Quando se diz que novas variantes do coronavírus são mais infecciosos, mas talvez não mais letais, pensam "ufa!". Cuidado, não é bem assim. Maior velocidade de transmissão com a mesma letalidade é terrível e rapidamente mata mais que vírus pouco mais letal. E agora? Segue 👇
Nova variante P.1 de Manaus foi detectada em passageiros brasileiros que desembarcaram no Japão dia 2 de janeiro. Nesse dia, 21 óbitos de Covid no Amazonas (média móvel). Hoje sabemos que em dezembro nova variante já podia ser 52% das novas infecções. Mais alguns poucos dias e...
Mais alguns dias e a média de óbitos diários pularam da de 21 para 140, com recorde diário de registros em um dia de 192. O comportamento exponencial engana. A variante mais transmissível já dominava em dezembro, mas leva um tempo para a tendência exponencial ficar visível...
Resultado: Manaus registrou mais mortos em janeiro do que em todo 2020 somado. Essa matéria falava em 1.333 mortos em janeiro. Mas é da semana passada. No Amazonas morreram mais 1.000 pessoas só nos últimos 7 dias... Mas é pior do que parece...
Número de óbitos é o mais acompanhado da pandemia, mas é crítico o número de pessoas que precisam de atendimento hospitalar. Em média, para cada óbito covid há 5 pessoas precisando de atendimento. Um surto tão rápido de demanda hospitalar esgota a capacidade de *qualquer* cidade.
Depois que se perde o controle, o que é possível fazer? Não muito. Transferir pacientes é o desespero final. No ano passado, contágio começou nas capitais, depois foi para o interior. Foi possível transferir entre hospitais regionais. Hoje o covid já está em todos os municípios..
Como impedir? Só com prevenção e vacinas, não tem outro jeito. O que países sérios tem feito diante da ameaça das novas variantes?
1) Pedindo ou exigindo que as pessoas usem máscaras melhores
2) Restrições de movimento
3) Adaptação de vacinas

E nós? Estamos à mercê da sorte....
Mesmo após colapso de Manaus, Rondônia e outros sinais da variante, Ministério da Saúde não informa sobre riscos e não há estratégia. Governos estaduais desorientados, população confusa e cansada. Agora é se proteger como puder. Quando o problema ficar óbvio já será tarde demais.
Ah sim, outro exemplo dessa diferença é comparar a Covid-19 (mais transmissível) com a AIDS (mais letal).

No Brasil, Covid levou 10 meses para matar 222 mil pessoas.

AIDS, doença muito mais letal, levou 34 ANOS para matar 222 mil. É menos transmissível.

indicadores.aids.gov.br

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26 Jan
A imprensa precisa cobrar mais detalhes sobre essa tal "compra de 33 milhões de doses de vacina pelo setor privado", porque com as informações que temos a história está MUITO estranha e o governo precisa se explicar. Segue o fio 👇
www1.folha.uol.com.br/equilibrioesau…
Informações de fundo necessárias que todos precisam saber:
- Governo tem acordo com AstraZeneca (AZ) para compra de 100 milhões de doses
- Vacina da AZ é hoje a mais barata disponível no mundo (custa entre US$3 e U$5)
- AZ está com dificuldade de entrega até para a União Europeia
Vamos analisar. Aparentemente o governo enviou carta à AZ autorizando empresas privadas brasileiras a comprarem 33 milhões de doses. Mas o lote está saindo por US$23,79 cada dose, quase 5 vezes mais caro que o valor que o resto do mundo está pagando. Isso é muito estranho...
Read 15 tweets
26 Jan
Preço de vacinas: R$100 cada Pfizer, R$50 cada Coronavac, R$25 cada AstraZeneca. Qual vale mais a pena?

Tanto faz! O preço que governo paga por cada dose de vacina Covid é irrelevante. Não é exagero, é análise custo-benefício. Segue o fio que eu explico 👇
Para saber se uma vacina é "cara" ou "barata" não é suficiente comparar preço de uma com a outra. O custo de vacinas assim como outros tratamentos de saúde devem ser analisados em função dos benefícios potenciais que geram. E quais são esses benefícios?
Para simplificar, vamos dividir os benefícios das vacinas em três partes:

- Benefícios diretos - curto prazo
- Benefícios diretos - longo prazo, a valor presente
- Benefícios indiretos

Vamos começar pelos diretos 👇
Read 20 tweets
24 Jan
Governo Federal @govbr emitiu uma nota oficial "explicando" por que não fizeram acordo com a Pfizer. Segue ponto a ponto as mentiras, erros lógicos, falta de bom senso, omissões e crimes dessa grande FARSA dessa nota. Segue o fio👇
Logo de início somos brindados com uma hipocrisia sem igual. Governo alega que chegariam poucas doses com acordo da Pfizer e isso geraria frustração. Bem, É ÓBVIO que sem acordo teremos AINDA MENOS DOSES. É ridículo acharem que isso é motivo razoável!
gov.br/saude/pt-br/as…
Agora começa a nova das "cláusulas abusivas" que o governo tem reclamado sempre que pressionado. Vamos ver o que eles dizem...
Read 14 tweets
23 Jan
Reclama da cloroquina, mas acha que existe "alopatia". Estamos de olho.
Explicando: a divisão "homeopatia" vs "alopatia" foi inventada pelos homeopatas para tentar diferenciar "cura pelo semelhante" e "cura pelo oposto". Mas a medicina moderna nunca se baseou em "cura pelo oposto", o termo "alopatia" é completamente vazio de significado. 👇
Os dois princípios basilares da medicina moderna são éticos: o da beneficência (fazer o bem) e não-malevolência (procedimento não pode fazer mal injustificado ao paciente ou outros). Medicina Baseada em Evidência é só um jeito sistemático de descobrir o que faz bem e quanto.
Read 9 tweets
10 Jan
A história de laboratórios de vacinas Covid buscando não se responsabilizar por efeitos adversos deixou muitos com pé atrás. Parece suspeito, mas é só complexo. Escrevi longo texto no @JotaInfo explicando por que você não precisa se preocupar. Quer entender rápido? Segue o fio 👇
O 1º ponto a saber é que a não-responsabilização por efeitos adversos raros não é novidade das vacinas novas. Na verdade, essa regra já vigora para todas as vacinas em países desenvolvidos há décadas. Brasil, países pobres e em desenvolvimento é que ainda têm regulação antiga.
À primeira vista parece algo contra intuitivo ou até absurdo, porém há boas razões para ela existir. Vamos entender as razões para essa cláusula. Para isso precisaremos de um pouco de direito, economia, estatística e também de história.
Read 38 tweets
5 Jan
Em economia temos conceito de bem comum, que é um bem rival e não-excludente. Exemplo: vagas na rua. Vacinas não são bem comum porque são excludentes. Se elas não tivessem propriedade da exclusão, não conseguiríamos criar a lista de priorização que diz quem pode recebê-las antes.
Dizer que vacinas são bem comum provavelmente se deve a uma confusão com a saúde dos outros ser bem público (não-rival e não-excludente). Viver numa população imunizada contra uma doença traz benefícios individuais que são não-rivais e não é possível excluir alguém de recebê-los.
Isso explica, por ex, por que é tão difícil lidar com movimento antivacina. Eles recusam a vacina, mas pegam carona (free-ride) no bem público que a vacina gera que é a imunidade coletiva. Se esse comportamento se generaliza, acaba destruindo o bem público da imunidade coletiva.
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