrados contra o Sport nos últimos quatro jogos. Veja onde sempre tem um buraco na marcação...
O que o SPFC fez? Usou cinco caras arrastando a defesa para perto do gol e colocou Luciano (canhoto) longe do bloqueio. Na hora certa, correu para o espaço vazio.
O espaço que SABIAM que estaria lá.
A cobrança veio aberta e rápida, perfeita para a finalização.
Todo mundo sabe que o principal desafio do Flamengo é ajustar a defesa. O problema não vem de hoje: desde o início do ano o setor não vem bem. Mas agora, no momento mais agudo da temporada, é uma necessidade latente, a prioridade número 1 de Rogério Ceni.
Há problemas coletivos, envolvendo o time todo. Se a marcação na frente não está ajustada, a bola chega limpa para cima dos zagueiros. Se há muito espaço entre os setores, a zaga fica exposta… Todos já sabemos disso
Um roteiro tão bizarro que chega a ser angustiantemente previsível.
Uma noite muito triste. Aliás, mais uma.
Na Argentina, oscilou, teve altos e baixos, passou perrengue no começo dos dois tempos, mas conseguiu empatar logo depois de tomar o gol e levou o 1x1 até o fim.
O Racing foi cansando e o Flamengo cresceu muito na segunda metade do segundo tempo.
Faltando 20 min de jogo, o time já controlava a posse e ditava o ritmo. Preocupado, Beccacece recuou o time, fez uma substituição para fechar o lado direito... Parecia que a virada viria naturalmente.
O Flamengo foi à Argentina, empatou com o Racing e voltou para casa com um resultado vantajoso, porém perigoso.
Um jogo de altos e baixos, alguns momentos de perrengue e escolhas curiosas. Quero mergulhar justamente nas escolhas de Rogério Ceni!
Olhar para as escolhas de um treinador pode ser mais complicado do que parece. Segundo o @luis_cristovao, sofremos de uma doença coletiva chamada “treinadorismo”, que nos leva a analisar cada decisão unicamente a partir das nossas próprias ideias.
Na semifinal da Copa de 1990, as duas últimas campeãs se enfrentavam. O maior desafio da Itália era parar o gênio Maradona, mas pelo menos tinha a vantagem de jogar em casa... Ou melhor... Será?
Os melhores jogadores e os melhores times do mundo estavam na Serie A. Naquela temporada, o Milan de Arrigo Sacchi encantava o mundo, revolucionava o futebol e vencia a Copa dos Campeões da Europa pela segunda vez consecutiva.
A Juventus conquistava a Copa da UEFA, enquanto a Sampdoria vencia a Recopa Europeia.
A Internazionale, mesmo sem títulos, tinha um timaço — e havia vencido a temporada anterior com sobras.
Um jovem Roberto Baggio despontava na Fiorentina...