Pequena atualização sobre variantes, dessa vez, uma identificada em Esteio - RS. Preprint publicado por vários pesquisadores, alguns nomes queridos, trazendo dados bem importantes
As amostras analisadas foram coletadas entre Maio-Outubro de 2020, destacando as mutações:
- 2 mutações frequentes na glicoproteína Spike (D614G e V1176F)
- 1 mutação emergente (E484K) no RBD característico da linhagem sul-africana B.1.351
Além da substituição adjacente de 2 aminoácidos na fosfoproteína do nucleocapsídeo (R203K e G204R).
Sobre a mutação E484K, ela foi encontrada em 2 amostras obtidas lá por Outubro que, segundo os autores, é a descrição mais antiga de E484K abrigando SARS-CoV-2 no sul do Brasil
Existe uma associação temporal do início da presença dessa variante com a mutação E484K com o aumento posterior do número de casos. No entanto, não temos dados indicando uma relação de causa e consequência. Portanto, deve-se ter cautela nessa relação e investigar mais
Porém, o estudo destaque a possibilidade de essa variante já estar em circulação aqui no Brasil, não iniciando agora, mas talvez meses atrás. Daí a relevância da vigilância genômica e investir cada vez mais nisso.
Nessa figura, podemos observar a diversidade de variantes presentes nos estados do sul do Brasil (A) e na divisão por estados de forma geral (B). Essa diversidade viral demonstra o papel importante da transmissão comunitária na disseminação do vírus
O estudo traz alertas importantes:
- Como existe indicativos de que a mutação E484K possa estar relacionada com escape da resposta imune (de pessoas recuperadas de COVID-19), é importante ampliar a investigação usando plasma de pessoas vacinadas
Num fio recente, já temos indicativos que as vacinas de RNA (Moderna e Pfizer) reconhecem essas variantes.
Um alerta: considerando a variante sul-africana (com a mutação E484K), houve uma diminuição dessa resposta, mas ainda mantendo-se acima do limiar de proteção
Ainda, como mencionei, a vigilância genômica deve ser investida, para podermos detectar sempre o mais cedo possível essas variantes e monitorar seu avanço e presença no país.
Lembrando, novamente, o que funciona para todas as variantes e que pode nos ajudar MUITO a lidar com essa situação a medida que vamos imunizando a população:
1º Lugar: a não recomendação veio a partir do *baixo nº de eventos* que foram obtidos em participantes >65 anos. Não porque não funciona ou porque teve uma eficácia mais baixa.
Isso é explicado aqui, na grande saga que se sucedeu no início da semana
Primeiro: MELL O QUE É COLCHICINA?
A colchicina é um alcalóide originalmente extraído das plantas Colchicum autumnale, usado para tratar a gota, por exemplo. Há muitos anos (muitos mesmo) vem se apontando as propriedades anti-inflamatórias dela
Nessa imagem, temos o perfil de evidências para a hidroxicloroquina, por exemplo. Como podemos ver:
- Sem evidências a favor da HCQ
- A maior parte dos parâmetros, a HCQ não teve efeito (diferença significativa)
Bem, a vacina vem em uma suspensão injetável com 5 mL (10 doses) cada para uso INTRAMUSCULAR.
Lembrando que é uma vacina de vetor adenoviral de chimpanzé (ChAdOx1), incapaz de causar qualquer doença, que contém a instrução para as nossas células construirem a proteína S do SARS-CoV-2
Um tratamento sem respaldo científico deveria ser suficiente para não ser indicado. Um conselho deveria ser responsável suficiente para não ser desagregador ou desrespeitar os colegas não-médicos. Ser cientista não é uma autodenominação. É uma carreira de décadas. Se informem.
A sociedade insegura pode ser justamente por pessoas/entidades não se posicionarem a favor do que a ciência aponta - ou aquilo que ela diz que não deve ser apontado por falta de evidência. Se todos nós nos atessemos à ciência, de fato, estaríamos em outro ponto.
Um dia quero viver para ver os profissionais da saúde entenderem-se como um coletivo. A saúde é feita em equipe: trabalho de médicos, enfermeiros, técnicos de diferentes especialidades, biomédicos, entre tantos outros igualmente importantes. IGUALMENTE importantes e necessários.
Um dado com implicações muito grandes. Na minha opinião, fontes "anônimas" sem a possibilidade de compartilhar um mínimo de dados possível (nº eventos participantes...) não deveria ser noticiado até poder compartilhar isso.
A possibilidade de ser um dado preliminar (com poucos participantes e poucos eventos), com baixo poder estatístico é imenso. E tem muita gente apontando a irresponsabilidade que foi compartilhar isso na circunstância atual ali nas respostas ao tuite. Eu inclusa.
Difícil.
Estou vendo alguns jornalistas da mídia internacional publicando uma nota da AstraZeneca, refutando o dado dos 8%. Não consegui ainda encontrar uma fonte oficial ou um link com mais detalhes.