"Eu não acredito na evolução, porque a Teoria da Evolução é SÓ uma teoria..."
Já passou da hora de entendermos a diferença entre o uso coloquial e o uso científico da palavra "Teoria".
Segue o fio de hoje...
Em debates da internet é muito comum ouvir esse tipo de frase, em especial de pessoas que negam algum aspecto científico.
Isso acontece em (falsos) debates sobre a "Teoria da evolução por seleção natural", a "Teoria da Relatividade" e até mesmo na "Teoria Heliocêntrica"
Na linguagem popular, "teoria" acaba sendo entendida como um conhecimento especulativo, de caráter hipotético. Em alguns casos, representa um conjunto sistemático de opiniões e ideias sobre um dado tema.
"Minha teoria é a de que o time de futebol X vai subir de série esse ano."
Nesse contexto, mistura-se "opinião", "hipótese" e "teoria" como quase sinônimos e termos livremente intercambiáveis.
Esse conceito de teoria é válido apenas para os "filósofos" e "cientistas" de boteco, acompanhados de uma cerveja gelada e umas fichas pra mesa de sinuca.
Na ciência, a palavra "Teoria" tem outro significa e peso. Sem ficar preso a definições muito técnicas, podemos dizer que Teorias são o maior nível de entendimento que temos sobre algo no mundo.
É um aspecto importantíssimo da Ciência.
Se você tem uma ideia de como algo funcione, você não tem uma teoria. Isso é uma hipótese. Deve ser testada e, mesmo que o seu experimento isolado a confirme, isso não a elevará imediatamente ao status de Teoria.
Uma Teoria explica coisas que já aconteceram, nos mostra o que está acontecendo nesse momento e tem poder de "prever" coisas que ainda não aconteceram.
Ou seja, não tem relação nenhuma com "especulação" ou "palpites"
Uma Teoria também é diferente de uma Lei. Leis científicas são sínteses que descrevem uma grande variedade de observações e resultados de experimentos. Já as teorias científicas explicam as observações e os resultados.
Ou seja, leis não estão em uma hierarquia acima de Teorias
Dizer que as ideias de uma teoria científica não são válidas "porque é apenas uma teoria", é um erro muito grande cometido por quem não conhece a Ciência.
Como tudo na Ciência, teorias podem ser confrontadas e modificadas. Mas certamente não com esse argumento de bar.
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"Você pode argumentar o quanto quiser. Mas se a natureza (mundo físico) não concordar com você, você está errado."
Essa frase do Neil DeGrasse Tyson mostra a importância do método científico para diferenciar "verdades objetivas" de "verdades pessoais" (subjetivas)
Segue o fio.
"Você pode continuar acreditando no que quiser enquanto verdade pessoal" - ele continua - "mas a sua crença não faz com que isso se torne uma verdade objetiva."
Para estabelecer verdades objetivas precisamos testar ideias, usando o método científico.
Veja o exemplo do Neil:
Situação corriqueira: 1. Observação: Meu carro não liga. 2. Pergunta: A bateria descarregou? 3. Hipótese: Se a bateria descarregou, se eu carregá-la o carro vai ligar. 4. Experimento: Carrega-se a bateria 5. Resultado: O carro ligou 6. Conclusão: A bateria estava descarregada.
Hoje quero convidar vocês a valorizarem um dos mais importantes instrumentos de justiça social já produzido no Brasil: o Sistema Único de Saúde.
Mesmo em meio a crises e a seu constante subfinanciamento, o maior sistema de saúde do mundo promove inclusão social e contribui com o aumento da longevidade e qualidade de vida da população, beneficiando a todos, mesmo aqueles que acreditam nunca terem usufruído de seus serviços
Em meio a pandemia, devemos lembrar que fazem parte do SUS os centros e "postos" de saúde, hospitais, laboratórios, hemocentros, bancos de sangue, além de institutos de pesquisa como a Fundação Oswaldo Cruz. E isso é só a ponta do Iceberg. Você vai ser vacinado graças ao SUS.
O Coronavírus está no ar - há muito foco nas superfícies. Infectar-se pelo coronavírus a partir das superfícies é raro. A Organização Mundial da Saúde e as agências nacionais de saúde pública precisam esclarecer seus conselhos.
Este é o início do editorial da Nature do dia 02/02
Antes que alguém venha dizer que eu estou sendo irresponsável e falando que não precisa mais usar álcool em gel ou desinfetar superfícies, deixa eu esclarecer o que diz o editorial:
- É plausível que pessoas se contaminem por superfícies, mas o risco real é a contaminação PELO AR
E por que é importante falarmos sobre isso?
Porque vejo muita gente altamente preocupada em ficar limpando tudo, passando álcool o dia todo e não usando corretamente a máscara, não mantendo distanciamento e não ventilando adequadamente os ambientes.
Hoje fui fazer alguns ajustes ergonômicos na minha bike, com o @CarlosPitrosky . Enquanto o Carlos fazia as diversas medidas antropométricas, as medidas na bike e observava as angulações da minha postura e movimentos, pensei em como isso se relacionava com as vacinas pra COVID-19
- Tá maluco, André?
Na verdade, me veio à cabeça que a ciência é de fato algo para ser usada no dia a dia. Na minha cabeça de ciclista iniciante, pra pedalar bastaria apenas subir em uma boa bicicleta com freios em dia e pneu calibrado.
Mas após observar um pouco da biodinâmica envolvida em tudo isso, foi possível entender por que meu joelho e meus pulsos doíam. Os ajustes deixaram a bike bem mais confortável e com melhor rendimento.
Quando afirmo a necessidade de ensaios clínicos randomizados (inclusive durante a pandemia) para demonstrar eficácia de medicamentos, eu ouço:
"André, é antiético usar placebo em um dos grupos". Ou "É antiético ficar parado e 'deixar o paciente morrer' ".
Será? Segue o fio..
Existe uma confusão enorme aí. A primeira é que assumiu-se ARBITRARIAMENTE que certos medicamentos funcionam. Ou seja, mesmo sem demonstração de eficácia, disseminou-se que ivermectina ou hidroxicloroquina eram eficazes. E já sabemos que isso é a inversão do método científico.
Como no imaginário popular do senso comum (que inclui muito profissionais da saúde 😢) foi popularizada a hipótese de que esses medicamentos funcionam, criou-se a falsa sensação de que fazer estudos com placebo ou não utilizar esses medicamentos na prática médica seria antiético.