Pessoal, muitas pessoas têm me pedido ajuda com relação a que MÁSCARA usar, comprar, modelos, etc. Então, fiz esse fio aqui para ajudar. Estou me pautando em estudos e normas de Biossegurança. Vem comigo!
Primeiro, te convido a ler esse texto aqui, onde explico porque a máscara é um item indispensável no nosso dia-a-dia e que deverá ser culturalmente incorporada à nossa realidade de "país tropical, abençoado por Deus e com agentes biológicos por natureza". redeaanalisecovid.wordpress.com/2020/08/26/mas…
Nesse aqui, eu discuto eficiência de filtração, relacionando os tipos de máscaras (cirúrgica, PFF2 e artesanal), poros e proteção em sistema controlado. redeaanalisecovid.wordpress.com/2020/10/20/o-q…
Neste aqui, bem divertido para fãs de Star Wars, eu vou um pouco mais a fundo no universo da eficiência de filtração, explicando como ela é calculada, inclusive para as máscaras artesanais... redeaanalisecovid.wordpress.com/2020/12/15/o-r…
Bom, como você bem sabe, a máscara só protege quando bem ajustada ao rosto (não pode embaçar o óculos) e associada ao distanciamento físico e à higienização. Em Biossegurança, não existe "risco zero", mas essa combinação diminui muito a chance de contrair ou disseminar o vírus...
Outra questão importante: ainda não temos um estudo clínico robusto que comprove a "porcentagem de proteção" de cada tipo de máscara! Há uma grande confusão sobre proteção e eficiência de filtração.
A eficiência é um parâmetro calculado experimentalmente. Em geral, se usam partículas de NaCl (sal) em ambientes controlados para calcular esse parâmetro, medido pela porcentagem do que atravessa os poros da máscara. Está explicado naquele texto Star Wars ali em cima. 👆
Para a proteção, é necessário analisar o comportamento na população, o que vai considerar comparação com outros grupos (outros tipos de máscaras, p.ex.) e exposição aos riscos.
O estudo RESPECT fez uma comparação entre N95 e másc. cirúrgica para diferentes tipos de vírus, incluindo influenza e outras espécies de coronavirus (foi anterior à COVID-19): clinicaltrials.gov/ct2/show/NCT01…
O estudo incluiu 2862 pessoas de 18 a 100 anos e avaliou a proteção das máscaras para as doenças respiratórias. O "braço" referente à análise de profissionais de saúde foi publicado na revista JAMA: pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/31479137/
O estudo mostrou que não havia diferenças significativas entre os dois tipos de máscaras, evidenciando uma proteção de mais de 90% para quem utilizou. Agora sim, PROTEÇÃO de 90% para quem usa em ambientes de alto risco. E como proteger os outros com a máscara?
Bom, as máscaras funcionam como barreiras, tanto para entrada, como para saída de microrganismos. Então, usar a máscara também protege quem está a nossa volta. Mas faço aqui um porém: se você suspeita que possa estar com COVID-19, não use máscara com válvula (como essa aqui)
Esse tipo de máscara oferece proteção ao usuário, mas não para quem está próximo, pois a válvula exalatória permite a saída dos patógenos. healthline.com/health-news/ce…
Ah sim, até aqui, estamos falando de máscaras PROFISSIONAIS. Bom, essas máscaras devem possuir de 3 a 5 camadas de tecidos (de composição diferentes). Isso é para fazer a retenção dos organismos nas fibras. Essa imagem está no primeiro texto do fio.
Além disso, as máscaras profissionais possuem um número de CERTIFICADO DE APROVAÇÃO. O famoso "CA". Dá uma olhada aqui nessa imagem. O CA comprova se a máscara está sendo comercializada dentro dos requisitos do Ministério do Trabalho e Emprego (NR 6) e testagem pelo InMetro
Quando você for comprar, você pode consultar o CA aqui: caepi.mte.gov.br/internet/consu… e ver se ele está válido. Fuja de máscaras "profissionais" sem o CA. Elas não garantem testagens e muito menos a sua proteção.
E aquelas dos tais "íons prata"? Gente, não há qualquer comprovação de eficácia para estas máscaras supostamente "antivirais". Para piorar, os íons prata são prejudiciais na função das células exterminadoras naturais (NK), que atuam na nossa defesa inata contra o vírus. Artigo 👇
E as máscaras de tecido, protegem? Sim, claro! Como uma BARREIRA. O poro da máscara N95 é de 0,3 micrômetros. O vírus tem 0,12. Por que ele não passa pelo poro? Porque ele não "anda" sozinho, gente! As gotículas contém milhares de partículas virais, unidas p/ saliva, muco, etc.
O mesmo vai valer para a máscara de tecido, que terá poros maiores. Mas faço uma ressalva: para essa máscara ser protetiva, precisa ter de 2 a 3 camadas, onde uma delas deve ser de um tecido que promova eletrostática, como poliéster, seda, nylon, etc. A função é atrair o vírus.
Porque a eletrostática é necessária para o princípio de atração de aerossóis por difusão, como no clássico experimento do pente (magnetizado pelos átomos do nosso cabelo) e papeizinhos. O mesmo vai acontecer com as gotículas pequenas ao tentarem atravessar a trama de tecidos =s!
Mas lembre-se, para isso funcionar, a máscara não pode estar úmida. Se estiver, essa propriedade eletrostática é perdida. Assim, minha recomendação: para locais de alto risco, prefira máscaras profissionais; para aquela ida rápida na padaria, mercado, pode usar uma de tecido.
Se você ficou com alguma dúvida, pode perguntar que irei tentar ajudar (até rimou! 😄). Mas, lembre-se, é MÁSCARA + Distanciamento físico + higienização. Não toque na frente da máscara, não abaixe no queixo, não use celular na rua (pq a gente esquece e toca na máscara depois).
Por fim, pense no coletivo! Siga a Rede @analise_covid19 para outras informações importantes!
Ah sim, quase esqueço: como guardar uma máscara N95 (não recomendo guardar as cirúrgicas)? 1º, tenha mais de uma (elas devem ser utilizadas por 4 a 6 horas). Leve com você um saquinho com 2 folhas de papel-toalha dentro. Na hora de trocar, coloque a máscara usada entre as folhas.
Ao chegar em casa, pegue a máscara pelas alças e coloque em local ventilado (de preferência que possa pegar sol por 1-2 horas). Depois, pode guardar novamente entre papéis ou em saquinho plástico. Reutilize por até 10 dias (vai depender de umidade, tempo de fala no uso, etc.).
Ainda tem essa questão dos países desenvolvidos desaconselharem o uso de máscaras de tecido em prol das profissionais, uma realidade possível p/ países ricos, com governantes atuando contra a COVID-19 (e não a favor dela...). Eu digo USE o MÁXIMO DE PROTEÇÃO que lhe for POSSÍVEL!
Esse artigo da Science Advances mostra que várias máscaras artesanais cumprem com o papel de barreira. Vou colar o gráfico aqui abaixo...
advances.sciencemag.org/content/6/36/e…
Comparem como as de poliéster + algodão e só algodão ainda protegem bem... Não há desculpa para não usar. pelo contrário, máscaras protegem!

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19 Jan
E se as variantes do Sars-CoV-2 chegassem em Hogwarts? redeaanalisecovid.wordpress.com/2021/01/18/e-s…
Os bruxos estão preocupados com a volta às aulas em Hogwarts depois do recesso escolar. Está complicado ir à escola através do Expresso Hogwarts. Na estação 9 3/4, os estudantes comentam com seus pais, bruxos ou trouxas, que estão cientes que precisam usar máscaras, até no trem..
Mas nunca usaram uma máscara antes! A Hermione fica avisando a todos que o professor Flitwick já havia ensinado o feitiço Idoneam persona (que faz surgir uma máscara que fica bem ajustada ao rosto) e falado de sua importância...
Read 18 tweets
13 Jan
Fiozinho para explicar esse artigo da Science sobre nanocorpos (estruturas engenheiradas por biotecnologia com função semelhante a de anticorpos) para bloquear o SARS-CoV-2 e suprimir o escape mutacional.
science.sciencemag.org/content/early/…
Primeiro, só para relembrar: imunização ativa é aquela oriunda da resposta a uma infecção ou obtida através da vacinação; imunização passiva é aquela proporcionada através do uso de anticorpos, que podem ser obtidos através do soro humano ou animal.
Essa última (passiva) é importante para os imunossuprimidos (ou, imunocomprometidos) que são as pessoas (incluindo crianças) para quem as vacinas algumas vezes não são efetivas.
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6 Jan
Pessoal, vou fazer um fio/texto assim que possível, mas não podia deixar de compartilhar essa ótima notícia, "quentinha" da Science de hoje! De 188 pacientes com COVID analisados, células B de memória foram mais abundantes aos 6 meses do que em 1 mês após o início dos sintomas.
E IgG presentes mesmo após 6 meses!
Read 7 tweets
3 Jan
Fiz esse fio para ajudar nos esclarecimentos desse artigo muito interessante da Science Advances sobre os fluxos de ar no interior dos automóveis e a transmissibilidade de doenças respiratórias.
advances.sciencemag.org/content/7/1/ea…
Já sabemos que a transmissão de doenças respiratórias altamente infecciosas, incluindo a COVID-19, é facilitada pelo transporte de gotículas exaladas e aerossóis que podem permanecer suspensos no ar por longos períodos de tempo.
Nós utilizamos automóveis para nos locomovermos, e muitas vezes compartilhamos com pessoas que não convivem conosco. É o caso dos táxis, carros por aplicativo e caronas. O interior de um carro cria um microclima que pode potencialmente aumentar a transmissão de patógenos.
Read 23 tweets
30 Dec 20
As perguntas que não querem calar quanto a COVID-19 e a tão sonhada imunidade: “quanto tempo estaremos protegidos do vírus através da imunização?” e “quem pegou a doença já está imune?” Siga o fio feito em parceria com a @mellziland! :)
Na biologia, a imunização corresponde à aquisição de proteção a um determinado agente infeccioso, criando uma resistência à doença causada por esse agente, através da estimulação de uma resposta imune!
Essa resposta pode ser dividida em 1) inata (não específica, também conhecida como nossa primeira linha de defesa) ou 2) adquirida (adaptativa, mais específica, acionada para se somar à inata) se houver necessidade de resposta mais específica.
Read 39 tweets
29 Oct 20
Ainda sobre a nitazoxanida, reportagem na Science de hoje. E, apesar de toda essa palhaçada e a vergonha mundial que estamos passando, eu quero agradecer aos colegas cientistas brasileiros sérios e a meus colegas da @analise_covid19, que analisaram o referido estudo (1)
e colocaram os "pingos nos is" sobre como se faz ciência de qualidade aqui no Brasil. Ciência exige método e modéstia, pois o conhecimento é transitório e relativo. Desconfie de alguém que diz ter certeza sobre A ou B. O nome disso é charlatanismo. (2)
Pontos importantes da reportagem sobre a avaliação clínica do fármaco:

"Uma carga viral mais baixa tem pouco significado se não faz o paciente se sentir melhor e é improvável que reduza a transmissão da doença 10 dias após o início dos sintomas. (3)
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